MST realiza ato em defesa da reforma Agrária em São Paulo

Atividade acontece nesta quarta-feira, 17 de abril, e marca os 23 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás (PA)

 

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Da Página do MST

O MST em São Paulo realiza agora de manhã, às 10h, o ato em Defesa da Reforma Agrária. A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, que se estenderá até o mês de maio, mostrando para a sociedade que existe muito latifúndio improdutivo, sem cumprir com sua função social e nas mãos de políticos corruptos que fazem o discurso da não Reforma Agrária.
 

A Reforma Agrária é uma questão social e de desenvolvimento econômico do campo brasileiro, voltado à defesa ambiental e à farta produção de alimentação diversa e saudável. O Brasil é um dos países em que a terra está mais concentrada nas mãos de poucos, resultando em desigualdade social e fome e atingindo e a vida de milhares de pessoas. Além de ser uma luta legítima, a Reforma Agrária é um direito Constitucional.
 

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Faixas e gritos de luta marcam ato
em São Paulo. Foto: divulgação

As políticas de Reforma Agrária que já vinham sofrendo retrocessos ao longo dos anos, principalmente após o golpe de 2016, mas agora estão sendo praticamente extintas no governo Bolsonaro. Na Lei Orçamentaria Anual para 2019, destaca-se a interrupção de orçamentos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Além disso, o governo pretende  realizar desmanches na organização fundiária; Assistência Técnica e Extensão Rural e ,o apoio à organização econômica e promoção da cidadania das mulheres camponesas, todos orçamentos que existiam até 2018.
 

“O Estado brasileiro se torna criminoso ao suspender a política de Reforma Agrária, como fez recentemente o presidente nacional do Incra, o general Jesus Correa. Lembramos que o INCRA não é um quartel, é uma autarquia que deve prestar contas à sociedade brasileira, pois são funcionários do povo e não dos seus interesses individuais ou de um grupo político”, afirma Delwek Matheus, da coordenação nacional do MST.
 

Outro dado alarmante é a liberação desenfreada dos agrotóxicos. Em dois meses de governo Bolsonaro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a autorização de 86 novos produtos elaborados com agrotóxicos, em média, 1,6 por dia. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. E, segundo o Atlas do Agronegócio, os herbicidas à base de glifosato, usados nas lavouras transgênicas, respondem por mais da metade de todo o veneno usado na agricultura brasileira.
 

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Faixas e gritos de luta marcam ato
em São Paulo. Foto: reprodução

O envenenamento não se restringe ao campo. Estudo divulgado nesta segunda-feira (15) pelo site Por Trás do Alimento, a partir de dados do Ministério da Saúde, aponta que a água que abastece 1 em cada 4 cidades brasileiras está contaminada por um “coquetel tóxico” de 27 pesticidas. Destes, 16 são classificados como altamente tóxicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e 11 associados à doenças como câncer, disfunções hormonais, doenças crônicas e malformação fetal. O estado de São Paulo é o recordista nacional de contaminação da água por agrotóxicos, reunindo mais de 500 cidades com todos os 27 pesticidas identificados.
 

Em contraponto a esse modelo que envenena e mata, o MST se propõe a construir uma agricultura livre de agrotóxicos fomentando a produção de alimentos saudáveis para toda a população brasileira. Atualmente, o MST organiza sete principais cadeias produtivas: feijão, arroz, leite, café, sucos, sementes e mel. Além disso, realiza feiras da Reforma Agrária em todo Brasil. Atualmente, são 17 feiras estaduais espalhadas por todo o país, além da feira nacional que acontece anualmente na capital paulista.
 

No estado de São Paulo, semanalmente são realizadas feiras locais em 22 municípios, entre eles  Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José dos Campos e Sorocaba. Também são realizadas mensalmente em municípios como Marília e São José do Rio Preto. Além disso, há práticas de vendas de produtos diretamente ao consumidor através das Cestas da Reforma Agrária. Semanalmente são entregues em torno de 300 cestas em diversos pontos do estado.

“No estado de São Paulo somos 22 mil famílias assentadas e cerca de 5 mil famílias acampadas. Não desistiremos da nossa luta, pois ela é baseada num sonho de ter trabalho, casa e comida. Lutar é um direito e todas as formas de associação livre estão garantidas na Constituição, por isso defendemos a legitimidade dos movimentos populares e certamente sem eles, não haveria nenhum assentamento no nosso país e a determinação de realização legal da Reforma Agrária se tornaria letra morta”, enfatiza Matheus.
 

O MST também encampa a luta por Lula Livre. O atual governo ganhou as eleições cercando-se de mentiras e impedindo a participação de Lula no pleito. Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito para cumprir uma agenda neoliberal perversa e para manter os privilégios dos que historicamente saquearam o país e atacaram os direitos da classe trabalhadora. Diante disso, somos solidários e lutaremos sempre pela liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, cuja prisão desrespeita a Constituição e a vontade do povo brasileiro.
 

A luta por liberdade se estende aos presos políticos do MST. Atualmente, três militantes do Movimento Sem Terra de São Paulo estão privados de sua liberdade simplesmente por lutarem por Reforma Agrária e por uma sociedade mais justa. Lutar não é crime! Seguiremos adiante até que todos e todas sejamos verdadeiramente livres.
 

Massacre de Eldorado de Carajás
 

A Jornada Nacional de Lutas é realizada em memória ao Massacre de Eldorado dos Carajás. Em 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás, no sul do estado do Pará, a Polícia Militar do Estado, enviada para desobstruir a rodovia BR 150, promoveu um massacre contra camponeses do MST. Foram 21 pessoas mortas. Os responsáveis políticos na época, o então governador Almir Gabriel (que ordenou a desobstrução da rodovia) e o secretário de Segurança Pública, Paulo Câmara (que autorizou o uso da força policial), nunca foram processados. Dos 144 policiais levados ao banco dos réus, apenas dois foram condenados. Para que massacres como esse não mais aconteça e para que a impunidade não prevaleça, seguimos em luta.
 

Serviço
Ato em Defesa da Reforma Agrária
Data: 17 de abril de 2019
Horário: 10 horas
Local: Em frente à Superintendência Regional do Incra – R. Dr. Brasilio Machado, 203 – Santa Cecilia
Contato: 15.99834-7820