Agroecologia e educação do campo como estratégia de luta e organização popular

Seminário em São Paulo estabelece calendário para ações de luta e organização popular na região
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III Seminário de educação do campo, no assentamento Prof. Luiz David de Macedo (SP)

Por Coletivo de Comunicação MST/SP
Da Página do MST

Entre os dias 23 a 25 de agosto aconteceu o III Seminário de educação do campo, no assentamento Prof. Luiz David de Macedo, localizado no município de Apiaí na região do Vale do Ribeira (SP).

O tema central do debate foi: “A agroecologia como estratégia para a educação do campo”, e a programação abordou a conjuntura agrária e da educação do campo com relatos das experiências de educação na região do Vale do Ribeira (indígenas, quilombolas, sem terras, pescadores e caiçaras).

O evento contou com a participação de 120 pessoas de diferentes organizações, tais como o MST, o Comitê de Educação do Campo do Vale do Ribeira PR/SP, representantes do Curso de Licenciatura em Educação do Campo com Especialização em Ciências da Natureza, o Coletivo de Educadores Populares do Vale do Ribeira, o MAB, o Coletivo Quinze de Outubro – Educadoras e Educadores, a Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras do Vale do Ribeira (EAACONE) e o Movimento dos Ameaçados por Barragens do Vale do Ribeira (MOAB).

 

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Helder dos Santos Oliveira, do Coletivo
Quinze de Outubro

Para Helder dos Santos Oliveira, do Coletivo Quinze de outubro, este espaço é resultado do encontro das questões em comum dos povos e educadores/as populares que veem na educação do campo uma brecha para avançar na relação da luta e organização popular.

“Elaboramos o primeiro seminário que foi na Jureia Iguape, fizemos parceria com a Universidade do Paraná e o segundo encontro foi no Vale do Ribeira paranaense, na cidade de Adrianópolis e hoje estamos aqui no terceiro encontro que é resultando da união de povos comunidades tradicionais e movimentos sociais que vem fortalecendo a luta educacional”, afirmou.

A programação também contou com oficinas de construção de projetos político pedagógicos e de agroecologia. Além de intervenções artísticas e troca de sementes, o Seminário vem se constituindo em um importante espaço de articulação dos povos tradicionais do campo, águas e florestas da região do Vale do Ribeira, bem como de resistência aos diversos ataques oriundos do agronegócio, mineração e especulação imobiliária na região.

Segundo a professora da Universidade Federal do Paraná, Maria Isabel, há cinco anos que esse grupo vem construindo o processo da licenciatura em educação do campo no Vale do Ribeira paulista e paranaense, e espaços como estes só colocam mais desafios para serem encarados no cotidiano.

 

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Ciranda realizada durante o evento

“Nós temos esse desafio de avançar na construção de proposta pedagógica das escolas e olhar para o Vale como um potencial. Temos muitos estudantes da região que tem frequentado o curso, e é fundamental articular essa discussão, esse movimento. Saímos daqui já pensando em um encontro em outubro, com algumas escolas para pensar os fundamentos e concepções de educação do campo”.  

Além desses elementos, o encontro possibilitou construir um calendário para ações de luta e organização popular na região, com a aprovação de uma carta assinada por todos os participantes presentes. 
Entre as diversas ações propostas, a carta afirma sobretudo a necessidade de:
 

– fortalecer a união e integração dos povos originários, comunidades tradicionais, populações camponesas e movimentos sociais do Vale do Ribeira;

– a sistematização de experiências educacionais que apontam para a transformação social, superando o modelo de educação bancária e mercantil;

– o fortalecimento a identidade das populações do campo através da manutenção e retomada dos territórios;

– valorizar os produtos agroecológicos e saudáveis, tanto na produção como na alimentação, como na ampliação do conhecimento das PANCs;

– reconhecer que sistemas agroflorestais são viáveis economicamente, dadas diversas experiências em curso;

– respeitar o conhecimentos tradicionais e a cultura popular, sem desconsiderar a produção científica e o conhecimentos universal;

– e trabalhar cotidianamente na prática, produzindo teoria para transformação de uma sociedade excludente para uma sociedade radicalmente democrática.

Editado por Fernanda Alcântara