18ª Jornada de Agroecologia traz feira e shows para Curitiba, de quinta a domingo

O reitor de UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, e a atriz Guta Stresser participam da abertura do evento na noite desta quinta-feira
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Tudo pronto para o início da 18ª Jornada de Agroecologia – Fotos: Leandro Taques

 

Da Página do MST
 

Curitiba recebe a partir desta quinta-feira (29) a 18ª Jornada de Agroecologia, um dos maiores eventos de incentivo às práticas agroecológicas no Brasil. O evento vai até domingo com programação simultânea na Praça Santos Andrade, na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Praça Generoso Marques, no Centro da Capital. O reitor de UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, e a atriz Guta Stresser participam da abertura do evento, a partir das 18h30 desta quinta-feira, no Teatro da Reitoria.
 

Ao todo, 69 entidades participam da organização do evento, entre elas setores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a Terra de Direitos, o Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 
 

Armelindo Rosa da Maia, integrante da coordenação da Jornada e da Cooperativa de Produção e Comercialização da Reforma Agrária e Agricultura Familiar de Cascavel (Copcraf), avalia que a Jornada acontece num momento da sociedade brasileira “está vivendo um caos”, com a liberação exacerbada de agrotóxicos, incêndios criminosos na Amazônia e retrocesso em políticas ambientais e sociais. 
 

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“A nossa expectativa é muito grande, de fazer o contraponto, fazer essa denúncia e esse debate com a sociedade e apresentar que os camponeses e camponesas estão construindo e tomando a iniciativa da produção agroecológica. Queremos mostrar para a sociedade o esforço que temos em defender a vida, a natureza, produzir alimentos saudáveis”, diz o agricultor. 

Cerca de 100 grupos de produção, vindos de seis diferentes estados, fazem parte da Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular e Culinária da Terra na Praça Santos Andrade. Entre as dezenas de barracas, estarão 12 coletivos que servirão pratos típicos no espaço “Culinária da Terra”. A diversidade de bebidas e pratos garante refeições saborosas ao longo de todo o dia e a preços populares.

No mesmo local, os artistas Odair José, Tulipa Ruiz e Lirinha farão shows gratuitos, como parte da programação cultural, com 25 apresentações e mais de 140 artistas.
 

O Pátio da Reitoria receberá o Túnel do Tempo, que nesta edição terá como tema “História da luta pela terra e a construção da soberania popular no Brasil”. A ação já é uma marca da Jornada e se caracteriza como um museu popular e interativo, organizado por estudantes e professores de escolas do campo. Além do conteúdo educativo e histórico, o Túnel é uma oportunidade de encontro entre estudantes do campo e da cidade.
 

A Praça Generoso Marques, em frente ao Paço da Liberdade, será o local de uma experiência nova da Jornada, o espaço “Conhecimento em Movimento: na rua pela educação pública”. Ali serão expostos 32 projetos de extensão e pesquisa universitária. A editora Expressão Popular também fará o lançamento de 7 livros. Ocorrerão, ainda, palestras e oficinas no local.  
 

Agrotóxicos usados no Brasil 

A versão em português do relatório “Lucros altamente perigosos”, elaborado pela ONG Suíça Public Eye, será lançada pela FASE e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida nesta quinta-feira (29), às 15h, como parte da programação da Jornada. Segundo a pesquisa, dos 120 ingredientes ativos de agrotóxicos produzidos pela empresa Syngenta, 51 não estão autorizados em seu país de origem, a Suíça; 16 deles foram banidos devido ao impacto à saúde humana e ao meio ambiente.
 

O lançamento vai ocorrer durante a aula pública “O envenenamento do povo brasileiro – impactos dos agrotóxicos à saúde”, que terá a presença do médico Wanderlei Pignati, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que pesquisa os impactos do uso dos agrotóxicos, e de Francileia Paula de Castro, agrônoma e educadora da FASE, que também integra a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

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Agroecologia, educação pública e soberania nacional 
 

Além da defesa da agroecologia e denúncia contra o modelo do agronegócio, a 18ª edição tem como temas transversais a defesa da Educação Pública e da Soberania Nacionais, ambas sob forte ataque por parte do governo federal. 

Na sexta-feira, a partir das 8h30, a conferência “A ciência, as sementes e o alimento na construção do Projeto Popular e Soberano para a Agricultura”, com palestras de Leonardo Melgarejo, vice-presidente para a Região Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Janete Rosane Fabro, coordenadora da Rede Ecovida de agroecologia pelo Estado do Paraná e Armelindo da Rosa, Dirigente do sistema cooperativista da reforma agrária no Paraná.
 

Na 18h30 do mesmo dia, vai ocorrer uma aula pública em defesa da educação, que tem como convidados: Carlos Abicail, ex-presidente da Confederação Nacional dos Profissionais em Educação (CNTE), Valério Arcary, professor do IFSP e Débora Castro, Diretora da UNE, além de artistas. No sábado (31), a conferência “O Brasil é dos Brasileiros: Pré-lançamento do movimento pela Soberania Nacional e Popular” vai reunir representantes de organizações e movimentos em defesa da soberania.
 

O que é agroecologia
 

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A agroecologia é um conceito que envolve a produção de alimentos a partir de uma matriz oposta ao agronegócio, sem utilização de agrotóxicos nem transgenia, e com cultivo diversificado e preservação da biodiversidade, da terra e de todos os seres vivos. 
 

Essa forma de agricultura carrega os saberes populares dos povos originários e comunidades tradicionais e segue agregando tecnologias, conceitos e saberes da humanidade, em permanente movimento. A agroecologia propõe relações humanas igualitárias e sem discriminação, com o cultivo de novos valores, pelo fim de todas as formas de opressão. 
 

Números gerais da 18ª edição da Jornada 
 

– 69 entidades participam da organização do evento. 

– Cerca de 100 coletivos de produtores participarão da Feira. 

– 25 apresentações culturais confirmadas, envolvendo 140 artistas.

– 32 projetos de extensão e pesquisa de universidades públicas inscritos para expor no espaço Conhecimento em Movimento. 

– 7 lançamentos de livros.

– 12 coletivos no espaço “Culinária da Terra”, com pratos típicos e alimentos naturais. 

– 24 caravanas do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, e do Paraguai. 

Locais e horários

Praça Santos Andrade

Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular e Culinária da Terra

Dia 29/08, das 10h às 20h

Dias 30 e 31/08, das 8h às 20h

Dia 1º/09, das 8h às 16h 
 

Pátio da Reitoria da UFPR 

Túnel do Tempo: História da luta pela terra e a construção da soberania popular no Brasil

Dia 29/08, das 11h às 20h 

Dias 30 e 31/08, das 8h às 20h

Praça Generoso Marques, em frente ao Paço da Liberdade

Espaço Conhecimento em Movimento: na rua pela educação pública

Dias 30 e 31/08, das 8h às 20h