18ª Jornada de Agroecologia comercializa 18 toneladas de alimentos em Curitiba

Em meio à diversidade de barracas da Feira estavam mais 100 grupos de produção
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Diversidade de barracas chamou a atenção do público. Foto: Joka Madruga

Por Ednubia Ghisi 
Da Página do MST

 

O movimento intenso de visitantes e o ambiente emocionante de vários momentos da programação davam sinais dos resultados positivos da 18ª Jornada de Agroecologia, realizada entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro, no Centro de Curitiba. No balanço final dos quatro dias, os números expressivos comprovam as conquistas desta edição. 
 

O saldo da comercialização de alimentos na Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular e Culinária da Terra chegou a 18 toneladas – 15 vindas de produtores de áreas da reforma agrária e 3 da agricultura familiar. 
 

Em meio à diversidade de barracas, espalhadas por toda a extensão da Praça Santos Andrade, estavam mais 100 grupos de produção. Entre eles 12 cooperativas, 2 associações, 21 assentamentos e 7 acampamentos da reforma agrária. Ainda com produtos da reforma agrária, as lojas do Armazém do Campo de São Paulo e Minas Gerais estavam presentes na Feira. Também estiveram presentes 45 empreendimentos coletivos e familiares, associações, editoras de livros, grupos indígenas e da economia solidária. A Culinária da Terra reuniu 14 grupos que trouxeram pratos típicos do estado. 
 

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Foto: Joka Madruga

Quando o assunto é cultura, a Jornada cresce a cada ano. Entre shows musicais, peças de teatro e dança, foram 25 apresentações culturais oferecidas gratuitamente, com envolvimento direto de cerca de 140 artistas. 

No Túnel do Tempo, o museu popular montado pela Jornada de Agroecologia todos os anos, crianças e adolescentes de escolas e colégios do campo contaram a história da luta pela terra e a construção da soberania popular no Brasil. A instalação ocupou o pátio da reitoria da UFPR, e não foram raros os momentos em que se formaram filas de visitantes para o lado de fora. Em três dias de funcionamento, cerca de 2700 pessoas passaram pelo Túnel. 
 

A Praça Generoso Marques, em frente ao Paço da Liberdade, recebeu uma experiência nova da Jornada, o espaço “Conhecimento em Movimento: na rua pela educação pública”. Ali foram expostos 32 projetos de extensão e pesquisa universitária de universidades públicas. Também foram realizados seminários, oficinas e apresentações artísticas.  
 

Para além das milhares de pessoas que circularam nos espaços da Jornada, estavam presentes 24 caravanas vindas do interior do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e do Paraguai. Para realizar esta edição, 69 entidades e movimentos sociais participaram da organização. 

Raízes na cidade
 
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Foto: Joka Madruga

“O balanço é altamente positivo. A jornada chegou na cidade e está se enraizando com uma centena de iniciativas nas áreas da saúde, da educação, da cultura, do alimento, da troca de experiências, da partilha. Essa grandiosidade é que dá vigor para seguirmos na luta”, avalia Roberto Baggio, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e integrante da organização da Jornada.  

Ao avaliar a trajetória da Jornada ao longo dessas 18 edições, Baggio é otimista: “Nós estamos no caminho certo. Nós temos um ideário do que queremos e que se materializou em ações práticas. Essas ações vão criando raízes profundas para construir um projeto popular para o Brasil, não só para a agricultura, e em solidariedade com os povos latino americanos”. 
 

Para Naiara Bittencourt, advogada popular da Terra de Direitos e integrante da organização da Jornada, a amplitude do evento tornou-se ainda mais relevante por ter ocorrido em Curitiba, sede da Lava Jato, operação que culminou no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, na prisão do presidente Lula e, por consequência, na eleição do Bolsonaro. 
 

“Aqui a gente mostra que é possível ter diversidade, é possível ter alimentos saudáveis, unidade, respeitar a democracia. A gente ocupou as praças justamente com esse projeto que é agroecológico que respeita o ser humano, respeita às relações de trabalho e o meio ambiente”, diz a advogada. 

*Editado por Fernanda Alcântara