Assentamento PDS Osvaldo de Oliveira é referência na produção de feijão agroecológico

Mesmo com ameaça de despejo, famílias realizam colheita em mais de 4 hectares de terra
59b1fc06-2361-474e-b8bc-0e205d5a64d5.jpeg
A produção é totalmente agroecológica e coletiva. Foto: Divulgação MST 
 
 
Por Coletivo de Comunicação do MST no Rio de Janeiro
Da Página do MST
 
Cerca de 30 pessoas participaram na última quarta-feira (2), da colheita do feijão agroecológico do assentamento Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Osvaldo de Oliveira, localizado em Macaé, no interior do Rio de Janeiro.
 
O feijão é cultivado desde o mês de julho pelas famílias do assentamento. Apesar do atraso no plantio, que deveria acontecer no mês de maio, as famílias têm muita expectativa na safra de 2019.
 
O PDS Osvaldo de Oliveira está sob ameaça de despejo e as famílias seguem em resistência. A liminar foi determinada pelo Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro (TRF-RJ) em agosto deste ano.
 
 
Parcerias
 
Desde 2016, as famílias realizam parceria com a Secretaria Municipal de Agroeconomia para a produção do feijão agroecológico. Neste ano foi concluída a terceira experiência fruto dessa parceria, que apresenta bons resultados em relação à produtividade. A primeira experiência rendeu a colheita de três toneladas de feijão, em aproximadamente 1,5 hectares. 
 
A produção é totalmente agroecológica e coletiva, somente em 2019 já; “foram plantados quatro hectares e meio de feijão, com produtos orgânicos e sem agrotóxicos”, explica André Luiz, da secretaria de agroeconomia.
 
As sementes para o plantio foram cedidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro) de Campos dos Goytacazes, que resultou no plantio de quatro variedades de feijão preto desenvolvidas pela Embrapa, sendo elas: BR Xodó, BRF Esteio, BRF E 403 e BRF Esplendor. 
 
46388c4c-2a7c-4c63-98c4-879c3d426c68.jpeg
Foto: Divulgação MST 
Segundo o pesquisador da Pesagro, Benedito Fernandes: “as sementes de feijão preto plantadas no assentamento de Macaé são as melhores que há no Brasil disponibilizadas pela Embrapa. Agora, vamos esperar a colheita e até armazenar sementes já pensando no próximo período de plantio”, conta animado. 
 
Cooperação internacionalista
 
O trabalho coletivo desenvolvido entorno da produção do feijão agroecológico também contou com participação internacional. A atividade da primeira limpeza da área para o plantio foi concomitante ao Chantier, intercâmbio que reuniu cerca de dez jovens estudantes da França e da Espanha. Os intercambistas participaram do plantio consorciado de milho, abóbora e melancia. 
 
“Ao interagir com as famílias nas suas plantações pude constatar a diversidade das práticas agrícolas. O trabalho realizado no PDS é uma profunda fonte de motivação para a futura técnica que vou ser”, relata Emma Le Lin, intercambista francesa.
 
Ainda sobre o desenvolvimento da agroecologia no PDS, Emma afirma que para: “fazer evoluir as práticas agrícolas ao preservar a natureza não é apenas uma problemática local, ela precisa ser global. E o trabalho feito aqui é uma fonte de esperança e inspiração para todos nós”.
 
Semeando resistência!

O feijão do PDS também foi alimento para as Sem Terra do Encontro Estadual das Mulheres Sem Terra,  realizado entre os dias 4 e 6 de outubro, em Macaé, na sede do Sindicato dos Petroleiros-NF.

 
A atividade, que também reuniu mulheres de outros movimentos e organizações, serviu de preparatória para o I Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, que acontecerá em Brasília.
 
 
*Editado por Maura Silva