Feira de Livros da Expressão Popular em São Paulo fortalece a batalha das ideias

Evento, que reúne mais de 8 mil publicações de 48 editoras e lançamentos, é parte da programação realizada em 17 estados

Visitantes
 

A atriz Chris Couto, que passava pelo Armazém do Campo, aproveitou para visitar a Feira do Livro e reafirmou a importância de se buscar informações nesse momento de crescimento das ações contra a cultura e a educação. “O que podemos fazer é não parar de se informar, estudar e ir atrás das informações corretas”, disse.

Já o educador Paulo Inácio Alves de Araújo Coelho ressaltou a importância dos professores estimularem o hábito de leitura nos alunos. “Eu me preocupo com a falta de estímulo por parte dos educadores para fazer com que as crianças, jovens, adolescentes e adultos se interessem por livros. Acredito que seja necessário mais políticas de incentivo e acesso. Como querem que o povo leia se o próprio educador não estimula?”, questiona.

“Iemanjá, a deusa do mar”

Sobrevivente da ditadura, a artista plástica e autora Marlene Crespo lançou o livro “Iemanjá, a deusa do mar”, durante a Ação Literária. “Essa edição está viva e isso me agrada muito”, declarou.

Aos 86 anos, Marlene autografou exemplares e revelou a alegria de comemorar 20 anos da Expressão Popular. “Foi um lançamento muito gostoso, diferente do que costuma ser”, afirma.

Animada, a autora antecipou que prepara um novo livro pela editora contando as verdadeiras memórias da infância.
 

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Sobrevivente da ditadura, a artista plástica Marlene Crespo lançou seu livro durante a Ação Literária / Foto: Claudio Kbene

As publicações de Marlene dialogam com a intenção da Expressão de valorizar o direito à literatura desde a infância. “O lançamento da Marlene Crespo significa a retomada desse direito. Ela traz uma narrativa poética sobre Iemanjá que, para nós, representa o direito à liberdade religiosa, de conhecer a história afrodescendente e da mulher ser livre”, explica a jornalista Cecília Luedemann, responsável pela divulgação na editora.

Segundo Luedman, a ação também realiza uma campanha conjunta com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pelo direito à literatura nas escolas do campo. “A Ação Literária também tem atividades de solidariedade, quem vem aqui compra um livro pros seus filhos e para outras crianças brasileiras do campo”, acrescenta.

A pedagoga Inaiá Araújo divertiu e educou crianças narrando também uma história sobre Iemanjá durante a contação da história “Ubuntu”. “Narrar história é uma memória. A criança aceita, adora e quer ouvir de novo. Pensar em intolerância religiosa está justamente em não conhecer. É legal entender a história e a origem dessas outras religiões”, define.
 

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Crianças aprenderam sobre Iemanjá no espaço de contação da história “Ubuntu” / Foto: Claudio Kbene

Livros pelo Brasil

Iniciada na última segunda-feira (7), a Ação Literária da Expressão Popular conta com mais de 70 atividade em 17 estados brasileiros, e vai até domingo (13), no Armazém do Campo, que fica na Alameda Eduardo Prado, 499 – Campos Elíseos, São Paulo.
 

“É um esforço muito grande, mas o resultado foi muito positivo. Ter nossas ideias debatidas no Brasil todo e mostrar a importância do estudo para essa conjuntura e a importância de se fortalecer na batalha das ideias para enfrentar tudo isso que estamos vivendo”, salienta Miguel.

*Edição: Cecília Figueiredo