Regional Sudoeste (SP) realiza mais um Encontro Sem Terrinha

Com o lema “Cuidar da Casa Comum”, atividade reuniu 270 crianças das escolas do campo, assentamentos e acampamentos da região
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Encontro foi realizado na última sexta-feira (25), na regional Sudoeste (SP). Foto: Luiz Valcazaras

Por Coletivo de Comunicação MST/SP (com a colaboração das crianças participantes da oficina de rádio)
Da Página do MST

 

“Eu vou voltar para o próximo encontro”. As palavras da Sem Terrinha Elloá Lohana, de 7 anos, expressam o sentimento dos participantes do Encontro Regional das Crianças Sem Terrinha, realizado na última sexta-feira (25), na regional Sudoeste (SP). Mais uma vez, a sede regional do MST, localizada no assentamento Pirituba, recebeu cerca de 270 crianças vindas dos assentamentos, acampamentos e escolas da região.
 

O encontro regional acontece há mais de 20 anos, mas a parceria com as escolas vem sendo construída há aproximadamente oito anos, conforme explica Lurdes Sanchez, da direção regional do MST e educadora da Escola Municipal Terezinha de Moura Rodrigues Gomes, localizada na Agrovila 1 (assentamento Pirituba).
 

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O encontro regional acontece há mais de 20 anos
Foto: Andreas Matheus/ Comunicação MST-SP

“O Encontro Sem Terrinha sempre foi uma atividade construída pelo MST, mas faz mais ou menos uns oito anos que estamos discutindo e organizando junto com as escolas que estão dentro dos assentamentos da região. Neste ano, o MST convidou as gestoras das escolas para uma reunião na qual oficializamos o convite e apresentamos a proposta de construção conjunta da atividade. Além das escolas que estão dentro dos assentamentos, algumas escolas de bairros vizinhos também toparam a proposta e assim conseguimos construir esse encontro lindo”.
 

Participaram da atividade crianças das escolas localizadas no assentamento Pirituba, na EM Franco Montoro e EM Terezinha de Moura Rodrigues Gomes (Agrovila 1) e EE. Agrovila III (Agrovila 3), as escolas EE. Engenheiro Maia I e Engenheiro Maia II, localizadas no bairro Engenheiro Maia (Itaberá), EM do Campo Messias Sodré, situada no Bairro Pedra Branca (Itararé) e EE. Maria Tereza, do município de Itaberá, além das crianças do PDS Luiz David Macedo e Acampamento Ilda Martins (Apiaí).
 

Em entrevista para a Sem Terrinha Gabrielly, durante a oficina de rádio, Sanchez falou sobre o objetivo do encontro.
 

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Foto: Andreas Matheus/ Comunicação MST-SP

“O objetivo principal é que as crianças que estão nos assentamentos e as que são das escolas de bairros que também estão no campo se identifiquem como crianças do campo, que aqui é um lugar bom de se viver e muito bom onde se estudar. O encontro é também um momento para pedir que as escolas que estão nos nossos assentamentos e no campo sejam escolas boas e de qualidade. E tem outra coisa também: estamos aqui com crianças de sete escolas, então outro objetivo é que as crianças dessas escolas se conheçam.”
 

Cuidar da Casa Comum
 

Durante a abertura da atividade, entre músicas e palavras de ordem, a coordenação explicou aos participantes o lema deste ano, proposto a partir do cenário de desrespeito à floresta e suas comunidades tradicionais.
 

“Essa casa comum é o nosso planeta, onde todos precisamos viver. Se não cuidarmos dele, esse planeta está correndo grande risco e cada vez vai ser mais difícil de morar nele. Por isso, no nosso encontro queremos que as crianças sem terrinha ajudem e façam ações para preservar o nosso meio ambiente, a nossa casa comum”.
 

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Foto: Luiz Valcazaras

Como preparação dessas “ações”, as crianças participaram de diversas oficinas relacionadas ao tema do meio ambiente, como preparação de iscas para abelhas sem ferrão (as conhecidas Jataí), minhocário, sabonetes fitoterápicos (que foram distribuídos a todos os participantes do encontro), construção de placas de identificação e conscientização e teatro (com o tema da preservação da natureza).
 

Ao final da atividade foram plantadas mudas de árvores nativas e ornamentais dando início à construção do “Bosque das Crianças Sem Terrinha”.

Educação do Campo
 

O Encontro Sem Terrinha já faz parte do calendário das escolas municipais Franco Montoro e Terezinha de Moura Rodrigues Gomes, vinculadas à Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Município de Itapeva. Essa definição deu-se a partir da consolidação da Educação do Campo como um dos eixos do Plano Municipal de Educação, aprovado em 2015.

Antônio Alexandre de Farias, diretor de políticas públicas da Secretaria, avalia que a parceria entre o poder público, a escola e os movimentos sociais é importante pois traz o conhecimento da sala de aula para a prática do cotidiano. A entrevista foi realizada pelo Enzo, durante a oficina de rádio e foi ao ar na Rádio Camponesa – emissora instalada há 21 anos no Assentamento Pirituba.
 

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Foto: Luiz Valcazaras 

“Desde 2015, a partir do plano municipal de educação [a secretaria] vem se preocupando em estabelecer a característica da educação do campo considerando o próprio território da cidade de Itapeva. Nós somos o segundo município em extensão territorial [do estado] e nossa zona rural é gigante. Tem crianças que andam 60 km para ir para a escola, então não teria como a secretaria pensar a lógica da educação somente pela via urbana. Com isso, no PME a gente já estabeleceu um eixo exclusivo para a educação do campo e desde então a gente vem fortalecendo as metas e estratégias de implementação e fortalecimento da educação do campo no município.”
 

Durante a atividade, gestoras de outras escolas expressaram o interesse de inserir o Encontro Sem Terrinha no calendário escolar a partir do próximo ano.
 

Atividades
 

Além das oficinas já mencionadas, as crianças também puderam participar de outras como canto, master chefinho, música, capoeira e arqueologia.
 

“Gostei muito do encontro sem terrinha. Fui na oficina de canto e gostei também. Eu gostei de tudo, das brincadeiras, das danças e de plantar árvore”, finalizou a pequena Elloá.
 

*Editado por Fernanda Alcântara