Escola do MST comemora 30 anos em Santa Catarina

As famílias que compõe os assentamentos União da Vitória e Vitória da Conquista são provenientes da primeira ocupação realizada pelo Movimento Sem Terra no estado
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Divulgação MST 

 

Por Setor de Comunicação MST/SC
Da Página do MST 

 

No último sábado (2), a Escola de Educação Básica Vinte e Cinco de Maio, localizada no assentamento Vitória da Conquista, em Fraiburgo/SC, comemorou seu trigésimo aniversário. Foi um dia de relembrar as lutas e comemorar as conquistas. Cerca de 200 pessoas se reuniram, entre eles antigos e atuais estudantes, educadores e gestores, integrantes da comunidade, conselho escolar, Movimento Sem Terra, universidades e representante parlamentar. Além disso, a comemoração contou com a participação dos músicos Pedro Muñoz e Pedro Pinheiro.

 

A atividade iniciou com a mística construída pelos estudantes, onde os mesmos desde a ocupação, as lutas e o funcionamento da escola que conta com curso técnico de agroecologia. Juliana Adriano, do setor de educação, reforçou que “é muito importante os estudante reconstruírem e serem parte da história dessa escola, que é parte da construção da educação do campo e da agroecologia no MST. Pois assim, vão compreendendo o que significa a proposta do Movimento de a educação ter papel fundamental na humanização do ser”.

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Divulgação MST 

Um pouco da história da Escola 25 de Maio

As famílias que compõe os assentamentos União da Vitória e Vitória da Conquista são provenientes da primeira ocupação realizada pelo Movimento Sem Terra em Santa Catarina, no ano de 1985. No ano seguinte estas famílias foram assentadas no município de Fraiburgo. Já neste ano organizaram duas escolas até quarta série, que por falta de estrutura funcionavam na sombra de uma árvore, onde o caderno era o chão e o lápis era um pedaço de madeira. Apesar das dificuldades os assentados continuaram demandando escola até o nono ano, neste caso definiram a necessidade de conquistar um “colégio agrícola”, pois em Fraiburgo o clima e a terra eram diferentes de onde eram originários e precisavam de auxílio para avançar na produção.

No ano de 1987 conseguiu-se firmar parcerias: “o INCRA aceitou que dois lotes [32 hectares] fossem destinados para a escola. A secretaria estadual de educação se comprometeu a construir duas salas e a contratar professores e merendeira. A antiga Fundação de Bem Estar do Menor construiu o espaço para a criação de porcos, adquiriu equipamentos. E o MST ficou responsável pela produção e organização da escola. Por fim, em 1989 a escola 25 de Maio foi inaugurada”, afirmou Roque Pereira do Conselho Escolar.

 

Agnaldo Cordeiro, atual gestor da escola, tratou a importância da participação da comunidade escolar: “A escola não se faz sozinha! Desde o início a escola foi pensada e construída pelas famílias assentadas. A escola não é do “diretor” ou só dos professores ou alunos, ela é da comunidade. E para além da comunidade sempre contou com parcerias externas com universidades, assessorias técnicas, entre outros. Se hoje a escola oferece do quinto ao nono ano do fundamental, curso médio técnico em Agroecologia e em seu espaço está sendo realizada uma turma de Licenciatura em Educação do Campo [via UFSC], é porque todo o processo coletivo da escola sempre deu a partir da organização coletiva”.

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Divulgação MST 

Agroecologia 

Hoje a escola oferece curso técnico em Agroecologia, mas desde a concepção da escola, quando ainda não se utilizava o termo agroecologia, a comunidade escolar defendia que a escola deveria contribuir para auxiliar os assentados da reforma agrária na produção, mas que deveria ser uma forma de fazer agricultura que cuidasse da natureza.

Na escola 25 de Maio o aprendizado se dá também com a prática, os estudantes contribuem para a manutenção da horta mandala, do sisal onde vivem os porcos, do galinheiro, do minhocário, do horto medicinal, da trilha ecológica Ana Primavesi. Além disso, atualmente a escola participa de uma feira na cidade, onde leva produtos agroecológicos cultivados na escola. Trata-se de um espaço importante para dialogar com a sociedade sobre a importância da alimentação saudável Alvaro Santin, trabalhou nos primeiros anos de funcionamento na escola e hoje compõe a direção estadual do MST/SC, afirmou que “é preciso retomar o significado que tem a agricultura para a humanidade, pois se trata de algo sagrado.

Por isso, a escola 25 de Maio não surge simplesmente para formar técnicos, mas para formar para um novo modelo agrícola, no qual se cultive a natureza e se aprenda observar a natureza, pois ela é sabia. Ser camponês é uma arte. Contribuímos assim para a construção de uma sociedade onde não tenha exploração dos seres humanos sobre outros seres humanos, nem sobre a natureza”.