Em BH, banco de alimentos será coogestionado pela agricultura familiar e urbana

Termo de permissão estabelece uso da Central de Abastecimento da Agricultura Familiar e Urbana (CAFA) em Belo Horizonte, MG
Parceria visa promover a função social da CAFA por meio de uma coogestão com entidades da sociedade civil. Foto: Acervo MST/MG

Por Setor de Comunicação MG
Da Página do MST

Na tarde desta quarta-feira (18), camponeses(as) da Rede de Cooperativas de Minas Gerais assinaram o termo de permissão remunerada de uso da Central de Abastecimento da Agricultura Familiar e Urbana (CAFA) de Belo Horizonte.

A parceria, construída com Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional da prefeitura de BH, visa promover a função social da Central de Abastecimento por meio de uma coogestão com entidades da sociedade civil.

“Há dois anos a subsecretaria iniciou o processo de consulta pública para avaliar se realmente haviam organizações interessadas em assumir esse espaço. Somente agora esse processo se concluiu por meio de um edital em que as organizações interessadas mandaram propostas de utilização do local”, explica Bruno Diogo, do Setor de Produção do MST e da Concentra.

A CAFA foi criada como uma forma de estímulo à produção local de alimentos em Belo Horizonte e região metropolitana, facilitando a aquisição de produtos da agricultura familiar, promovendo a agroecologia e a segurança alimentar e nutricional sustentável, além de estimular o desenvolvimento agrícola do estado de Minas Gerais. Assim, o termo de permissão assinado dará a condição de uso do espaço por 10 anos pela agricultura familiar, acampados(as) e assentados(as) que produzem alimentos saudáveis.

Segundo Bruno, ao ser provocado a participar desse edital o Movimento viu uma oportunidade, uma vez que, a algum tempo, já vinham organizando a centralização dos processos de comercialização a partir da Cooperativa central dos assentados/as de MG (Concentra).

“Esse desafio de buscar desenvolver os assentamentos a partir da cooperação e produção de alimentos saudáveis e com qualidade foi extrapolado ao público da reforma agrária, dos(as) assentados(as) e acampados(as) a partir do momento que começamos a animar o processo de constituição de uma rede de cooperação da agricultura familiar, urbana e da reforma agrária, que hoje conta com 23 organizações do estado de Minas Gerais. São cooperativas que estão em todas as regiões, ainda grupos informais e associações que compõe a rede, a exemplo dos sistemas participativos de garantia, que vem contribuindo com a certificação orgânica no sul, na zona da mata e região metropolitana, a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária com suas cooperativas, entre outras”, explica.

O município de Belo Horizonte possui aproximadamente 2,5 milhões de habitantes e a agricultura familiar emerge como fundamental para garantir a produção de alimentos destinados ao abastecimento da população. Nesse sentido, a CAFA tem por objetivo o beneficiamento, o armazenamento e a distribuição de produtos in natura ou agroindustrializados de cooperativas da agricultura familiar e urbana, pensando como reduzir os custos operacionais e logísticos ao mesmo tempo em que se fomenta a agricultura familiar e urbana nos marcos das legislações vigentes.

“Temos o desafio de vencer as questões relacionadas a logística, comercialização e beneficiamento da nossa produção, mas desde já avaliamos como positiva a possibilidade de oferecer alimentos de qualidade para a população de BH e região metropolitana. A rede de cooperação é uma grande responsabilidade, compor e contribuir no seu fortalecimento por meio da CAFA, como um aparelho público, com certeza vai potencializar esses trabalhos” afirma Bruno.

Por fim, Belo Horizonte possui uma rede municipal de ensino com número superior a 500 estabelecimentos, referentes à Educação Infantil e Ensino Médio. Ter um local central de beneficiamento e logística possibilita que a agricultura familiar e urbana participe de espaço de compras institucionais públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Além disso, do ponto de vista social gera emprego, renda e promove a segurança alimentar e nutricional saudável.

*Editado por Fernanda Alcântara