MST inicia a comercialização de Cestas Agroecológicas no Alto Sertão de Alagoas

Iniciativa aproxima campo e cidade a partir da produção de alimentos saudáveis das áreas de Reforma Agrária do Sertão Alagoano
Iniciativa do MST pretende diminuir a distância e levar saúde para a mesa dos homens e mulheres que vivem na cidade. Foto: Arquivo MST

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Com a primeira entrega realizada na última sexta-feira (08), as Cestas Agroecológicas do MST já são um sucesso no Alto Sertão de Alagoas. A iniciativa de comercialização leva produtos dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária direto para a mesa dos consumidores na cidade. As cestas já são recebidas nas cidades de Piranhas e Delmiro Gouveia.

“A organização das Cestas Agroecológica estimula o processo de comercialização a partir do fornecimento daquilo que é produzido em nossas áreas aos grupos de consumidores nas cidades”, explicou Débora Nunes, do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST. “Além de ser um importante canal de diálogo e aproximação do MST com quem está na cidade”.

A produção vinda dos assentamentos e acampamentos das cidades de Piranhas e Olho D’Água do Casado contemplam uma variedade de itens que são entregues semanalmente nas cestas. São hortaliças, frutas, tubérculos, grãos, galinha de capoeira, mel, ovos, tudo para o consumidor saborear da diversidade e qualidade do alimento saudável.

A iniciativa das Cestas Agroecológicas possibilita que o camponês e camponesa comercialize sua produção direto para o consumidor. Foto: Arquivo MST

De acordo com José Neto, da direção nacional do MST e assentado da Reforma Agrária no município de Piranhas, as cestas são entregues semanalmente, respeitando todas as orientações de higienização e cuidados com a saúde nesse período de pandemia, onde cada consumidor pode escolher entre a cesta de tamanho grande e tamanho pequeno. O pagamento é feito mensalmente e todas as sextas-feiras a Cesta Agroecológica é entregue no início da manhã.

“Iniciamos a experiência no Sertão, mas em breve pretendemos abastecer todas as regiões de Alagoas com as nossas Cestas Agroecológicas”, comentou José Neto. “Já somos demandados cotidianamente nos centros urbanos para levarmos nossa produção aos consumidores que, na cidade, não tem acesso ao alimento livre de veneno e comercializado no preço justo. A iniciativa do MST pretende diminuir essa distância e levar saúde para a mesa dos homens e mulheres que vivem na cidade”.

Neto lembra ainda da importância desse processo para o trabalhador e trabalhadora que está na roça. “Sempre tivemos como uma das nossas principais tarefas a produção de alimentos saudáveis para abastecer a nossa mesa e a mesa da população brasileira, mas por muitas vezes pela falta de políticas públicas, essa produção tem um limite concreto para ser comercializada, a não ser pelas nossas iniciativas coletivas na organização de Feiras da Reforma Agrária ou através das feiras livres nas pequenas cidades. Fora isso, as ações dos governos, em todos os níveis, ainda estão muito distante de atender a necessidade de escoamento do que é produzido no campo, bem como de atender a demanda nas cidades, seja nas escolas, creches, hospitais e demais espaços do serviço público”, disse.

“A iniciativa das Cestas Agroecológicas possibilita que o camponês e camponesa comercialize sua produção direto para o consumidor, sem atravessadores, a partir de um preço justo para quem vende e para quem compra”.

Cestas que levam comida e esperança


Um dos primeiros consumidores das Cestas do MST, Claudemir Martins, professor do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) na cidade de Piranhas, ressaltou a importância da iniciativa do MST em Alagoas nesse período de recomendação de isolamento social.

“Desde que soube das Cestas Agroecológicas, percebi logo a importância da iniciativa nesse período de pandemia. De um lado, alimentos saudáveis chegando da agricultura camponesa, de outro, evitando ter que ir a feira nesse período ver isolamento”, comentou. Claudemir já recebeu a primeira cesta grande, suficiente para abastecer as necessidades em casa com uma família de quatro pessoas e todos aprovaram o que receberam.

As cestas são entregues respeitando todas as orientações de higienização. Foto: Arquivo MST

“Gostamos muito da cesta pela diversidade de produtos e alimentos sadios, sem agrotóxicos. O MST segue dando exemplos e mostrando saídas para a agricultura no Sertão alagoano, a partir dos assentamentos e da agroecologia”.

Já na cidade de Delmiro Gouveia, a professora universitária Suzana Libardi é uma das consumidoras que também já recebeu a primeira Cesta Agroecológica do MST. Suzana soube das cestas durante o período do isolamento social, e foi a partir de sua preocupação com camponeses e camponesas da região que conheceu a iniciativa do MST em Alagoas.

“A Cesta Agroecológica foi surpreendente pela sua quantidade e variedade de itens. É uma cesta pensada de forma muito atrativa para qualquer consumidor, seja os que já conhecem o trabalho comprometido do MST ou não”, e completou: “essa iniciativa de comercialização no Sertão é fundamental. A comercialização direta entre as famílias produtoras e a família consumidora é muito proveitosa e possibilita que mais pessoas conheçam a produção e a qualidade do que é produzido pelas famílias do MST”.

A professora destaca ainda o papel que essa aproximação cumpre no fortalecimento da luta pela Reforma Agrária na região. De acordo com Libardi, quem recebe a Cesta Agroecológica do MST vai ver na materialidade o papel da Reforma Agrária e desconstruir ideias sobre as famílias organizadas no Movimento Sem Terra.

*Editado por Fernanda Alcântara