Doações, atos e lives marcaram o lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular
Por Luciana G. Console
Da Página do MST
Nesta sexta-feira (05), Dia Mundial do Meio Ambiente, o MST realizou o lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular, proposta do Movimento para o Brasil com o objetivo de criar empregos, produzir alimentos, movimentar o comércio e garantir renda e condições de vida dignas ao povo em meio à pandemia.
Durante todo dia foram mais de dez lives de lançamento do Plano nas redes do MST, pautadas por debates e esclarecimentos com a presença de militantes e artistas. O lançamento do Plano também foi marcado por atividades do MST em 21 estados do Brasil, com o plantio de mudas, doação de sangue, atos de rua simbólicos e doações de toneladas de produtos e alimentos sem veneno.
A primeira transmissão ao vivo de lançamento do Plano Emergencial aconteceu às 10h, com a presença de Débora Nunes, da direção nacional do MST em Alagoas, e Roberto Baggio, da direção nacional do MST no Paraná. A live contou com participação de perguntas enviadas por artistas como Dira Paes, Leo Suricate, Rosana Maris, Flávio Renegado, Anna Muylaert, além de internautas. A atleta Joanna Maranhão e Dríade Aguiar, da Mídia Ninja, também participaram da transmissão.
Pensado em meio à pandemia da COVID-19, o Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular é uma construção do Movimento Sem Terra e expõe o grave problema de desigualdade social, ligada à crise do próprio sistema do capital. Neste sentido, Baggio destaca que o Plano Emergencial é uma ferramenta de superação da crise alimentar em meio à pandemia, já que prevê o abastecimento do mercado interno e a garantia de alimentação e comida sem veneno para a população do campo e da cidade.
“Nós temos um problema agrário estrutural. Quando chegaram os europeus com seu modelo de agricultura, nasce a grande propriedade da terra, com modelo de monocultura, só alguns tipos de produtos, destruindo a biodiversidade existente. Tudo que se produzia ia para o mercado internacional. Precisamos democratizar a terra para que ela possa chegar nas mãos dos agricultores para produzir comida e gerar milhões de empregos”, disse Baggio.
De Alagoas, Débora Nunes, da direção nacional, reforçou o objetivo do Plano em torno do tema do meio ambiente e respondeu à pergunta do cantor Flávio Renegado sobre o papel da Reforma Agrária na preservação dos biomas. “Nosso projeto exige outra forma de produção, diferente do agronegócio. Exige preservação das águas e das matas e convivência harmoniosa nos seus diversos biomas”.
Desde início de 2020, o MST está com o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, com proposta de plantar 100 milhões de árvores em todos os estados do país nos próximos dez anos. O plantio de árvores foi potencializado nesta semana pela Juventude Sem Terra, com atividades de plantio em todo o país na Semana do Meio Ambiente, que se encerra hoje (05).
O Plano Emergencial é dividido em quatro pilares. Terra e Trabalho: com foco na democratização do acesso à terra. Produção de Alimentos Saudáveis: exigência da destinação de recursos para assegurar o PAA e o PNAE durante o distanciamento social e a implantação de um plano nacional de agroecologia. Condições de Vida Digna no Campo: com o objetivo de assegurar que toda família tenha acesso à educação, saúde, trabalho, renda e moradia e, por fim, Proteger a Natureza, Água e Biodiversidade: zelar pela preservação do meio ambiente e de todos os biomas, apoiando programas de plantio de árvores e estimulando as agroflorestas para garantir diversidade, fartura de alimentos.
Apesar do caráter emergencial do Plano, Roberto reforça o objetivo da Reforma Agrária Popular. “Precisamos de medidas emergenciais para garantir a alimentação neste momento, mas logo em seguida, queremos enfrentar a construção de um novo modelo agrícola. Passando a pandemia, que cresça a luta popular na rua, para superarmos esse momento trágico deste governo”.
Atividades pelo país
Durante o lançamento do Plano, o MST realizou atividades de solidariedade e protestos contra o governo Bolsonaro e suas medidas de desgoverno em todo o país. Algumas delas:
O MST no Tocantins e a ONG Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO) fizeram a entrega de 300 cestas de alimentos saudáveis para comunidades quilombolas, rurais e ribeirinhas, dos municípios da região do Bico do Papagaio, como Araguatins. No Paraná, famílias Sem Terra na região Norte de Cascavel doaram 10 toneladas de alimentos. No Distrito Federal (GO), ocorreu distribuição de cestas agroecológicas.
Sem Terra de Minas Gerais realizaram ato de solidariedade com a doação de alimentos da Reforma Agrária, no centro de Belo Horizonte. A atividade feita em parceria com o Coletivo Alvorada denunciou a política de morte de Bolsonaro para o povo brasileiro. Doação de alimentos, marmitas e mudas foram feitas em demais cidades do estado. Em Rondônia, doação de alimentos, produção e doação de máscaras do Coletivo de Mulheres para os povos indígenas.
A cidade de Campinas (SP), amanheceu com o recado de #ForaBolsonaro, com faixas foram estendidas pela Frente Brasil Popular em diversos locais da cidade. Já no Pará, o acampamento Terra Cabana, em Benevides, amanheceu dando o recado em defesa da vida e do Meio Ambiente.
*Editado por Wesley Lima