MST lança Plano Emergencial com doação de 10 toneladas de alimentos nesta sexta-feira (05) no Paraná

Ação marcará o lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular, proposto pelo Movimento em âmbito nacional para o enfrentamento da fome e da crise econômica durante a pandemia do novo coronavírus
Doações anteriores já ocorreram na região oeste do Paraná pelo MST. Foto: Marilene Hammel

Por Setor de Comunicação do MST-PR
Da Página do MST

Acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) farão a doação de aproximadamente 10 toneladas de alimentos em Cascavel, nesta sexta-feira (5). Mandioca, arroz, feijão, milho-verde, legumes e hortaliças fazem parte da diversidade de alimentos in natura produzidos por 15 comunidades de agricultores e agricultoras e que serão distribuídos na cidade.

As doações serão destinadas à famílias do bairro Interlagos, ao Hospital do Câncer de Cascavel (UOPECCAN) e ao abrigo São Vicente de Paula. Esta será a terceira doação de alimentos realizadas por famílias Sem Terra da região oeste do estado. As primeiras ocorreram nos dias 10 e 17 de abril. 

No Paraná, a doação dos alimentos marca o lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular, proposto pelo MST em âmbito nacional e marcado para divulgação no mesmo dia (05). A data faz referência ao Dia Mundial do Meio Ambiente e demarca a defesa do modelo agroecológico de produção de alimentos, que alia preservação da biodiversidade, cultivos de alimentos sem veneno e relações humanas justas. 

O Plano Emergencial apresenta medidas para enfrentar de maneira imediata o aumento da fome e da crise econômica, ampliadas com a pandemia do novo coronavírus. Ao propor o plano, o MST aponta saídas viáveis e humanas para os problemas da população empobrecida da cidade e do campo, conforme explica Armelindo Rosa da Maia, produtor agroecológico assentado na comunidade Valmir Mota, em Cascavel, e integrante da coordenação do MST.  

“Nós queremos dialogar com a sociedade brasileira, no sentido de pressionar o Estado e os governos para que assentem as famílias acampadas no Brasil inteiro e destinem recursos na produção de alimentos para ajudar na saída da crise, principalmente neste período de pandemia. Para nós, agricultores e pequenos agricultores, a produção de alimentos é uma missão e com isso estaremos prestando um serviço à sociedade brasileira”, ressalta. 

Agricultora do assentamento Valmir Mota, de Cascavel. Foto: Eliana de Oliveira

A escolha regional para o lançamento do Plano ganha um forte sentido histórico por ter sido no oeste do Paraná o local onde ocorreu o 1º Encontro Nacional do MST, que marcou a fundação do Movimento. 

Fubá agroecológico e dezenas de alimentos vindos da luta pela terra 

O casal de agricultores José Aldair Padilha de Lima e Janaína dos Santos, moradores do acampamento Resistência Camponesa, em Cascavel, doaram 100 quilos de fubá agroecológico, produzido a partir do milho que cultivam. A comunidade onde vivem existe há 20 anos e tem sofrido ameaças constantes de despejo desde o final de 2019. 

“Nós também já tivemos esse momento de passar dificuldades nos acampamentos, mas, graças a nossa luta, hoje nós temos bastantes variedades de alimentos que produzimos aqui, tirando o auto-sustento pra nós e para nossa família. Hoje, nós podemos compartilhar com nossos companheiros da cidade”, conta José Aldair. Ao todo, famílias de 15 acampamentos e assentamentos de oito cidades estão em mobilização para a doação de alimentos nesta sexta-feira. 

Estão confirmadas doações dos acampamentos 1º de agosto, Dorcelina Folador, Resistência Camponesa e dos assentamentos Valmir Mota de Oliveira e Santa Terezinha, todos de Cascavel. Em Catanduvas, o acampamento Nova Semente. Da cidade de São Miguel do Iguaçu, participam o acampamento Sebastião Camargo e o assentamento Antonio Companheiro Tavares. Assentamento Santa Izabel, de Romelândia, assentamento Hander Henrique, de Diamante do Oeste,  acampamento Chico Mendes, de Ibema, acampamentos Chico Mendes e Padre Josimo, de Matelândia e assentamento Sepé Tiaraju e Olga Benário, em Santa Tereza do Oeste.

Novas agroflorestas 

Ainda nesta data, os acampamentos Dorcelina Folador e 1º de Agosto, de Cascavel, e Nova Semente, do município de Catanduvas, darão início a produção de agroflorestas comunitárias. O objetivo é dar continuidade na doação de alimentos para a população urbana durante o período da pandemia e também para garantir o autoconsumo das próprias comunidades. 

Hortas e agroflorestas comunitárias começaram a ser produzidas em todas as regiões do estado no dia dois de maio e integram a campanha de solidariedade do MST do Paraná.  

Balanço das doações do MST no Paraná 

Desde o início da pandemia, mais de 90 assentamentos e acampamentos do MST do Paraná doaram 155 toneladas de alimentos saudáveis, colhidos de suas roças e hortas.

Doação de alimentos do MST do Abrigo São Vicente ocorrida dia 17 de abril.
Foto: Eliana de Oliveira

Em Curitiba, cerca de 3.600 marmitas agroecológicas foram doadas a pessoas em situação de rua e moradores de bairros da periferia. As refeições são produzidas todas as quartas-feiras por militante do MST e pessoas voluntárias e levam produtos vindos de comunidades do movimento de várias regiões do estado. Também foram produzidas e distribuídas 400 máscaras de proteção de tecido. 

*Editado por Luciana G. Console