Ações do MST no sudeste fortalecem solidariedade entre trabalhadores

Com base na organização popular, alimentos saudáveis chegam à população mais afetada pela crise econômica e sanitária

Marmita Solidárias sendo preparadas no Rio de Janeiro. Foto: Pablo Vergara

Por Redação da Região Sudeste/MST
Da Página do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem realizado ações de solidariedade nos 24 estados do país desde o início da pandemia de Covid-19, totalizando 3.400 toneladas de alimentos doados. No sudeste, a quarentena Sem Terra está reafirmando laços de solidariedade, sobretudo entre a classe trabalhadora.

No Espírito Santo, o MST doou cerca de quatro mil cestas com produtos agroecológicos em diversos municípios capixabas, somando 30 toneladas de alimentos para 1.500 famílias.

Iniciativas como a Marmita Solidária já distribuíram mais de 30 mil refeições para trabalhadores informais, entregadores de aplicativo e pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Além da doação de toneladas de alimentos vindos da agricultura familiar nos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, a solidariedade também é um princípio que constitui a luta popular por direitos.

Kelli Mafort, da direção nacional do MST, reforça que a única solidariedade é a de classe, “o povo ajudando o povo”. É justamente com base na organização popular que as campanhas puxadas pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo tem atuado nas periferias urbanas.

Solidariedade é lutar junto

Assentamento Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais. Foto: Comunicação do MST/MG

“É deste encontro da comida que vem da roça e das panelas vazias que nós estamos construindo alianças fortes. É muito diferente da solidariedade passiva das empresas, que na realidade estão fazendo uma divulgação das suas marcas, prevalecendo em cima das vidas ceifadas. A solidariedade de classe tem compromisso”, pontua Kelli.

No município de Campo do Meio, em Minas Gerais, o despejo violento ocorrido no assentamento Quilombo Campo Grande no último mês também mobilizou a solidariedade da população. Após três dias de resistência, 14 famílias ficaram desabrigadas. Mas logo os moradores iniciaram uma campanha para a reconstrução da Escola Popular Eduardo Galeano e das casas.

“Os mineiros nos ensinam que solidariedade também é lutar junto. Foi assim que lá no Quilombo Campo Grande, no Sul de Minas, nós percebemos a força da sociedade que se solidarizou com a escola derrubada e as famílias despejadas”, completa.

Marmita Solidária

De maio a agosto, cerca de 200 toneladas de alimentos da Reforma Agrária no sudeste foram destinadas para campanhas de solidariedade nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Frutas, legumes e verduras diretos do campo para quem mais precisa.

As ações têm como objetivo garantir alimentos saudáveis na mesa dos setores mais afetados pela crise sanitária e econômica em parceria com outros movimentos sociais, centrais sindicais e campanhas do campo popular, como Lute como Quem Cuida, Periferia Viva, Vamos Precisar de Todo Mundo, Nós Por Nós, além de voluntárias e voluntários.

Na capital carioca e no sul fluminense, a Marmita Solidária atende ocupações urbanas, população em situação de rua e entregadores de aplicativo. Mais de 2.500 refeições já foram distribuídas desde maio.

Em Minas Ferais, alimentos saudáveis são distribuídos na Zona da Mata. Foto: Comunicação do MST/MG

Com mais de 130 mil mortes causadas pelo coronavírus no país, os protocolos de saúde garantem a segurança de todos os envolvidos durante as ações de solidariedade. É o que relata Ana Paula, professora de ensino fundamental e Mão Solidária no Rio de Janeiro.

“Queremos levar o melhor para quem vai receber e o ambiente traz a segurança sanitária que precisamos nesse momento. O selo Fora Bolsonaro estampado na marmita vai com toda nossa força de luta. É um trabalho extremamente necessário no Rio de Janeiro, visto que a situação aqui é dramática. Muitas pessoas perderam suas casas e foram expulsas de ocupações durante a pandemia”, diz Ana Paula.

A Marmita Solidária em Minas Gerais também distribuiu cerca de 1.500 quentinhas em Uberlândia, Belo Horizonte, Venda Nova, Ribeirão das Neves, Sarzedo e Taquaril. A iniciativa dos movimentos em organizar uma cozinha comunitária e doar para as pessoas neste momento crítico é uma forma de garantir o direito à alimentação, exercitando a solidariedade e partilhando a produção saudável.

Mais de 100 toneladas de alimentos foram doadas pelo MST só no estado de São Paulo, atendendo mais de 20 municípios que fazem parte da regional Andradina, Campinas, Grande São Paulo, Iaras, Promissão, Pontal de Paranapanema, Ribeirão Preto, Sudoeste e Vale do Paraíba.

Distribuição da Marmita Solidária no Rio de Janeiro. Foto: Pablo Vergara

Também foram entregues máscaras de confecção artesanal, roupas de frio e produtos de higiene. Esse foi o caso dos 300 litros de sabão de álcool produzido pelos assentamentos Dandara e Reunidas (Promissão/SP) a partir do reaproveitamento de óleo de fritura.

Somada às ações de solidariedade realizadas na capital e Grande São Paulo, também foi criada a Brigada Zilda Ramos responsável pelas Marmitas Solidárias. Entre abril e agosto, foram distribuídas 27 mil quentinhas. Junto à entrega, ainda foi constituída uma turma de agentes populares de saúde na Zona Norte da capital paulista.

A Editora Expressão Popular também participa doando livros. A partir desta iniciativa, recentemente a editora lançou a campanha “Solidariedade: doe livros para transformar o mundo!” para fomentar a construção de bibliotecas populares, garantir os livros nas cestas básicas e disponibilizar kits de leitura para militância envolvida nas ações de solidariedade.

*Editado por Fernanda Alcântara