Rádios comunitárias livres tem papel central na luta pela Reforma Agrária Popular
Por Solange Engelmann
Da Página do MST
Após o surgimento das ondas eletromagnéticas, ou seja, da transmissão de som por ondas de rádio a longas distâncias, no final do século XIX, devido à sua agilidade, simplicidade e dinamismo na comunicação, o Rádio foi e continua sendo em alguns lugares, um grande companheiro do povo brasileiro, chegando aos vários rincões do país.
Na busca por visibilidade à demanda da Reforma Agrária e disputa dessa pauta no espaço público, a partir da década de 1980, no início do processo de luta, o MST compreende a importância da comunicação popular como central na organização do povo Sem Terra e diálogo com a sociedade.
Nesse contexto, por ser um meio com grande capacidade de difundir a comunicação à longas distâncias no campo, o Rádio também se torna companheiro dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra, auxiliando na comunicação do MST com a sociedade acerca de suas demandas e seu projeto.
Assim, o MST passa a utilizar o Rádio ainda na década de 1980 para produzir e veicular programas semanais de alcance nacional, na Rádio Aparecida (SP), da rede católica, e em rádios comerciais, e inicia a instalação de rádios-postes em acampamentos e assentamentos.
Já na década de 1990, o setor de comunicação do MST organiza cursos de nível médio e pós-médio e oficinas para capacitação de militantes na área do Rádio. Os Sem Terra também instalam rádios comunitárias livres em vários assentamentos e acampamentos do país. Estas são chamadas de rádios comunitárias livres, por se encontrarem em territórios libertos, conquistados pelos trabalhadores e trabalhadores para o sustento das famílias e a produção de alimentos.
Também são desenvolvidas experiências na produção de programas nacionais e a montagem de rádios em mobilizações e atividades massivas do MST, em que se destaca a rádio comunitária livre e itinerante “Brasil em Movimento”, a exemplo da Marcha Nacional do MST, em 2005, quanto todos os 12 mil marchantes tiveram acesso à um aparelho de rádio portátil para acompanhar a programação, durante a caminhada rumo à Brasília.
No dia 25 de setembro, data em que comemoramos o Dia do Rádio no Brasil, marcado pela data de nascimento de Edgard Roquette-Pinto, conhecido como o “Pai do Rádio Brasileiro”, o MST reafirma a importância das rádios comunitárias e livres na história de luta dos trabalhadores do campo e no debate público da Reforma Agrária Popular.
Enquanto trabalhadores e trabalhadoras do campo e detentores do direito à uma comunicação democrática, cidadã e emancipadora, reafirmamos a necessidade do governo brasileiro e das rádios comerciais em acabar com a criminalização e perseguição às rádios comunitárias e livres, modificar a legislação da Radiodifusão Comunitária no Brasil que se encontra ultrapassada. Considerando as necessidades e o território diferenciado do campo, além de ampliar a fiscalização.
*Editado por Fernanda Alcântara