MST de Santa Catarina plantou 1600 mudas de árvores nativas

A ação integra a semana de plantio de árvores, com o tema “Plantemos a resistência: contra o genocídio e os despejos” e foi realizada em assentamentos e acampamentos de sete municípios de SC

Assentamento Dom José Gomes/Bosque Dom José Gomes. Foto: Coletivo de Comunicação MST/SC

Por Coletivo de Comunicação MST/SC
Da Página do MST

Plantar árvores é parte do projeto de Reforma Agrária Popular, que vem sendo construído pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MST). O dia da árvore, 21 de setembro, serviu de mote para a concentração de ações nesse sentido.

Em Santa Catarina, o MST inaugurou dois Bosques, em Campos Novos e Chapecó; iniciou a recomposição da mata nativa em área devastada pelo pinus e que há poucos dias foi ocupada pelo Movimento, no município de Major Vieira; além de plantar mudas de árvores nativas em Abelardo Luz, Campo Erê e Rio Negrinho.

Araçá, ameixa, cedro, goiabeira, goiabeira serrana, ipê, jabuticaba, jacarandá, mirra, pinheiro, sete capote, sassafrás, uvaia… Ao todo foram 1600 árvores nativas plantadas e que serão cultivadas por mãos Sem Terra.

Em Campos Novos, as ações envolveram plantio e distribuição de 1000 mudas nativas e frutíferas. No assentamento 30 de Outubro, constituiu-se o Bosque Catarina da Silva, em homenagem a Sem Terra vítima da Covid-19. Em Chapecó, o bosque inaugurado recebeu o nome de Dom José Gomes, em homenagem ao bispo que foi fundamental na criação e organização do MST.

As cerca de 300 mudas plantadas homenagearam ainda vítimas da Covid-19, familiares dos presentes, mulheres indígenas, entre elas Jurema Kafei da Silva, Kaigang, além dos companheiros Fidel Castro, Miguel Fortes da Silva, Egídio Brunetto, Justino Draschevski, Kide, Neri Fabris e Olívio Albani. Também teve o plantio de árvore para uma criança viva, a criança indígena Galileu, cujo nome significa nascer do Sol em Kaigang, sua língua.

No acampamento Dom Pedro Casaldáliga, município de Major Vieira, as 300 mudas nativas plantadas teve tom de denúncia aos impactos negativos do monocultivo de pinus. A área do acampamento está completamente degradada, foi ocupada no último dia 5 de setembro após o Instituto Brasileiro de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) remover o pinus ali existente.

As famílias Sem Terra reiteram que seu interesse é produzir comida saudável para alimentar o povo brasileiro, por isso reivindicam a área para reforma agrária. Com a mesma demanda, a juventude do acampamento Kide, em Abelardo Luz, realizou plantio simbólico de 20 árvores na área ocupada pelas famílias há seis anos.

Em Rio Negrinho, mais de 90 mudas foram plantadas nos assentamentos Domingos Carvalho e Edson Soibert, em atividade conjunta da Brigada Lutas Camponesas e Cooperativa Regional de industrialização e Comercialização Colcimar Luis Brunetto (CooperDotchi).

Em Campo Erê, como ato simbólico, 10 árvores foram plantadas no assentamento Olívio Albani. Abimael de Oliveira, do Coletivo de Juventude, conta que essas mudas fazem parte das ações da Jornada Nacional, “cerca de 400 árvores foram plantadas pela juventude Sem Terra, em seis regiões de Santa Catarina”.

O plantio das 1600 mudas foi feitos a muitas mãos. Mãos Sem Terra, mãos indígenas, mãos de amigos do MST, de pastorais, partidos, sindicatos. Ao longo de manhãs, tardes e noites. As noites vêm “rememorando a mística da ocupação e do plantar as bandeiras vermelhas no latifúndio, tendo no raiar do dia uma nova paisagem de bandeiras e lona preta”, como lembrou Álvaro Santin, do setor de produção do MST.

Álvaro complementa dizendo que o projeto de sociedade do Movimento Sem Terra, envolve “cuidar a Mãe Terra”, que requer “denunciar o genocídio desse sistema explorador”, mas também “plantar árvores, produzir alimentos saudáveis, cultivar a vida”, conclui.

*Editado por Fernanda Alcântara