Impactos do imperialismo na agricultura camponesa e familiar

MST e as organizações da Alba Brasil realizam Jornada Internacional Anti-Imperialista

Bolsonaro promove boicote à Agricultura Camponesa e Familiar. Foto: Lia Biachini

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Ao longo dos séculos vários povos enfrentam a dominação da sua cultura, o roubo dos recursos naturais, o extermínio de indígenas, a escravidão dos negros e a invasão de territórios por países imperialistas.

Mas, por que a dominação imperialista continua em pleno século XXI? Qual a relação do imperialismo com o aumento no preço de alimentos e a soberania alimentar no Brasil?

Diante do atual cenário de pandemia e o recente veto, quase total, do governo Bolsonaro à Lei Assis Carvalho – PL735, de incentivo à Agricultura Familiar e Camponesa, se encontra em curso no Brasil o boicote do governo atual à Agricultura Camponesa e Familiar.

Para a integrante do Coletivo de Relações Internacionais do MST (CRI), Cássia Bechara, a política de Bolsonaro faz parte de uma estratégia de alinhamento às empresas transnacionais e de subserviência aos países imperialistas. O que ameaça a soberania alimentar do povo brasileiro.

“Uma agricultura camponesa forte significa maior soberania alimentar, com um país menos dependente do mercado externo. O governo Bolsonaro coloca em risco a soberania alimentar brasileira para privilegiar os interesses das empresas estrangeiras, por isso voltamos para o mapa da fome. São mais de dez milhões de brasileiros que hoje vivem em situação de insegurança alimentar”, denuncia.

Com Bolsonaro Brasil volta para o mapa da fome. Foto: Arquivo/Agência Brasil

Ao mesmo tempo, o país convive com a desvalorização da moeda do real frente ao dólar e o governo prioriza e destina altos investimentos no modelo do agronegócio, que não produz alimentos.

“Com o dólar mais alto, as empresas ganham mais vendendo em dólar para o mercado externo. O agronegócio não tem nenhum interesse em produzir alimentos – seu interesse é gerar lucro–, então faz tudo o que gera mais lucro. Ao exportar mais, consequentemente vai haver menos oferta de alimentos no mercado interno. Com isso, as empresas passam a especular mais sobre os preços, o que significa um aumento no preço dos alimentos para o povo brasileiro”, pontua Cássia.

A militante argumenta ainda, que o conceito de imperialismo surge para designar a estratégia geopolítica de dominação da passagem do século XIX para o século XX. “Se trata de uma fase avançada do desenvolvimento capitalista, que articula as necessidades do capitalismo para se desenvolver e as políticas de estado, que garantam essas necessidades. Ou seja, é uma política de estado sustentada nas relações econômicas”, explica ela.

Nesse contexto, o imperialismo se desenvolve na história, como uma das fases do capitalismo, a partir de 1880, com o surgimento do capital financeiro, em que os bancos passam a investir na indústria e iniciam um processo de fusão do capital bancário com o capital industrial, criando assim o capital financeiro.

Na resistência e criação de alternativas frente ao domínio do imperialismo, o MST, juntamente com as organizações da Alba Brasil estão organizando uma série de ações e atividades que denunciam as várias agressões do imperialismo no mundo. As atividades fazem parte da Jornada Internacional Anti-Imperialista, que acontece de 05 a 10 de outubro.

“Estamos organizando ações nacionais e estaduais, como o Lançamento Internacional do Manifesto Anti-imperialista. Preparando seminários para discutir o assunto, ações de solidariedade de doação de alimentos, doação de sangue e plantio de árvores nos territórios da Reforma Agrária, ato político, atividades culturais e agitação nas redes”, informa Cássia.

*Editado por Fernanda Alcântara