MST denuncia despejo autoritário em Goiás

Em nota, o Movimento Sem Terra denuncia a arbitrariedade e reafirma o direito das famílias
Famílias resistem à despejo em Goiás. Foto: MST

Da Página do MST

Na tarde desta quarta-feira (21) as famílias do acampamento Oziel Alves, em Catalão, Goiás, sofreram uma tentativa de despejo pela Polícia Militar. As famílias resistiram, mas a PM ameaçou retornar nesta quinta-feira. Em nota, o Movimento Sem Terra denuncia a arbitrariedade e reafirma o direito daquelas famílias seguirem na terra e produzindo alimentos saudáveis para a população da região.

Leia a nota:

URGENTE – DESPEJO ILEGAL E AUTORITÁRIO EM CATALÃO – GO

Nesta quarta-feira (21), as famílias do acampamento Oziel Alves, em Catalão, Goiás, foram surpreendidas por uma criminosa e ilegal tentativa de despejo.

Desde junho de 2017, 35 famílias ocupam a fazenda João da Cruz, no distrito de Santo Antônio de Rio Verde. A fazenda é fruto de dívidas e foi arrecadada pelo Banco do Brasil, sendo que ao longo de 2018 ocorreram negociações entre o Banco e o INCRA para que a área fosse destinada para a reforma agrária.

Nestes três anos, as famílias se tornaram importantes produtoras de alimentos para a região, transformando a propriedade, que antes era arrendada, em local de produção e reprodução da vida. Em 2019, o Banco do Brasil interrompeu as negociações e, em 2020, mesmo com toda a situação da pandemia, colocou a área em leilão. O MST sistematicamente procurou todos os órgãos responsáveis para garantir o direito das famílias de serem assentadas naquele imóvel.

Sem qualquer notificação legal ou aviso, as forças policiais do Estado invadiram o acampamento Oziel na tarde desta quarta-feira e, sem abertura para diálogos, iniciou a destruição de moradias com tratores. Após a mobilização das famílias, o despejo foi suspenso, sob ameaça de ser retomado na manhã desta quinta-feira, dia 22 de outubro.

Repudiamos o caráter amplamente autoritário da ação, sem respeitar nenhum direito das famílias, ao mesmo tempo em que reconhecemos essa como uma ação que violenta a segurança sanitária das pessoas, pois as colocou em risco neste período de pandemia. Reforçamos o nosso compromisso de resistir, pois defendemos nosso direito de produzir alimentos para as famílias de Catalão e região!

Solidariedade

Diante da ação de despejo ilegal e autoritária no acampamento Oziel Alves, as famílias Sem Terra pedem o apoio de toda a sociedade para lutarmos juntes para impedir a continuação dessa violência.

Assim, pedimos que entrem em contato com o Fórum de Catalão prestando solidariedade às famílias, aos cuidados da Dra. Nunziata Stefania Valenza Paiva, no número 64 3411-5059; que liguem para o Batalhão da Polícia Militar de Catalão, cobrando ao comandante que não dê prosseguimento a ação de despejo no número 64 3441-1681; e que mandem mensagem para o Oficial de Justiça que conduziu arbitrariamente a ação de despejo nesta quarta, no telefone 64 99951-0030.

A ação de despejo iniciada neste dia 21 de outubro é totalmente ilegal, pois sequer se refere às famílias, somente ao antigo proprietário. Exigimos o direito das famílias de continuarem produzindo alimentos saudáveis e cuidando de suas famílias, com a destinação do imóvel para a reforma agrária.

Resistiremos!

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!