Mobilização

No Paraná, movimentos do campo e da cidade se unem por Terra, Trabalho e Teto

Campanha Despejo Zero aglutinou principal luta de massas no estado, de 2021 a 2023
No próximo dia 23, movimentos realizam a “Marcha da Agroecologia: Por Terra, Teto, Trabalho, Alimento Saudável e Soberania Popular”. Foto: Juliana Barbosa

Por Pedro Carrano
Da Página do MST

Em 2022, ocorreram as jornadas de lutas por Terra, Trabalho e Teto, que reuniram até 4 mil moradores de ocupações. Neste último dia 24 de outubro, uma jornada foi convocada, com caminhada no centro da capital paranaense. O foco dessa agenda são as áreas que, passada a pandemia, apresentam maior risco de despejos, no caso da Britanite (Tatuquara), Tiradentes II (CIC), Guaporé 2 (Campo Comprido) e Graciosa (cidade de Pinhais).

Na 20ª Jornada de Agroecologia, ocorre uma nova caminhada massiva, no próximo dia 23, a partir das 14h, com o tema “Marcha da Agroecologia: Por Terra, Teto, Trabalho, Alimento Saudável e Soberania Popular”, com as comunidades da Campanha Despejo Zero, reunindo as representações do campo e da cidade das cerca de 367 áreas em risco no Paraná.

Roberto Baggio, coordenador estadual do MST, resume que a conjuntura nacional é de reconstrução do país, e os desafios para o povo são a conquista do direito ao trabalho, à moradia e à alimentação. “Momento importante de dialogar no sentido do acesso as políticas públicas para ocupações em áreas urbanas”, aponta.

Neste cenário, as milhares de famílias enfrentam omissão dos órgãos públicos, explica Rosângela Reis, da Frente de Organização dos Trabalhadores (Fort) e da comunidade Britanite, que possui 407 famílias que ocupam, desde 2020, um terreno abandonado pela Tatuquara SA, empresa ligada ao grupo empresarial do qual faz parte a CR Almeida. “Queremos ficar, nos desenvolver, ajudar a região do Tatuquara”, afirma a liderança.

Criminalização

A área Tiradentes II organizou uma vigília em frente ao aterro da empresa Essencis, do grupo Solví, que deixou de negociar com as cerca de 70 famílias que vivem no local. Chrysantho Figueiredo, do Movimento Popular por Moradia (MPM), aponta que as famílias são excluídas do projeto urbanístico da cidade e criminalizadas por ocuparem áreas supostamente de preservação. “Um certo projeto político da elite de Curitiba ostenta orgulhosamente o nome de ‘República’, quando, na verdade, não passa de uma tirania social, ambiental e racial, um verdadeiro apartheid”, diz.

Campanha Despejo Zero no Paraná é organizada pelo MST, MPM, FORT, UMT, FNL, MNLM, MTST, MTD, Levante Popular da Juventude, APP-Sindicato, Casa de Passagem Indígena, Núcleo Periférico, entre outros.

*Editado por Wesley Lima