MST começa a plantar soja orgânica no Mato Grosso do Sul

Agricultores familiares do MST em Sidrolândia (MS) começam o plantio de 100 hectares de soja orgânica; projeto terá duração de 5 anos
Vista aérea do momento do início do plantio de soja orgânica no Mato Grosso do Sul por meio da semeadeira, com a presença das famílias dos agricultores familiares do MST (foto: divulgação/MST)

Por Thainá Regina
Da página do MST

Trabalhadores do assentamento Ernesto Che Guevara, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, começaram a semear soja orgânica nesta última semana de outubro de 2020. A previsão é de plantar 100 hectares, e o projeto terá duração de 5 anos, produzindo soja e milho orgânico em áreas de Reforma Agrária Popular.

Nos últimos anos, o agronegócio se expandiu na grande região Centro-Oeste e o estado do Mato Grosso do Sul é onde ele mais cresceu, ocupando a 5ª maior produção de grãos do país, com crescimento de 6,8% em relação ao ano passado, conforme os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Cultivar soja orgânica em uma região de forte atuação do agronegócio significa ir contra o modelo de produção capitalista, apresentando alternativas para além do transgênico. “Plantar soja orgânica
no estado do Mato Grosso do Sul é fazer o enfrentamento ao agronegócio, e também criar uma alternativa de produção e alimentação de animais. Quando apresentamos a alternativa da soja orgânica, conseguimos dialogar a partir do cuidado com as pessoas, com o meio ambiente, de forma coletiva, preservando nossos espaços”, diz o militante Gaspar Barbosa, do setor de produção do MST.

Plantio é realizado por cooperativa, onde o trabalho e o rendimento são compartilhados

O plantio de soja no assentamento Che Guevara se deu por uma parceria entre as famílias assentadas, que já têm como prática diária a produção de alimentos livres de agrotóxicos. “Plantar em áreas de Reforma Agrária é pensar na renda das famílias, que participam diretamente da produção, e debater a importância da produção orgânica.”

Segundo Gaspar, a produção de soja orgânica do MST no Mato Grosso do Sul encontra um desafio: “é uma experiência no coração do agronegócio, mas é uma forma de enfrentar o inimigo através da agroecologia, através da alimentação livre de agrotóxicos” afirma Gaspar.

A soja orgânica, para além de um modelo alternativo de produção saudável, é também uma forma de geração de renda para as famílias assentadas.

Quando a safra estiver pronta, o grão irá para a comunidade e para a venda no comércio de alimentos orgânicos, bem como para a produção de ovos orgânicos – em que a soja serve de ração saudável para as galinhas criadas sem veneno. Tudo a partir da Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares (Cooperhaf – MS), onde o trabalho e o rendimento são coletivos.

Como forma alternativa, preservando a terra e cuidando das pessoas é que nasce a proposta de plantar soja orgânica, de forma que faça também o enfrentamento à ideia capitalista e assassina do agronegócio que visa o lucro, prejudica a saúde, desmata e mata!

*Editado por Ludmilla Balduino