Epicentro da Pandemia

7 fatos do governo Bolsonaro que levaram o Brasil ao epicentro mundial da pandemia

Medidas adotadas pelo governo federal poderiam ter evitado o Brasil de se aproximar dos 270 mil mortos pela Covid-19. São vidas e sonhos que não voltam mais!
Bolsonaro incentivou carreatas pelo fim do isolamento social em Manaus, que depois enfrentou um colapso funerário e no sistema público de saúde, com a crise de falta de oxigênio nos hospitais e recordes de mortes. Foto: Amazônia Real

Da Página do MST

Após mais de um ano de coronavírus pelo mundo, o Brasil se tornou o epicentro global da pandemia. E registrou nesta terça-feira (9), um novo recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, de 1.972 óbitos.

Nesse ritmo, o balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde indica que o país atingiu 268.370 mortes pela doença. São mais de 268 mil vidas perdidas para o vírus, que interrompeu sonhos e devastou milhares de famílias brasileiras, agora em luto.

Mortes que poderiam ter sido evitadas com medidas adotadas pelo governo federal como o isolamento social, o uso de máscara, investimentos públicos no Sistema Único de Saúde (SUS) para conter a pandemia, pagamento do auxílio emergencial para manter o isolamento social, entre outros. Mas, na contramão da maioria dos chefes de nações, o governo Bolsonaro tem adotado uma política de omissão e genocídio da população, se recusando a adotar medidas nacionais, coordenadas com os estados para combater a pandemia da Covid-19.

Confira 7 fatos do governo Bolsonaro que levaram o país a se tornar o epicentro mundial da pandemia:

1. Negacionismo sobre a gravidade do vírus

Desde o início do coronavírus no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, e após o país se tornar o epicentro da pandemia, o governo Bolsonaro nega a gravidade da doença, minimiza seus efeitos e tenta culpar governadores e prefeitos pelo isolamento social. E também se mostra insensível com o sofrimento de milhares de famílias brasileiras, que perderam seus entes queridos para a Covid-19.

Bolsonaro já classificou a pandemia de “gripezinha”. Com 10 mil mortos sua resposta à população foi de que “não sou coveiro”! Quando o país chegou a marca de 100 mil mortos, Bolsonaro seguiu empurrando os brasileiros para a pandemia, dizendo que era preciso “tocar a vida”. Já ao chegar a 236.397 mortos e o registro diário de 1.452 mortes, o presidente continuou a pressão para que as pessoas não permanecem em isolamento social e saíssem para trabalhar, ao dizer que, “não adianta ficar em casa chorando”. O descaso de Bolsonaro escancara seu projeto de morte e abandono da população e do país, pois tem provocado o aumento das infecções, a sobrecarga do sistema de saúde e o aumento de mortes, entre outros.

Familiares se despedem de vítima da covid-19, em São Paulo. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

2. Campanha contra o isolamento social

O governo Bolsonaro tem realizado constantemente uma campanha contra o isolamento social, acusando governadores e prefeitos de ‘afetar’ a economia por fechar temporariamente o comércio não-essencial e fazer quarentena para impedir o avanço do vírus.

Em março do ano passado, contrariando cientistas, profissionais da saúde e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo lançou uma campanha oficial nas redes sociais convocando a população para voltar às ruas durante a pandemia. A campanha se chamava “O Brasil não pode parar” e foi proibida de circular no dia seguinte pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Bolsonaro incentivou carreatas pelo fim do isolamento social em Manaus (AM) que, em seguida, enfrentou um colapso funerário e no seu sistema público de saúde com a crise de falta de oxigênio nos hospitais, que provocou recordes de mortes. Ainda assim, o presidente segue fazendo campanha contra o isolamento social e o uso de máscaras, estimula carreatas, frequenta eventos e provoca aglomerações.

3. Falta de coordenação do Ministério da Saúde

Durante a pandemia do coronavírus, o Brasil já está no terceiro ministro da Saúde, com o atual general Eduardo Pazuello, militar alinhado ao governo. Até o momento, o ministério se recusa a adotar medidas nacionais para combater a Covid-19 e garantir a vacinação de toda a população, coordenada em parceria com os estados. Ou seja, o ministério não realizou companhas de conscientização sobre a importância do distanciamento social, o uso de máscara, álcool em gel e da vacinação em massa. E foi ineficiente para organizar um Plano Nacional de Imunização, com confusão e atrasos na entrega de doses aos estados e na aplicação da vacina.

4. Atrasos e mentiras sobre a vacina

Somente no ano passado o governo Bolsonaro rejeitou três ofertas da farmacêutica Pfizer para compra de vacinas contra Covid-19. Ao mesmo tempo, o presidente fazia campanha e divulgava notícias falsas contra a eficácia da vacina. Mesmo com a liberação de vacinas pela ANVISA, Bolsonaro continuou negando a eficiência da vacina, ao dizer que: “Afinal de contas, não está nada comprovado cientificamente com essa vacina ainda”.

Segundo informações da Folha de São Paulo, assim, o Brasil deixou de obter ao menos 3 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da Pfizer. As duas primeiras propostas previam vacinas já em dezembro do ano passado para iniciar a imunização dos brasileiros, no mesmo período em que a vacina passou a ser aplicada no Reino Unido e nos Estados Unidos. Conforme o diário, a primeira oferta da farmacêutica ao Brasil ocorreu em 14 de agosto de 2020 e previa 500 mil doses ainda em dezembro de 2020. Quatro dias depois, a empresa teria aumentado a oferta para 1,5 milhão de doses, a serem entregues ao país ainda em dezembro do ano passado.

5. Demora na liberação do auxílio emergencial e cortes de direitos para prorrogar o benefício


Desde o início o governo Bolsonaro criou entraves para discutir o auxílio emergencial; depois queria pagar um benefício de somente R$ 200, mas após passar pelo Congresso Nacional, o valor inicial das parcelas passou para R$ 600. Depois foi reduzia a R$ 300, que foram pagas pelo governo somente até dezembro do ano passado.

Para continuar pagando o auxílio emergencial o governo apresentou ao Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 186, a “PEC Emergencial”, que impõe um arrocho fiscal, aprofundando os cortes de investimentos públicos por parte da União, estados e municípios, enquanto aumenta os benefícios aos bancos e ao mercado.

A PEC foi aprovada na madrugada desta quarta-feira (10) pela Câmara de Deputados. Em troca dos cortes nas contas públicas, a previsão é de que o governo libere um auxílio emergencial de, no máximo R$ 250, por somente quatro meses.

6. Falta de insumos para fabricar vacina

Logo após o início da vacinação no Brasil, o obstáculo seguinte foi a falta de matéria-prima da China para a fabricação de doses. O atraso foi considerado uma resposta dos chineses à política externa do governo Bolsonaro, que desde o início do mandato tem desenvolvido uma campanha preconceituosa e agressiva contra o país.

Com a demora na importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), a previsão de entrega de vacinas, fabricadas no país passou para março. O temor era que, com isso, o Brasil teria que importar doses de outros países, que chegariam aos poucos, em conta-gotas, prejudicando o ritmo da vacinação e mantendo o alto nível de pandemia, ainda por um longo período. Porém, é o que vem se concretizando nesse momento no país.

7. Propaganda de remédios sem eficácia

Contrariando a ciência, Bolsonaro virou “garoto-propaganda” de empresas de medicamentos, fazendo anúncios constantes à população de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina. Em março do ano passado, o Ministério da Saúde publicou um documento com “orientações para tratamento medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19”, que autorizou o uso de cloroquina e da hidroxicloroquina para tratar sintomas leves de pacientes infectados pelo Coronavírus.

Os médicos alertam que entre os efeitos colaterais, esses medicamentos podem causar distúrbios de visão, irritação gastrointestinal, alterações cardiovasculares e neurológicas, cefaleia, entre outros. Segundo informações da Folha de São Paulo, de março deste ano, o presidente da Apsen Farmacêutica, principal fabricante de hidroxicloroquina no Brasil, Renato Spallicci, fechou contratos de empréstimos no valor de R$ 153 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2020, para investir em pesquisa e ampliação da produção. A Folha informou também, que o presidente da Apsen é um antigo apoiador do presidente Bolsonaro. 

*Editado por Fernanda Alcântara