Comida de Verdade

Ser (tão) Caatinga: cores e sabores da resistência no Programa Comida de Verdade

"À sombra do umbuzeiro ou como o povo organizado espantou o fazendeiro" é o tema do programa Comida de Verdade, que celebra a diversidade da Caatinga

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

A Caatinga, bioma do sertão do país, é o único bioma exclusivamente brasileiro, e se estende por todo interior do Nordeste oriental, ocupando 18,3% do território do nordeste brasileiro, também presente nas regiões do extremo Norte do estado de Minas Gerais e Sul do Maranhão e Piauí. Esse verdadeiro patrimônio biológico e cultural é o tema do Programa Comida de Verdade na próxima quarta-feira (28/4).

Como não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta, a Caatinga tem como identidade ser genuinamente brasileira e é marcada não só pelo clima semiárido, mas também pela cultura sertaneja e um espírito de trabalho e partilha que vão além dos biomas e da biodiversidade, subvertendo a imagem de que a caatinga é só seca ou deserto. “[A Caatinga] é rica culturalmente e tem um potencial turístico enorme, mas também que ainda é visto com muito preconceito diante do senso comum e da mídia”, afirma Aline, uma das apresentadoras do próximo Comida de Verdade.

Assentamento São Francisco, em Sobradinho (BA). Foto: Juliana Adriano

Para ela, estar no Comida de Verdade é falar dos frutos da Caatinga e adentrar na cozinha do povo sertanejo e “puxar um tambor”. “Participar do programa Comida de Verdade é adentrar na cozinha do povo, do sujeito brasileiro de todos os cantos “desses Brasis”. E nesse programa em particular, especial da Caatinga, é adentrar na cozinha dos sertanejos que estão localizados nos territórios do bioma Caatinga, que se alimentam, se nutrem, mas também se espelham na resistência das plantas e dos animais para a sua existência nesse território”.

O Programa desta semana também traz o Plano Nacional “Plantar árvores, produzir alimento saudáveis” do MST e comenta como a campanha está inserida na realidade da Caatinga, com agroflorestas e quintais produtivos de árvores simbólicas como o Umbu, considerada árvore da vida que guarda água.

Jovens do Assentamento Oziel Alves, em Mossoró/RN finalizam a construção de viveiro de mudas nativas e frutíferas da Caatinga. Foto: MST no RN

“A culinária popular, tradicional desses Brasis é muito diversa. E a Caatinga tem tudo a ver porque comida de verdade fala de gente simples, de comida feita de forma tradicional e simples, com os nutrientes que a gente tem no quintal, que a gente tem no lote, nas áreas de reserva, do Umbuzeiro”, lembra Aline.

O programa também está repleto de informação e cultura com dicas de saúde e alimentação, como as feiras que abastecem os municípios menores da Caatinga. A cultura do cangaço ocupa a parte do visual, a partir da estética do programa que traz o cordel, Aboio, Xilogravuras e Repente para alegrar o final da tarde de quarta.

“Comida de verdade também tem tudo a ver com a Caatinga porque estamos falando de comida resistente, de comida popular, de comida para nutrir o corpo, mas também nutrir a alma, nutrir a luta em defesa da Reforma Agrária Popular. E, em particular nesse período de pandemia, também nutrir e oxigenar a vontade de ter um Brasil justo e igualitário, com comida tanto no campo como também na cidade”, conclui Aline.

Serviço

Quer entender mais sobre a Caatinga e porque ela têm tudo a ver com o Programa Comida de Verdade?

Então não esquece: é quarta-feira (28/04), às 19h00, nas redes sociais do MST e outros parceiros.

Confira os programas anteriores AQUI!

*Editado por Solange Engelmann