Solidariedade

“União Solidária” prepara doação de alimentos, gás e mutirão de horta comunitária em Curitiba

Ação será neste sábado (12/6), nas vilas Pantanal e Chacrinha, no Alto Boqueirão, em Curitiba (PR)
União Solidária no Sabará, em junho de 2020. Foto: Giorgia Prates

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST

A ação conjunta de várias entidades irá levar 500 cestas de alimentos e 100 cargas de gás a famílias em situação de vulnerabilidade social das vilas Pantanal e Chacrinha, no Alto Boqueirão, em Curitiba, neste sábado (12). Batizada de “União Solidária”, a iniciativa vem sendo realizada desde junho de 2020 em ajuda humanitária a quem enfrenta a fome e o desemprego neste período de pandemia. 

A maioria das famílias das comunidades enfrenta dificuldade para garantir comida na mesa. Somado a isso, parte das moradias ainda sofre com a falta de energia elétrica. A Unidade de Saúde local também está desativada há meses, o que dificulta o acesso a atendimento neste período de crise sanitária.  

União Solidária no Tatuquara (Curitiba), em abril de 2021. Foto: Valmir Fernandes/ MST no PR

A maior parte dos alimentos doados são adquiridos diretamente com cooperativas da Reforma Agrária do Paraná, vindos de áreas de assentamentos e acampamentos do MST. Cerca  de 3 toneladas de alimentos serão doadas por famílias acampadas e assentadas em comunidades do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Castro, Teixeira Soares e Lapa. 

As cargas de gás de cozinha vêm de doações dos trabalhadores da Petrobrás, que defendem a redução dos preços deste item essencial à sociedade, com o fim da política de valores atrelada ao dólar e à variação do barril do petróleo no mercado internacional, chamada de PPI (Preço de Paridade de Importação). O país possui reservas de petróleo e refinarias, o que possibilita a prática de preços baseada na produção nacional. 

Ao longo de toda a ação serão cumpridos os protocolos de prevenção da Covid-19. As doações serão entregues a famílias cadastradas com antecedência por organizações das próprias comunidades. Para evitar aglomerações, a entrega dos alimentos será com distribuição de senhas, horários pré-estabelecidos e organização de distanciamento nas filas. O uso de máscara e de álcool em gel também estão sendo recomendados às pessoas que irão receber os itens. 

Horta comunitária 

União Solidária no Sabará, maio de 2021. Foto: Wellington Lenon/ MST no PR

Junto com a entrega das doações, também será realizado um mutirão para a criação de uma horta comunitária na vila Chacrinha, com 1.700 metros quadrados e pelo menos 50 canteiros de verduras e legumes, além do plantio de 150 mudas de árvores nas duas comunidades e revitalização da praça do Pantanal. 

O preparo dos plantios têm orientação técnica de integrantes da Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), e máquinas da Cooperativa Terra Livre, ambas localizadas no assentamento Contestado, da Lapa. O objetivo é que a horta complemente a alimentação das famílias da comunidade. 

A ação é realizada pelo MST; Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro-PR/SC); Comissão da Dimensão Social da Arquidiocese de Curitiba; Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR); Produtos da Terra; Coletivo Marmitas da Terra; APP-Núcleos Curitiba Norte e Sul; e Partido dos Trabalhadores do Paraná (PT-PR). 

Iniciativas da “União Solidária” começaram em junho de 2020, e levaram alimentos e gás a diversas comunidades de Curitiba e região metropolitana. A mais recente ocorreu na vila Sabará, no dia 1 de maio, com a partilha de 560 cestas de alimentos e 100 cargas de gás. Também houve mutirão para a criação da Agrofloresta Papa Francisco, que está sendo mantida pelo Centro de Integração Social Divina Misericórdia (CISDIMI).

Pandemia, desemprego e fome em alta 

União Solidária no Tatuquara, em abril de 2021. Foto: Valmir Fernandes/MST no PR

Curitiba está em bandeira vermelha desde o dia 29 de maio, devido à nova onda de agravamento dos números da pandemia na cidade. Passados quase 10 dias, os dados mostram uma leve redução dos casos, no entanto, ainda há fila de espera por leitos de UTI. As maiores restrições de circulação, a lentidão na vacinação e a falta de auxílio emergencial para toda a população sem renda agravam a situação de desemprego e falta de alimento na mesa. 

Em todo o país, são mais de 14,2 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Já a população que está fora da força de trabalho soma 76,3 milhões. 

Pelo menos 19 milhões de brasileiros passam fome e 116,8 milhões de pessoas, mais da metade dos domicílios no país, enfrentam algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa é da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), divulgada no início de abril. 

Somado ao gesto humanitário, a “União Solidária” deste sábado também cobra o direito à vacinação imediata para toda a população, a defesa do SUS e o auxílio emergencial de R$ 600 para cada trabalhador sem renda. 

Solidariedade Sem Terra na pandemia 

Desde o início da pandemia da Covid-19 o MST está em campanha de solidariedade a quem enfrenta a fome neste período de pandemia. Em todo o país, mais de 4 mil toneladas de alimentos já foram partilhadas. Somente no Paraná foram mais de 683 toneladas doadas até o final de maio, além de 60 mil marmitas distribuídas em Curitiba e região. 

*Editado por Fernanda Alcântara