Frente Parlamentar
Em café com parlamentares, MST reforça luta contra Bolsonaro
Por Janelson Ferreira
Da Página do MST
Na manhã desta terça-feira (14), o Movimento Sem Terra reuniu-se com parlamentares parceiras/os do Congresso Nacional. O encontro, que ocorreu em Brasília, buscou abordar a conjuntura de enfrentamento ao governo Bolsonaro e a ofensiva conservadora contra os movimentos sociais no parlamento.
O café da manhã também serviu para fortalecer a unidade entre o Movimento e parlamentares do PT, PSOL, e PDT, que estão na linha de frente de enfrentamento a retrocessos impostos pelas bancadas conservadoras do Congresso e pelo governo federal.
Na atividade, João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, contribuiu com a socialização da leitura que o Movimento está fazendo da atual situação da luta de classes no Brasil. Para o dirigente, as crises econômica e sanitária, com pandemia da covid-19, além das ações do STF, combatendo a Lava-Jato, dificultaram o governo Bolsonaro.
“Nosso programa, baseado na defesa do Fora Bolsonaro, auxílio emergencial e vacina já, se mostrou acertado. Foi fundamental não termos abandonado a rua”, afirmou Rodrigues. Contudo, o Sem Terra alerta para o fato de que a direita bolsonarista também demonstrou capacidade de mobilização. “A rua não é só mais nossa, existe, concretamente, uma direita fascista com poder de ação no Brasil”, aponta.
Rodrigues também afirmou que o país passará por um momento de incertezas econômicas. De acordo com o dirigente, “a crise chegou na mesa do trabalhador, e a agenda deles, de privatizar tudo, cada vez mais se mostra fracassada”. Neste contexto, o Sem Terra analisa que o cenário tende a piorar. “Vamos viver uma das maiores crises de abastecimento dos últimos tempos, devido ao fator climático, à diminuição da área de alimentos plantados e pela ausência de políticas públicas que impulsionem a produção de alimentos”, destaca.
Segundo o grupo de pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Alemanha, 125,6 milhões de brasileiros sofreram com insegurança alimentar durante a pandemia. Já a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) afirma que 23,5% da população brasileira, entre 2018 e 2020, deixou de comer por falta de dinheiro ou precisou reduzir a quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos.
O dirigente do MST apontou, durante a atividade, o papel do Movimento diante do próximo período. “Precisamos contribuir na construção da unidade da esquerda e na formação de quadros para a tarefa política”, assinala. Rodrigues destacou a produção de alimentos como uma das tarefas centrais do MST na atual conjuntura. “Mesmo sem crédito, sem políticas públicas, devemos seguir reafirmando a Reforma Agrária Popular por meio da produção de alimentos saudáveis para a classe trabalhadora”, finaliza.
Desde o começo da pandemia, o MST já doou mais de 5 mil toneladas de alimentos saudáveis em todo Brasil.
Antonia Ivoneide, da direção nacional do MST, lembrou a necessidade dos parlamentares seguirem atuando em defesa dos direitos do povo, sobretudo, no que ameaça a permanência em seus territórios. “Na Câmara há uma desregulamentação das leis para tirar os direitos dos povos nos territórios, que vai desde a lei de antiterrorismo até o pacote do veneno. Sem contar que continuamos com a ameaça constante dos despejos, tanto da polícia, quanto da milícia”, lembrou Ivoneide.
Parlamentares ressaltaram aliança com Movimentos Sociais
O Deputado Federal Bohn Gass (PT-RS), líder do PT na Câmara, destacou o papel dos movimentos sociais frente à ofensiva do fascismo. “Necessitamos reforçar os movimentos frente à ofensiva. Neste sentido, foi muito importante nos posicionarmos no 7 de setembro, durante o Grito dos Excluídos”, afirma o deputado.
No último 7 de setembro, milhares de pessoas foram às ruas por Fora Bolsonaro durante o Grito dos Excluídos. Mais de 300 mil pessoas protestaram em cerca de 200 municípios em território nacional e estrangeiro, conforme estimativa da Campanha Nacional “Fora Bolsonaro”, agremiação de mais de 80 entidades que convocam manifestações desde maio deste ano.
Gass também refletiu acerca da urgência do impeachment de Bolsonaro. “A única chance de volta da democracia é com o impeachment de Bolsonaro. Por isto, temos uma tarefa fundamental de construirmos o 2 de outubro“, afirmou o deputado.
Carlos Zarattini (PT-SP) assinalou a necessidade das organizações de aumentarem o diálogo com o todo da classe trabalhadora. “Devemos dialogar com a classe trabalhadora que ainda defende Bolsonaro. Não temos outra saída que não seja organizar a mobilização nas periferias, nas cidades menores, fazendo um processo maior de participação”, disse Zarattini.
Neste sentido, Valmir Assunção (PT-BA) lembrou que as bandeiras da esquerda ainda são minoria na sociedade. “Não é por isso que vamos abandonar nossas bandeiras e parar de lutar. A disputa eleitoral tem que ajudar a gente a debater estas bandeiras”, explica.
João Paulo Rodrigues destacou a importância do momento histórico atual. “A esquerda se preparou, ao longo dos anos, para o bom combate. Os combates chegaram, vamos à luta”, finalizou.
Confira a lista das/os parlamentares que estiveram presentes no café:
Airton Faleiro (PT-PA)
Bohn Gass (PT-RS)
Carlos Veras (PT-PE)
Carlos Zarattini (PT-SP)
Célio Moura (PT-TO)
Enio Verri (PT-PR)
Érika Kokay (PT-DF)
João Daniel (PT-SE)
Nilto Tatto (PT-SP)
Paulo Pimenta (PT-RS)
Reginaldo Lopes (PT-MG)
Valmir Assunção (PT-BA)
Vivi Reis (PSOL-PA)
Wolney Queiroz (PDT-PE)
*Editado por Fernanda Alcântara