Marighella

No CE, Cine São Luiz recebe pré-estreia do filme Marighella com movimentos populares

Evento em Fortaleza contou com presença do diretor Wagner Moura e movimentos populares, dentre outros
Foto: Arquivos Cineteatro São Luiz/ Guilherme Silva

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Na noite deste terça-feira, 26, aconteceu a pré-estreia do filme “Marighella” no Cineteatro São Luiz, no centro de Fortaleza. O evento contou com presença do diretor Wagner Moura,  Maria Marighella, neta de Carlos Marighella e atriz que também compõe o elenco, o Secretário de Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, além um público massivo de movimentos populares dentre outros.

Antes da seção iniciar houveram algumas falas breves sobre a arte retratando a história, a memória da luta armada no Brasil e a luta pela manutenção da democracia. Movimentos populares realizaram intervenção com palavras de ordem Fora Bolsonaro e, no final, com uma faixa com a frase “Levante-se contra censura”.

Joyce Ramos, da Consulta Popular, destaca a importância da participação dos movimentos populares na pré-estreia. “Nós, militantes sociais, estávamos na expectativa de assistir o filme, tendo em vista que esse filme já deveria ter sido lançado, porém, por conta do descaso do governo federal em relação a cultura, ainda não tínhamos tido a oportunidade de poder assistir. Essa pré-estreia é muito importante pra nós, esse espaço, em especial para a militância dos movimentos populares que estão tendo a oportunidade de assistir um filme que retrata a biografia política e social de Carlos Marighella, um revolucionário, um militante que no seu tempo pode nos deixar o legado de luta, de resistência, mas também de formação política e de grande capacidade de mobilização social”.

“Participar da pré-estreia do filme é muito importante, porque reivindicamos o legado de Marighella, um grande lutador do povo brasileiro que protagonizou momentos importantes no combate a ditadura. Para a juventude e os movimentos populares do Brasil é importante para se re-esperançar e renovar nossa mística na luta e na construção da revolução brasileira” afirma Amanda Primo, do Levante Popular da Juventude.

Fabiano Piúba, Secretário da Cultura do Estado do Ceará, reforça as mensagens. “Estamos aqui com nossos corações democratas como canta Moraes Moreira, a cada momento que pomos o pé, a mão, nossas asas, nossos corpos e espírito em um lugar, estamos exercendo o direito a democracia plena, estamos vivendo um processo de redemocratização do Brasil. Marighella faz parte dessa redemocratização, traz uma memória não só da ditadura civil militar, diz muito mais dos tempos de agora, tempos sombrios, em 4 verbos “aguar, aquilombar, reflorestanear, reexistir”. Marighella nos traz isso, estamos aqui pra exercer esse direito a democracia plena através das artes e da democracia, Marighella Presente!”.

Foto: Arquivos Cineteatro São Luiz/Guilherme Silva

Já o diretor do filme Wagner Moura relata sobre o incomodo gerado pelo filme. “Nosso filme incomoda aos amantes da ditadura militar. Sem dúvidas houve censura, somos um país governado hoje por gente saudosista da ditadura, que insufla sua militância a ir as ruas pedir a volta do AI-5, da ditadura, pra derrubar o supremo, um governo de pessoas com características antidemocráticas. A polêmica toda com relação a Marighella se dá porque a gente vive hoje em um momento em que uma obra da cultura, uma obra artística, é atacada pelo o governo, pelo presidente, por seus filhos”.

Wagner Moura destaca ainda o legado do ativista. “Marighella foi um dos maiores lutadores da luta por justiça social, por democracia, pelos direitos dos trabalhadores, por todas as lutas com as quais os movimentos se conectam. Eu penso que os legados das lutas sociais vêm de vitórias, de muitas conquistas. O que se convencionou a chamar de derrota é uma coisa que precisa ser reavaliado pela história: olhando pra história, Palmares foi derrotado, Canudos foi derrotado, os Malês foram derrotados, a luta armada no Brasil foi derrotada. Marighella foi assassinado, mas o que seria do país sem essas pessoas, sem essas lutas, sem o legado dessas pessoas? É difícil pensar na existência dos movimentos sociais no Brasil tal qual são hoje sem a luta dos que nos antecederam, e a luta do MST, MTST, da Coalisão Negra por Direitos, dos povos indígenas, quilombolas, a luta destas pessoas hoje  também vão gerar sementes para o futuro”.

Inspirado no livro “Marighella – O Guerreiro que incendiou o mundo”, do Jornalista e escritor Mario Magalhães, o longa de Wagner Moura narra os últimos anos do ativista baiano Carlos Marighella. O lançamento do filme teve sua estreia adiada por 2(dois) anos e será lançado no dia 04 de novembro, data que marca o assassinato do militante, guerrilheiro e ativista político Carlos Marighella.

O filme estará em cartaz no Cineteatro do dia 04 a 19 de novembro. Serão exibidos em 19 sessões, ingressos R$ 10 inteira e R$ 5 meia, os ingressos estarão disponíveis a partir do dia 28 de outubro. Durante as seções será mantido as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) com o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.

Confira programação e convidados na exibição do filme Marighella em assentamento do MST AQUI.

*Editado por Fernanda Alcântara