Lutas Populares

Ato em defesa da Reforma Agrária Popular lembra a luta de Marighella

Atividade antecede a exibição do filme Marighella no assentamento Jacy Rocha, em Prado (BA)
Ato reúne movimentos, organizações e diversas entidades no assentamento Jacy Rocha, na Bahia. Foto: Bruno Boca

Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

Na tarde deste sábado (6), ocorreu o Ato em Defesa da Reforma Agrária, com a presença de parceiras e parceiros do MST. A atividade aconteceu no assentamento Jacy Rocha, no município de Prado, extremo sul da Bahia. O Ato esteve inserido na programação que ocorre junto à exibição do filme “Marighella” no assentamento.

O Ato buscou reafirmar a Reforma Agrária Popular como um projeto para o campo e que sua conquista passa pela aliança com a classe trabalhadora que vive nas cidades. Além disso, destacou a importância do lançamento do filme “Marighella” diante do contexto político, social e econômico que o Brasil passa.

João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, ressaltou o caráter político da atividade. “Este é um ato por Fora Bolsonaro também, porque não aceitamos a fome como algo normal. Por isso, assim como Marighella fez, vamos continuar lutando, lutando contra este governo”, afirmou Rodrigues. O dirigente também lembrou o vínculo da luta do revolucionário com o Movimento Sem Terra. “Aquele mundo que Marighella sonhou é o mundo que o povo Sem Terra luta para construir, um mundo sem exploradores”, finalizou.

O secretário do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Júnior, presente na atividade, lembrou que a construção de um projeto popular para o país passa pela luta do campo. “Nós queremos ser felizes, ter comida na mesa, emprego, que nossos filhos tenham acesso à universidade, tenham acesso à moradia, e tudo isso passa pela luta do campo, pelos movimentos sociais”, explicou.

Mística de abertura do Ato. Foto: Bruno Boca

Orlando Silva, Deputado Federal (PCdoB-SP), refletiu acerca da luta do MST. “A luta do Movimento vai além da luta por ocupação de terra, por Reforma Agrária, mas é também um Movimento que aponta o caminho para construção de um outro projeto histórico de sociedade”, disse o deputado.

Valmir Assunção, Deputado Federal (PT-BA), destacou a relevância de Marighella para a história do país. “Estamos aqui para nos encontrarmos com o maior lutador e revolucionário que este país conheceu: Marighella”. E continua Assunção: “Nós nascemos para lutar, mas também para triunfar e não é a direita ou Bolsonaro que vão impedir o sonho da gente”, refletiu o parlamentar.

“O sangue de Marighella não foi em vão”, apontou a Deputada Estadual do PT-RJ, Zeidan, que ressaltou o caráter celebrativo da atividade. “Celebramos a vida de Marighella e vamos continuar sua luta contra este governo fascista que temos hoje”, disse.

Júlia Aguiar, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), resgatou o processo de apagamento da história do povo brasileiro. “Vivemos num país que esconde a história daqueles que lutam. Por isso, é importante nos reunirmos hoje, porque este filme conta a história de quem luta”.

A Presidente Nacional do PT e Deputada Federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, apontou a possibilidade de superação deste momento político. “Vamos superar Bolsonaro, vamos vencer esta página triste da história e devolver o Brasil para o povo brasileiro. Pegaremos esta coragem de Marighella para enfrentarmos esta luta contra Bolsonaro”, finalizou.

“Vamos superar Bolsonaro”, destacou presidenta do PT. Foto: Bruno Boca

O Ato em Defesa da Reforma Agrária também teve a presença de parceiros de universidades e institutos. Adriana Marmori, reitora da Universidade Estadual da Bahia, destacou que é necessário “reacender a esperança por um país em que o fascismo e o negacionismo sejam, de fato, derrubados.”

Já Joana Guimarães, reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), destacou o papel do Movimento Sem Terra na luta da classe trabalhadora. “Com o MST aprendemos sobre a luta por uma sociedade mais justa e temos muito que aprender”, apontou a reitora. Evandro do Nascimento seguiu a mesma reflexão: “O MST também produz conhecimento, no dia a dia, nos lotes, nas escolas e precisamos aprofundar esta troca com a universidade”, lembrou.

Resistência

No último domingo (31), cerca de 20 homens encapuzados e fortemente armados invadiram um dos assentamentos localizados no mesmo município onde será feita a exibição do filme Marighella. Outro atentado ocorreu na madrugada desta terça-feira (2), com uma contínua ronda de motos e tiros disparados por milicianos dentro do assentamento Fábio Henrique, também localizado em Prado. As famílias que tiveram suas casas invadidas neste domingo, onde duas adolescentes foram feitas de refém, denunciam que continuam sendo ameaçadas de morte.

No Ato em Defesa da Reforma Agrária, que ocorreu neste sábado, o Deputado Federal Valmir Assunção lembrou do confronto histórico que existe na região. “Desde a primeira ocupação aqui na Bahia, em 1987, a direita combate a gente”, denunciou. “ Marighella era um homem negro e a direita não aceitou. Em pleno novembro negro, é muito simbólico e nos dá força assistirmos este filme junto com aqueles que lutam como ele”, destacou.

Plenária do Ato. Foto: Bruno Boca

Filme “Marighella” será exibido nesta noite

Após o Ato em Defesa da Reforma Agrária, será exibido o filme “Marighella”. O filme é a estreia de Wagner Moura na direção de um longa-metragem, que foi adiado por dois anos no Brasil, mas que está nos cinemas desde a última quinta (4). O ator e diretor é presença confirmada na exibição no assentamento.

Parte do elenco também estará presente na exibição e no bate-papo sobre o filme, como Vanessa Cardoso, Felipe Fernandes, Herson Capri, Pastor Henrique Vieira, Bella Camaro e Maria Marighella, atriz, vereadora da cidade de Salvador e neta de Carlos Marighella.

*Editado por Wesley Lima