Denúncia

MST repudia tentativa de criminalização de famílias Sem Terra na Bahia

Repúdio à fala de prefeito de Luíz Claudio Miranda Pires, em Ruy Barbosa/BA
Foto: Gustavo Marinho

Da Página do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem a público manifestar repúdio à tentativa de criminalização às famílias Sem Terras Acampadas no município de Ruy Barbosa, e à fala do Prefeito do município, Luíz Claudio Miranda Pires, que em entrevista à Rádio RB Líder 103.7 FM, falou contra o acampamento do MST no município.

O prefeito afirmou que ele e o município não irá apoiar um movimento de invasão, mencionou o nome de algumas pessoas do acampamento e solicitou que as famílias acampadas saíssem da terra, alegando ser uma área pequena que por “não ser uma propriedade adequada para a Reforma Agrária” os proprietários não queriam vendê-la.

Só que, ao contrário do que o prefeito falou em entrevista à rádio, a terra ocupada no dia 23/10 onde as famílias estão acampadas, pertence à Igreja Católica, e a igreja concentra no município, uma área de mais de 12 mil hectares improdutivas.

As famílias Sem Terra não invadem terras, e sim, ocupam terras improdutivas que não cumpre com sua função social. Essas terras, conforme garante a constituição, devem ser desapropriadas e destinadas para fins de Reforma Agrária.

A direção do MST nunca foi procurada pelo prefeito para tratar do descaso social que tem ocorrido no município. Entre os anos 2018 a 2020, famílias naturais de Ruy Barbosa que estavam acampadas próximas ao município, no Acampamento Olga, uma área antes improdutiva que não cumpria sua função social, foram perseguidas por capangas a mando de fazendeiros, sofreram vários despejos violentos e nunca o prefeito se pronunciou.

Recentemente, no dia 23/10, as famílias Sem Terra do município ocuparam a área improdutiva, pertencente à Igreja Católica, e em menos de 6 dias, homens armados invadiram o acampamento e agrediram os acampados. Ao tentarem registrar um boletim de ocorrência, as famílias não foram bem recebidas na delegacia, só pelo fato de serem pessoas acampadas que estão lutando para conseguirem a terra e assim poder cultivar o pão.

A direção do MST jamais poderia imaginar que a Igreja Católica iria permitir que homens encapuzados, altas horas da noite, invadissem acampamento para atentar contra o próprio povo. Povo esse, que só querem produzir e garantir o pão em suas mesas, garantir o sustento de suas famílias, e que entende que Deus deixou a terra para o povo tirar dela o seu sustento.

O MST está aberto a um diálogo com o representante da área, mas repudia toda e qualquer tentativa de criminalização das famílias acampadas, e se indigna com a fala do Prefeito Luíz Claudio Miranda Pires, que já está a mais de quatro anos como prefeito e nunca desapropriou uma área para as famílias que precisam cultivar a terra.

Com a atual crise econômica e política que o país está passando, alta dos preços do gás e dos alimentos, e um presidente que só governa para os ricos, a única alternativa que a população mais pobre ver é ocupar terra para fazer a Reforma Agrária. O Movimento acredita que a igreja e os padres precisam estar ao lado do povo, que a delegada do município e a justiça deva ser imparcial, e que o prefeito de Ruy Barbosa deveria olhar mais para a população de sua cidade, compreender as necessidades do povo que precisam da terra para produzir alimentos saudáveis e desapropriar áreas improdutivas para essas famílias.

Enquanto houver latifúndios improdutivos que não cumpre com sua função social, e pessoas precisando de terra para produzir e garantir o sustento de suas famílias, o MST continuará ocupando.

Ruy Barbosa/BA, 18 de novembro de 2021

*Editado por Fernanda Alcântara