Violência no Campo

Grupo fortemente armado ameaça famílias do MST no extremo sul da Bahia

Sem Terras do acampamento Fábio Henrique, no extremo sul do estado, relatam momentos de terror
Atentado contra famílias Sem Terra do acampamento Fabio Henrique, no município do Prado (BA), em outubro deste ano. Foto: MST/ BA

Da Página do MST

Na manhã de ontem (30), na tentativa de retomada de áreas do acampamento Fábio Henrique, um grupo de cerca de 20 homens encapuzados e fortemente armados tentou novamente expulsar as pessoas do acampamento. As famílias Sem Terra avançaram contra os invasores, que em razão do grande número de pessoas se refugiaram na mata.

O grupo permanece armado e promete retornar com um poder de fogo ainda maior para expulsar as famílias do acampamento. Na casa onde o grupo se abrigava foram encontrados vários recipientes de coquetel molotov, objetos usados no atentado do último dia 30 de outubro deste ano para incendiar dois ônibus e outros veículos.

O acampamento Fábio Henrique foi ocupado por cerca de 173 famílias no ano de 2008. O imóvel rural denominado “Fazenda Pombo Roxo e Campina” é de propriedade da antiga Fíbria Papel Celulose atual Suzano. No entanto, em razão dos acordos firmados pelo MST, Governo do Estado da Bahia, INCRA e a empresa, para solução dos conflitos agrários no extremo sul baiano, ficou definido que o poder público desapropriará a área para destiná-la a reforma agrária.

Desde então as famílias estão no acampamento aguardando a desapropriação da área. No entanto, o cenário de paralisação da reforma agrária tem sido desanimador para as famílias, sendo fato que, no atual governo, nenhuma área foi desapropriada para fins de reforma agrária. Além disso, o discurso de ódio destinado ao MST e à reforma agrária pelo presidente Bolsonaro tem incentivado a organização de milícias rurais armadas com objetivo de provocar pânico e terror nos assentamentos e acampamentos da região.

Mesmo diante disso, as famílias permanecem organizadas no acampamento para garantir o acesso à terra e a realização da reforma agrária. Além disso, esperam que o Estado adote todas as medidas necessárias para garantir a vida, a integridade física e a liberdade de ir e vir das famílias acampadas.

*Editado por Fernanda Alcântara