Solidariedade

MST RS doa mais de 50 toneladas de alimentos nesse Natal Sem Fome

Assentados de todo o estado compartilharam suas produções com as famílias da periferia
MST no Rio Grande do Sul em ação de solidariedade no último domingo (19). Foto: Maiara Rauber.

Por Maiara Rauber
Da Página do MST

“Nós do MST não naturalizamos a fome. Não é natural milhares de pessoas não terem um prato de comida em sua mesa, no seu dia a dia”, pontua Geronimo da Silva, dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Rio Grande do Sul. No estado gaúcho, as famílias Sem Terra arrecadaram mais de 50 toneladas de suas produções e compartilharam com diversas famílias em situação de vulnerabilidade social.

Ontem (19), na região metropolitana de Porto Alegre, o MST realizou um ato de solidariedade em três cozinhas comunitárias da Lomba do Pinheiro. Em cada local, mais de 100 pessoas estiveram presentes e receberam uma marmita e um quilo de arroz orgânico cada uma. No entanto, a maioria dos alimentos arrecadados foram e serão distribuídos para mais de 38 cozinhas comunitárias, 30 associações e instituições da periferia de Porto Alegre, Canoas e Gravataí. Essa ação faz parte da Campanha “Natal Sem Fome: Cultivando Solidariedade para Alimentar o Povo!”, organizada pelo MST que seguirá até o início de janeiro de 2022.

“Queremos chegar nesse final de ano fazendo ações de esperançar, ações que colocam uma perspectiva de futuro para essas pessoas. A nossa campanha de solidariedade perpassa o Brasil inteiro, envolvendo trabalhadores e trabalhadoras de todo o país”, explica Silva. De acordo com ele, os camponeses do movimento reforçam a importância da partilha dos alimentos, especialmente no Natal, pois para eles é fundamental que todas as famílias possam ter uma ceia neste momento. 

A liderança Geisa Soares Farias, da comunidade Esmeralda, na Lomba do Pinheiro, fala sobre a importância desses alimentos para as cozinhas comunitárias em que ela ajuda a coordenar.  “É muito gostoso trabalhar com o MST, juntos conseguimos ajudar o próximo e isso é sempre lindo. Por isso quero agradecer, pode ter certeza que essa doação fez toda a diferença para tantas famílias, ainda mais nessa época de Natal, saber que eles vão ter o que colocar na mesa nesse Natal é muito gostoso”, relata a moradora.  

Já Zailde Silva, do Núcleo Recreio da Divisa, também na Lomba do Pinheiro, e integrante do Comitê Gaúcho de Combate à Fome, fala sobre o valor de poder contar com a ajuda de parceiros como o MST para amenizar a crise que atinge a periferia.  “A nossa comunidade é uma das mais carentes, e se não fosse esse auxílio, tudo seria muito pior. Então quero agradecer em nome de toda a comunidade que foi beneficiada, muito obrigada MST e demais colaboradores que estão na luta, na batalha para dar um pouquinho de dignidade para essas famílias”, explana.

“As pessoas continuam com fome, continuam desempregados, continuam na margem, por isso a importância desse trabalho junto com o MST e a CUT, é um troço fantástico, as pessoas se sentem um pouco mais seguras”, assinala Pedro Rubens Nascimento, cozinheiro e morador da Vila Mapa. Ele reforça que esse deveria ser um trabalho prestado pelo governo, no entanto são os trabalhadores que realizam essas ações voluntárias. “Essa ação do Natal, próximo às festas, deixou as pessoas deslumbradas, elas ficaram muito contentes, muito agradecidas”, completa Nascimento.

A tarefa dos Sem Terra é  produzir alimentos e distribuí-los. “Nós entendemos que a fome não pode ser um problema individual, de uma pessoa, de duas, ou só dessas pessoas que estão passando fome, tem que ser tratada de uma forma coletiva, é por isso que nós fizemos as ações coletivas de solidariedade com as famílias urbanas e essa parceria campo e cidade”, relata Geronimo.

Para ele é preciso reforçar que alimentar-se é um ato político e que esse trabalho solidário também é organizativo. “Não estamos entregando alimentos aleatoriamente, nós temos uma forma de organização que fortalece a organização interna das comunidades, fortalece as lideranças e leva de fato o alimento para as pessoas, mas leva também o povo a lutar por seus direitos”, relata Silva.

Foto: Maiara Rauber.

Rio Grande do Sul 

Na Região Sul do Rio Grande do Sul, as famílias Sem Terra também realizaram doações de máscaras e alimentos agroecológicos da Reforma Agrária. Mais de 1000 famílias serão contempladas na região, entre elas pessoas em extrema vulnerabilidade social, indígenas e quilombolas. Só em Pelotas será entregue cerca de 4 toneladas.

Já na Região Norte, os camponeses do MST doaram aproximadamente 2600 kg de alimentos. Esses produtos foram organizados em 100 cestas e entregues para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Na Região Centro, também será realizada uma doação de aproximadamente 4 toneladas de alimentos oriundos de assentamentos da Reforma Agrária.

Em São José do Norte, foi distribuído cerca de 155 kg de arroz orgânico, para mais de 60 famílias da periferia.

Na fronteira, em Santana do Livramento, as famílias seguem arrecadando alimentos. Por lá as doações vão ocorrer após o Natal.

O MST/RS tem o compromisso de continuar com as ações mensais de solidariedade para o próximo período. Desde o início da pandemia, as famílias Sem Terra do estado já doaram aproximadamente 600 toneladas de suas produções.

*Editado por Maria Silva