Solidariedade Sem Terra

“Presenciei a força e a violência da água, mas também vi pessoas nos ajudarem”

Moradora de Itamaraju (BA), Ione Miranda, que perdeu sua casa nas recentes enchentes da Bahia, conta como as ações de solidariedade do MST ajudaram a enfrentar aquele momento difícil
Ione Ferreira Polo Miranda, moradora do bairro Beira Rio, em Itamaraju (BA). Foto: Arquivo pessoal

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

“Eu presencie, pela primeira vez, a veracidade da força e a violência da água, nunca imaginei vivenciar isso em minha vida. Mas também eu vi pessoas levantando e nascendo, pessoas de todos os lugares para nos ajudarem”. A fala é de Ione Ferreira Polo Miranda, 51 anos, mãe de um filho, moradora de bairro Beira Rio no município de Itamaraju-Bahia.

A história das enchentes na Bahia é de gente que perdeu para água, mas o espírito de sacrifício de muitas pessoas ajudaram a seguir. Assim descrevemos a história de Ione, filha de Itamaraju, mas que morou muito tempo fora do município para estudar e retornou para casa. Fez o antigo magistério, formada em administração apaixonada pelos números, professora de escola particular, sonhava em ter um filho, realizou o sonho aos 40 anos, após o nascimento de seu filho decidiu ficar em casa para cuida do filho.

Ione, neta de Ângelo Polon, veio para Itamaraju escondido aqui ergueu a sua vida e família, se tornando pioneiro do município de Itamaraju. Ione teve a sua casa invadida pela água no último dia 09 de dezembro de 2021, nas fortes enchentes que ocorreram na Bahia, as maiores desde 1961, deixado mais de 91 mil desabrigados e 629 mil afetados no estado, de acordo com a defesa civil da Bahia.

“Neste momento de medo e desespero a gente tem oportunidade de perceber como Itamaraju é uma cidade sofrida, mas com pessoas lutadoras e de povo guerreiro”, diz Ione emocionada. Ela e outras 10 pessoas tiveram tudo perdido pelas enchentes e ficaram hospedadas em uma igreja evangélica, recebendo ações de solidariedade de vários segmentos no município, inclusive do MST, que deu o suporte em alimentação com a entregar de marmitas diárias.

Ione lembrar que não apenas ela, mas outras famílias que residem no Bairro Beira Rio, Vale do Jucuruçu e outros bairros que perderam tudo, inclusive a sua mãe que perdeu a casa, não teve nem como voltar para casa.

“Fiquei noites sem dormir, sem acredita no que aconteceu, quando caiu a ficha que não tinha uma mesa para toma café, uma cama para dormir e fogão para prepara alimentação. Encontrei pessoas da militância do MST, que nos visitaram, disponibilizaram o celular e se colocaram à disposição.”

Após quase dois meses, as famílias Itamarajunse continuam em situação de vulnerabilidade, a nossa cidade está destruídas. Há pessoas com muita alimentação, mas sem fogão para cozinha, colchão para dormir, casa para chamar de sua.

Assim como Ione, que vem vivenciando essa reconstrução de Itamaraju, dona Edeltrudes Pereira Santos dos Reis de 64 anos, natural do Piau-MG, e já mora no município de Itamaraju há mais de 30 anos, mãe de dois filhos e avos de 9 netos, funcionária da prefeitura na função de serviços gerais. Ela também conta emocionada como foi bom ver a solidariedade entre as pessoas, a preocupação com o bem-estar de cada um.

Ás vezes, a solidariedade vinham de quem nem imaginava, inclusive agradeço a Deus, pela lição que o MST nos deu nestes dias de luta e sofrimentos, sempre dispostos a ajudar, seja na limpeza das casas ou na entrega da alimentação.

*Editado por Solange Engelmann