Saúde Popular

Assentados e acampados do MST se formam para atuar como Agentes Populares de Saúde do Campo

A formatura foi marcada por falas que reafirmaram o debate da construção de uma saúde universal, durante o 34º Encontro Estadual do MST
Formatura de Agentes Populares de Saúde do Campo. Foto: Luara Dal Chiavon

Por Carolina Oliveira
Da Página do MST

Na tarde deste último sábado (19/2), durante o 34º Encontro Estadual do MST na Bahia, foi realizada a formatura de 43 Agentes Populares de Saúde do Campo. Assentados, acampados e militantes Sem Terra, os formandos atuam em suas comunidades de norte a sul do estado, com o objetivo de garantir a assistência preventiva em saúde, além de atuar como um importante articulador da nos territórios.

A formatura foi marcada pela emoção e por falas que reafirmaram o debate da construção de uma saúde universal e de qualidade para todos, como um instrumento indispensável para o projeto político defendido pelo MST: a Reforma Agrária Popular.

A cerimônia de formatura teve a participação de lideranças políticas, organizações populares da área de saúde do estado e nacionalmente. Durante o ato foi destacada a luta contra o bolsonarismo e a retirada de direitos.

Para Aiemberê Jardim, da direção estadual do MST na Bahia pelo setor de saúde, os Agentes Populares de Saúde do Campo surge quando o Movimento desenvolvi uma experiência exitosa em Pernambuco, em março de 2020, e posteriormente a proposta é posicionada nacionalmente.

Ele explica que “nas construções dos debates, uma das grandes funções dos agentes populares de saúde do campo é acompanhar as famílias, a partir da área em que os agentes moram e também cobrir as áreas onde o sistema de saúde e as politicas de saúde dos municípios não chegam. Onde tem agente do movimento ou de fora, o principal papel é fazer essa relação conjunta de ser mais um instrumento de trabalho e fazer o acompanhamento”.

O curso

Metodologicamente e por conta da pandemia da Covid-19, o curso foi realizado no período de 45 dias e as aulas ocorreram a cada quinze dias pela plataforma Zoom. Dividido em três módulos, os estudantes tinham as aulas virtuais e o tempo comunidade, onde era colocado em prática os conteúdos estudados.

De acordo com Paulete Cavalcante, médica sanitarista, pesquisadora e da coordenação do projeto Agentes Populares de Saúde do Campo, o projeto está sendo aplicado em seis estados do Nordeste. Para ela é muito importante esse momento, porque posiciona as pautas da saúde, principalmente em um momento de crise global com a pandemia da Covid-19, na construção da reforma agrária.

“Esse espaço foi um momento para discutir a importância desse novo sujeito dentro da pauta da saúde e dentro da pauta da reforma agrária, a gente ver que uma grande quantidade de acampamentos e assentamentos são excluídos do sistema de saúde e não tem agentes comunitários que é oficial do governo”, afirmou a médica.

Tamildes Oliveira, uma das formandas e militante do MST no norte da Bahia, apontou que o período de formação foi gratificante. “A gente conseguiu se reencontrar mesmo a distância com outras pessoas que não eram do setor de saúde. Essas pessoas se somaram ao processo e contribuíram porque era algo que abrangia para além do setor, outras pessoas de outros setores e da militância em geral ou da comunidade poderia ser um agente popular de saúde.”

Ela complementa: “para além da graduação, a gente comemora um ciclo de um longo período formativo que foi com os agentes populares de saúde”.

Assista o resumo das atividades do 3º dia do Encontro Estadual do MST na Bahia:

*Editado por Fernanda Alcântara