Perfil
A história de Nini, do cuidado com as plantas e com a terra
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
No mês da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, a regional extremo sul do MST na Bahia construiu uma série de perfis de mulheres das áreas de assentamento e acampamento. Mulheres que fortalecem o Plano Nacional de Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. Hoje o perfil é da companheira Aureni Pereira, do pré-assentamento agroecológico Paulo Kageyama, no município de Eunápolis/BA.
“Ser mulher é trazer nas entranhas a força da vida, é não se entregar, nem se dar por vencida, é vencer obstáculos e ganhar novas conquistas” a frase, de Eleusa Ribeiro, inspira Nini na luta diária da construção do projeto popular de Reforma Agrária Popular. Aureni Pereira Santana, 53 anos, é popularmente chamada de Nini. Mãe, avó e esposa, sente-se feliz em fazer parte de um movimento que tem como princípio a participação da mulher e o papel que desempenha na construção da luta.
Emocionada, ela conta que chegou no acampamento em 2009, para visitar uma tia, de lá ficou e continua até hoje. Brincando, diz que foi no assentamento que encontrou dois amores da sua vida: a luta pela reforma agrária e seu companheiro.
No decorrer destes 13 anos de luta e resistência, aprendeu muito sobre o cuidado coletivo com as pessoas, com as plantas e animais, e principalmente o cuidado com a terra. “Sou fruto de agricultores, meu país eram trabalhadores rurais, sou frutos deles. Minha relação com o campo nasceu comigo e quando tive a oportunidade de retornar para cá, para o acampamento, reacendeu dentro de mim a paixão pela terra, pelas plantas”.
Nini é uma das mulheres exemplo no assentamento Paulo Kageyama. Seu viveiro de mudas, cuidado por ela e o esposo Carlos, tem variedade de mudas de frutas, verduras, hortaliças e flores, sem nenhum veneno ou composto químico. Parte da produção é dedicada ao cultivo orgânico de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), que além de serem muito saudáveis, resgatam a cultura camponesa de seus antepassados.
Quando alguém chega no Viveiro, depara-se com uma diversidade de espécies. “Costumo dizer que aqui pra mim é um oásis na selva de pedra. Aqui eu lembro das minhas origens. A gente tem natureza, tem possibilidade de usufruir de coisas, aprendo sobre como me alimentar melhor e é daqui que tiro a fonte de renda para minha família… Pra mim aqui é tudo”, ressalta.
O viveiro da Nini tem um charme especial por ser carregado de histórias, memórias e é sempre utilizado para experiências nas formações do assentamento. Além de fazer doações, ela também comercializa e muitas vezes dali sai o sustento da família.
*Editado por Fernanda Alcântara