Solidariedade

Com alimento saudável, arte, formação e debate, MST e MSTC se uniram na Ocupação 9 de Julho em SP

O domingo do dia 10 de julho uniu as lutas do campo e da cidade dos movimentos pela terra e pela moradia, em uma tarde de almoço, solidariedade, formação política e celebração
Foto: Edouard Fraipont

Por Guilherme Henrique Guilherme
Da Página do MST

A Ocupação 9 de Julho, organizada pelo Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) vem se consolidando ao longo dos últimos anos como um marco na luta pelo direito à cidade e pela moradia. O movimento transformou um prédio, anteriormente abandonado, em um espaço de moradia, lazer, trabalho e um grande centro cultural, um espaço dinâmico, vivo, que ressignifica o centro de São Paulo.

A Cozinha da Ocupação é um grande exemplo de como os trabalhadores organizados escrevem a própria história e reescrevem a história da cidade a partir do ponto de vista da classe trabalhadora. Todas as semanas, centenas de quentinhas são servidas e entregues a diversas pessoas e territórios, tendo como ponto de partida a solidariedade do público que consome por ali. As marmitas vendidas possibilitam a doação de outras marmitas. Tudo isso distribuido pelos Entregadores Antifascistas e, ainda, tendo como base muitos alimentos vindos da Reforma Agrária Popular.

Já no dia 10 de julho, os recursos vindos da venda dos pratos e do delivery foram destinados, para além das marmitas solidárias, ao processo de construção da Ciranda Luiz Beltrame e do Armazém Agroecólogico, ambos localizados na Comuna da Terra Irmã Alberta, em Perus, extremo norte da Capital Paulista. Assim, o público presente nesse domingo colaborou ativamente com a construção de um espaço formativo para as crianças Sem Terrinha e às crianças do entorno da Comuna da Terra, região que sofre com a falta de vagas em creches e de atividades de lazer e cultura.

Além disso, nessa atividade solidária e coletiva também foram arrecadados recursos para a construção de um Armazém Agroecológico na mesma Comuna. Um Armazém que facilitará a distribuição de alimentos da Reforma Agrária Popular por toda a Grande SP. São os produtos da luta pela terra e a agroecologia cada vez mais próximos da mesa do trabalhador e da trabalhadora da cidade.

Foto: Edouard Fraipont

Durante toda a tarde, além de uma galinhada com macaxeira e do Arroz do Campo com legumes para os vegetarianos, houve também a troca de saberes e debate com Carmen Silva, coordenadora do MSTC, com Maria Alves, moradora e produtora agroecológica da Comuna da Terra Irmã Alberta e Carla Bueno, do Setor de Produção do MST. Tudo isso intercalado com a mística e cantoria de Jade Percassi, das Cantadeiras e do Setor de Cultura do MST.

Com quase 400 refeições vendidas e 500 outras doadas para comunidades do entorno, a atividade foi um exemplo prático de que apenas a unidade das lutas dos trabalhadores do campo e da cidade pode, concretamente, tirar novamente o Brasil do mapa da fome. Como diz um dos poemas de Pedro Tierra, recitado durante o encontro:

“A Liberdade da Terra não é assunto de lavradores.
A Liberdade da Terra é assunto de todos quantos
se alimentam dos frutos da Terra.
Do que vive, sobrevive, de salário.
Do que não tem casa. Do que só tem o viaduto.
(…)
Hoje viemos cantar no coração da cidade.
Para que ela ouça nossas canções e cante.
E reacenda nesta noite a estrela de cada um.”

Siga acompanhando as atividades da cozinha (instagram @cozinhaocupacao9dejulho) e a campanha para a construção da ciranda dos sem terrinha e do armazém agroecológico nas redes do MST e contribuir ainda pelo pix 11942143182 em nome de Cicero Umbelino da Silva!

*Editado por Maiara Rauber