Agroecologia

Projeto coletivo promove transição agroecológica em assentamento da Reforma Agrária, no interior de SP

Vinculado ao Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, o projeto prevê a restauração ambiental e o fortalecimento da agricultura de base agroecológica
Nos dias 27 e 30 de julho ocorreu a 3° Oficina do Projeto Dandara, com o tema “Planejamento do SAF”. Foto: Andreia Lopes

Por Coletivo de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST

As famílias do assentamento Dandara, em Promissão, no estado de São Paulo, estão participando do “Projeto Dandara: transição agroecológica em territórios de Reforma Agrária”, uma parceria entre o MST, o Núcleo de Cultura e Extensão em Educação e Conservação Ambiental (NACE-PTECA/ESALQ/USP) e a Cooperativa dos Produtores Campesinos (COPROCAM), com apoio da AES Brasil e Weforest.

O projeto tem o objetivo de fortalecer o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, inciativa lançada em 2019 com meta de plantar 100 milhões de árvores nos territórios da Reforma Agrária Popular de todo o Brasil até 2030. No estado de São Paulo, a meta é de plantio de 4 milhões de árvores, aproximadamente 400 mil árvores por ano.

Além disso, a parceria busca promover a mudança na paisagem, tanto por meio da restauração ecológica de áreas ambientalmente protegidas por lei (Áreas de Preservação Permanente – APP e Reservas Legais – RL), quanto pela implantação de projetos sustentáveis de produção de base na agroecologia, como por exemplo os Sistemas Agroflorestais (SAF), Sistemas Silvipastoris e quintais agroflorestais produtivos. Além disso, prevê o plantio em espaços coletivos do assentamento, como praças e bosques.

Como relata Rafael Tavares, jovem assentado e integrante da COPROCAM, formado no curso de Técnico em Agropecuária e participante do projeto, “para mim o curso é muito importante, porque desde o começo estou me preparando para implantar meu SAF. O curso traz coisas novas e a cada dia aprendemos como fazer um planejamento de SAF, como implantar ele certinho, como ter a paciência de esperar o SAF chegar no seu porte, como manejar”.

No modelo produtivo da agroecologia, os SAFs auxiliam na produção de alimentos saudáveis e na preservação do meio ambiente. Fotos: Eduarda S. Miriani

Como ferramenta metodológica para envolver as famílias no projeto, promovendo formação e oferecendo recursos técnicos, estão sendo realizadas oficinas. Nos dias 27 e 30 de julho foi realizada a 3° Oficina do Projeto Dandara, com o tema “Planejamento do SAF”. Esta etapa do projeto contou com a participação de 31 agricultores e agricultoras familiares, dois pesquisadores da ESALQ, um representante da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) de Promissão e três estudantes universitários estagiários.

Sonia Fernandes, assentada no assentamento Dandara também aponta para a importância da formação técnica oriunda do projeto: “Estou gostando muito das oficinas. Estamos aprendendo nas oficinas como planejar o SAF, como escolher as espécies de árvores nativas e frutíferas e plantar nas entrelinhas. Está sendo muito legal, quero continuar para implantar meu SAF”.

De acordo com Joice Lopes, da Direção Estadual do MST em São Paulo, pelo Setor de Produção. Os Sistemas Agroflorestais para os assentados, na perspectiva da Reforma Agrária, além de ser um modelo de produção de alimentos que, ajuda a preservar o meio ambiente baseado na agroecologia, também é fundamental como forma de resistência no campo.

“Hoje, o SAF é um modelo de produção que, através da agroecologia traz a questão de valorização da natureza e da relação. E ao contrário do agronegócio, que só produz monocultura e desmata as florestas, os SAFs valorizam a autonomia, o poder de decisão e a participação ativa dos agricultores em todos os processos, ele resgata a sabedoria popular dos povos tradicionais, suas raízes, suas culturas. Proporciona um ecossistema mais justo e solidário e, o MST traz, dentro do Plano Nacional, esse modelo de produção através dos Sistemas Agroflorestais, pois os SAFs dentro dos nossos assentamentos é valorizar a agricultura familiar, cuidando dos bens comuns”, explica Joice.

A oficina buscou conhecer melhor as espécies arbóreas nativas e frutíferas e as espécies agrícolas que irão compor os SAFs, além de criar, visualizar e refletir sobre diferentes arranjos produtivos através do Kit Elaborador de SAF (KESAF), demonstrando algumas possibilidades e limitações dos sistemas entre o período de um a cinco anos da implantação. Também foi dialogado com as famílias sobre a importância do manejo dentro de um Sistema Agroflorestal, visitando e realizando atividades práticas em um SAF, implantado em 2017 no assentamento.

Outras duas oficinas já haviam sido realizadas, uma em maio e outra em junho deste ano, com a presença de 25 a 30 participantes em cada uma, sobre os temas “Sistemas agroflorestais: conceitos e processos” e “Adequação ambiental dos lotes”, respectivamente. A próxima oficina sobre “Preparo e manejo agroecológico do solo”, está marcada para o final desse mês de agosto. E, durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro está prevista a implantação de até 20 hectares de SAF, em formato de mutirão com as famílias participantes do projeto.

Para saber mais sobre o projeto, ou para participar dos processos de formação e dos mutirões para implantação e manejo dos SAF’s, os contatos são: (14) 991913713 – Joice Lopes ou pelo e-mail: [email protected]

*Editado por Solange Engelmann