Jornada dos Estudantes
Jornada fortalece a defesa de educação popular, defende dirigente da juventude do MST
Por Solange Engelmann
Da Página do MST
Com atividades de denúncias, debates e plantio de árvores por todo país, de 9 a 12 de agosto, o MST realiza a Jornada Nacional dos Estudantes em defesa da educação, com o lema “Estudantes ousando lutar: Contra a Reforma do Ensino Médio e construindo o Projeto de Educação Popular!”. A atividade também se soma às várias mobilizações em defesa da educação e contra o governo de Bolsonaro, de organizações estudantis durante esta semana em todo país.
“Queremos denunciar todos os retrocessos que estão impostos pelo atual governo e mostrar à juventude que é possível abrir um novo ciclo de esperança e perspectivas no Brasil, mas que somente a partir da luta coletiva é possível construir um projeto de futuro, que mostre a cara de povo nas universidades e que fortaleça o Pronera”, explica Fernanda Farias, do coletivo de juventude do MST no Sergipe.
Durante a jornada os estudantes Sem Terra também denunciam o aprofundamento da privatização e mercantilização da educação no país, principalmente por meio da implantação autoritária da Reforma do Ensino Médio por Bolsonaro.
Edinalva Monteiro, educadora popular e militante do coletivo de juventude do MST, explica que o desmonte e os retrocessos na educação brasileira, que vem sendo ampliados por Bolsonaro, tem afetado diretamente a Educação do Campo, impulsionando “o fechamento e o sucateamento das Escolas do Campo e dificultado o acesso e a permanência de muitos alunos nessas escolas”.
Confira mais informações sobre a Jornada na entrevista com Fernanda Farias e Edinalva Monteiro:
Qual a intenção do MST com a Jornada Nacional dos Estudantes em Defesa da Democracia?
Fernanda: A violenta ofensiva da reforma empresarial da educação e os ataques sofridos no último período, que desmontam a educação pública e caminham para sua privatização, são fatores que colocam o MST na contraposição de um projeto neoliberal.
A Jornada acontece na semana dos estudantes, de 9 a 12 de agosto e acompanha o calendário de luta dos movimentos populares e organizações estudantis e tem como objetivo seguir desgastando o governo na denúncia do desmonte da educação pública brasileira, articulada a auto-organização dos estudantes nos territórios de Reforma Agrária e de fortalecer processos formativos em defesa de uma educação pública popular.
Pode explicar qual o lema dessa Jornada e as principais denúncias?
Fernanda: O lema da jornada sintetiza o rebaixamento da educação, em sintonia com as necessidades da sociedade capitalista, a partir da aplicação da Reforma do Ensino Médio e também sinaliza a necessidade do debate e fortalecimento de um projeto popular de educação para o país. Nessa jornada gritaremos nos cantos dos territórios da Reforma Agrária Popular pelo país, “Estudantes ousando lutar: Contra a Reforma do Ensino Médio e construindo o Projeto de Educação Popular!”
Que atividades estão previstas nas escolas e territórios do MST durante a Jornada?
Fernanda: Seminários, ciclos de debates, ações de denúncia com iniciativas de agitação e propaganda em espaços públicos, plenárias sobre a privatização e os desmontes que a educação pública vem sofrendo, e os impactos da contrarreforma do Ensino Médio. Além de ações de defesa dos territórios, com atividades voltadas ao Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, com a Agroecologia.
Quais os prejuízos da mercantilização da educação pública no país, para a juventude Sem Terra?
Fernanda: A juventude camponesa vem fazendo denúncias da ofensiva à Educação do Campo, conquistada por meio da luta das organizações populares. Queremos denunciar todos os retrocessos que estão impostos pelo atual governo e mostrar à juventude que é possível abrir um novo ciclo de esperança e perspectivas no Brasil, mas que somente a partir da luta coletiva é possível construir um projeto de futuro, que mostre a cara de povo nas universidades e que fortaleça o Pronera [Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária].
Qual a importância da Jornada para as Escolas do Campo do MST e a educação pública e de qualidade nos territórios do MST?
Fernanda: A jornada é importante para se alinhar à conjuntura no âmbito educacional, mais também na defesa dos nossos territórios!
Ser contra a Reforma do Ensino Médio é combater o sucateamento da educação e defender cada Escola do Campo, conquistada com muito suor e luta do povo!
Como o desmonte da educação pública e a Reforma do Ensino Médio afetam as Escolas do Campo, nos acampamentos e assentamentos do MST pelo país?
Edinalva: O desmonte da educação tem impulsionado o fechamento e o sucateamento das Escolas do Campo e tem dificultado o acesso e a permanência de muitos alunos nessas escolas, que vai desde as estruturas até a atenção básica, e desde a alimentação ao direito do acesso à literatura.
Fernanda: O novo Ensino Médio esconde seu caráter regressivo e anula o que se buscou no processo de redemocratização do país, além de ser uma necessidade capitalista, não do povo. “O Novo ensino médio constitui uma separação social e rasga a constituição de 1988 mediante o desmonte na esfera pública e de uma política social e de inclusão para diminuição das desigualdades sociais, e simboliza a passos largos o aniquilamento da pesquisa científica”, denunciaram várias entidades nacionais e movimentos populares, entre eles o MST em Carta Aberta cobrando a Revogação da Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017).
Por que desde o início de sua luta e organização, o MST também tem lutado pelo direito à educação pública aos povos do campo?
Fernanda: Uma conquista da luta pela Reforma Agrária em torno da educação são as escolas públicas no campo.
Desde sua formação o movimento tem lutado pelo direito à educação, porque a educação é fundamental para inserir toda a base social na construção de um novo projeto do campo e pelas transformações socialistas. A educação forma, emancipa e organiza.
Como o acesso à educação aos trabalhadores/as Sem Terra tem contribuído, ao longo dos anos na luta pela Reforma Agrária Popular?
Fernanda: Garantir à população que vive no campo acesso à educação pública de qualidade e gratuita, é uma prática fundamental, pautada na necessidade de transformar as relações de poder na sociedade, em favorecimento à classe trabalhadora e camponesa.
*Editado por Fernanda Alcântara