Jornal Sem Terra
MST celebra os 41 anos do Jornal dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Do Brasil de Fato
Em maio de 1981 foi lançado o embrião do que se tornaria o Jornal dos Trabalhadores Sem Terra. A primeira edição, em formato de boletim que contou com 700 exemplares, nasceu no acampamento Encruzilhada Natalino, município de Ronda Alta (RS), informando a realidade das famílias acampadas a fim de conquistar solidariedade à luta pela reforma agrária.
Nesta sexta-feira (12), direto do Armazém do Campo de Porto Alegre, essa história de 41 anos foi celebrada em evento com a presença dos jornalistas Walmaro Paz e Katia Marko, da equipe de redação do Brasil de Fato RS. Com mediação de Jeronimo Pereira da Silva, o Xirú, da direção estadual do MST, os convidados relembraram as origens da publicação e falaram sobre os desafios enfrentados pela comunicação popular atualmente.
A edição de 20 anos do Jornal do Trabalhadores Sem Terra explica que, apesar do primeiro boletim ter saído em maio de 1981, agosto foi o mês adotado para comemorar o aniversário. “Motivo: foi em agosto que os sem terra derrotaram o tenente-coronel Sebastião Moura, o coronel Curió, designado pelo governo militar para desarticular o acampamento. Ele chegou em julho no acampamento e deixou o local em agosto, com os sem terra cada vez mais organizados e dispostos a continuar lutando. Foi a partir dessa vitória que o boletim se firmou”, diz trecho da publicação.
Walmaro abriu a celebração no Armazém do Campo. Ele trabalhou em veículos de comunicação no início das lutas do MST e relembrou histórias desse período. Destacou que a cobertura basicamente falava do movimento como invasores de terras. Contudo, mantinha relações com diversos trabalhadores que tinham uma visão crítica da situação.
“Nós enquanto jornalistas somos trabalhadores, nosso lado é o povo trabalhador. É por isso que eu tô aqui hoje, eu não sou um dos principais escritores do Boletim dos Sem Terra, mas trabalhei dessa forma em relação direta com o movimento e sou muito amigo do movimento”, disse.
Xiru ressaltou que o jornal faz parte da história do movimento e que contou com a celebração de vários jornalistas, muitos que até hoje seguem envolvidos no processo de construção da comunicação popular. “Por isso é importante fazer esse resgate dessa memória histórica da luta dos trabalhadores”, afirmou. “Esse jornal tem toda essa dimensão de formação na construção do movimento”, acrescentou.
Na sequência, Katia lembrou que sua monografia final do curso de jornalismo, em 1994, foi sobre o Jornal dos Sem Terra, incentivada por seu professor Alvaro Benvenuto. Foi um mês de entrevistas com dirigentes e jornalistas que trabalharam no jornal. “Na época foi muito difícil porque não existiam estudos sobre o jornal e o movimento”, comentou.
Segundo ela, a história do MST demonstra que o movimento sempre teve uma preocupação com a comunicação, mesmo em meio a dificuldades. Seguindo na linha do tempo, falou então do nascimento do Brasil de Fato, em 2003. Nascido de uma articulação do MST e outros movimentos populares, com a missão de construir um veículo dos trabalhadores e trabalhadoras, começou em formato nacional e hoje conta com uma rede de jornais estaduais pelo país.
Depois, o microfone foi aberto para a contribuição dos presentes no evento. A atividade teve transmissão ao vivo pelas redes do Brasil de fato RS. Assista: