Direitos Indígenas

MST é solidário com a luta Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul

Em Nota, Movimento repudia fala do governador do Estado, que usou o MST indevidamente para justificar agressão policial
Sem Terra e indígenas já marcharam juntos e juntas por direitos no MS. Foto: MST no MS

Da Página do MST

O MST em Mato Grosso do Sul vem à público repudiar a fala do governador do Estado, Eduardo Ridel (PSDB), que usa o nome do Movimento Sem Terra indevidamente para justificar agressão policial em Rio Brilhante na retomada de terras ancestrais realizada pela população indígena Guarani e Kaiowá no território Laranjeira Ñanderu.

Após autorizar o deslocamento das equipes policiais para promover o despejo sem ordem judicial dos Guarani e Kaiowá, com o uso da violência, idosos, crianças e mulheres foram atacados e agredidos. O resultado foi três indígenas Guarani e Kaiowá presos ilegalmente.

O governador do Mato Grosso do Sul foi responsável pela violência e cria confusão política perante dos fatos. Afirmamos publicamente que todas as famílias Sem Terra organizadas e pertencente ao MST são solidárias com a luta dos povos indígenas e jamais em nossa história iremos entrar em conflito por terra com nossos irmãos e irmãs indígenas.

A terra Laranjeira Ñanderu pertence por direito aos povos indígenas Guarani e Kaiowá.

A página de desgoverno precisa ser passada e não se repetir em terras sul mato-grossenses episódios como, por exemplo, o ocorrido no Massacre de Guapo´y, em Amambay, em 2022, local do assassinato do indígena pai de família, idoso e deficiente físico, Vitor Fernandes. Cobramos dos poderes públicos celeridade nas demarcações das terras indígenas para que eles possam reaver seus territórios e viverem com dignidade em seus Tekohas.

Nós, do MST, estamos ao lado dos povos indígenas na luta justa de proteger seus territórios e suas demarcações. Nossa solidariedade vai além de palavras soltas ao vento, temos participado, junto com outros movimentos sociais do campo e da cidade, pastorais sociais, universidades públicas, sindicatos, em trabalhos concretos que possibilitam a construção de um programa estadual de soberania alimentar onde não exista mais fome e desnutrição. Trabalhamos pela recuperação ambiental, combatemos o uso de agrotóxicos que deixam pessoas e a terra doentes com câncer. Defendemos coletivamente a efetivação da dignidade humana.

Colocar o nome do MST para justificar a violência aos povos indígenas não é uma atitude louvável de quem foi eleito com a promessa de resolver os graves problemas sociais que afligem os trabalhadores desse estado e não para fazer falsas acusações, na tentativa de colocar uma cortina de fumaça na estrutura fundiária, fugindo da resolução do problema da terra aos Guarani e Kaiowá.

DEMARCAÇÃO DE TODAS AS TERRAS INDÍGENAS JÁ É UMA OBRIGAÇÃO MORAL HISTÓRICA!

Mato Grosso do Sul, 8 de março de 2023