Feira Nacional

Monte seu café da manhã com produtos da 4ª Feira da Reforma Agrária

Confira algumas dicas para montar seu café da manhã com produtos da Reforma Agrária e conheça a história de luta por trás de cada sabor da Feira Nacional da Reforma Agrária
Foto: Reprodução

Da Página do MST

A 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária organizada pelo MST está chegando, com comidas e diversos produtos direto de assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária Popular. E com uma farta disponibilidade de produtos das cinco regiões do país, dá para encher o carrinho com opções saudáveis e montar sua refeição com diversidade e comida de verdade.

Nos preparativos para a 4ª Feira Nacional, vamos oferecer uma série de dicas de como montar suas refeições com produtos das principais cadeias de produção do MST, e que além de ser uma forma de valorizar a agricultura familiar camponesa e a Reforma Agrária, garantem uma alimentação mais saudável e sustentável.

E que tal começar com um café da manhã com aquele sabor de luta? Confira as dicas:

1. Leite e derivados

Para o feirante que curte beber leite ou a combinação de leite com café orgânico no café da manhã, durante a Feira terá a opção de escolher saborear os produtos lácteos da Cooperoeste/Terra Viva. Os alimentos são produzidos por uma das maiores cooperativa do MST, localizada em São Miguel do Oeste, Santa Catarina.

Produtos Terra Viva da Cooperoeste. Foto: Cooperoeste/divulgação

A cooperativa comercializa seus produtos a partir da marca Terra Viva Produtos da Reforma Agrária. E oferece à população alimentos como leites, leite em pó, doce de leite, creme de leite, natas, queijos e bebidas lácteas. Diariamente a cooperativa industrializa 550 mil litros de leite.

Vista aérea da agroindústria, em São Miguel do Oeste (SC). Foto: Cooperoeste/divulgação

Criada de 1996, a Cooperoeste completa 27 anos de história e luta, em julho deste ano e possui um papel importante na geração de emprego e renda na região, atingindo mais de 10 mil famílias. A cooperativa trabalha em cooperação com famílias assentados de Reforma Agrária e da agricultura familiar camponesa. “Também temos 83 municípios nas regiões: Extremo-Oeste e Oeste de Santa Catarina e Oeste do Paraná, em que a gente adquire leite e traz pra Cooperoeste pra ser industrializado”, relata o presidente da cooperativa, Sebastião Vilanova.

2. Café da Reforma Agrária

Cafés são produzidos por famílias Sem Terra em MG no ES. Foto: Dowglas Silva 

Do Sul de Minas Gerais o feirante pode saborear o café da Reforma Agrária Guaii, nas linhas Café Popular, Guaií Sustentável e Guaií Orgânico. O café é produzido por famílias Sem Terra que vivem no território do Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio (MG) e comercializado pela Cooperativa Camponesa, criada em 2012.

Antes de chegar até o feirante o Café Guaií tem uma longa história de lutas e conquistas, envolvendo no processo de produção e comercialização famílias Sem Terra de três assentamentos e 11 acampamentos do MST no estado, com uma produção média de 12.000 sacas de café e uma área plantada de 950 hectares.

Café Guaií. Foto: Dowglas Silva 

Também da Região Sudeste, direto do Espírito Santo, o visitante poderá saborear e adquirir o Café Terra de Sabores tradicional, extra forte e superior, em alto vácuo e com embalagem normal, em diversos tamanhos. A marca Terra de Sabores de produtos da Reforma Agrária foi criada por famílias Sem Terra do MST, no estado e é fruto da organização produtiva em torno da Cooperativa de Produção Comercialização e Beneficiamento dos Assentados (Coopterra).

Café Terra de Sabores. Foto: Divulgação Coopterra

Com mais de nove anos de existência, a Coopterra se tornou referência na venda de café e pimenta, com a marca Terra de Sabores, e vem ampliando a produção e comercialização também com licores e geleias. O cultivo e beneficiamento de café e pimenta é feito em dez assentamentos das regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo, com a participação direta de 450 famílias Sem Terra.

3. Açaí e frutas da Amazônia

Produção de açaí da Amazônia em Sistemas Agroflorestais do MST. Foto: MST-PA

Se o feirante quiser incrementar o café da manhã com opções saudáveis pode escolher pelo açaí, cupuaçu, cacau e a pupunha, que estão entre as principais cadeias de produção cultivadas em Sistemas Agroflorestais pelas famílias assentadas do MST na região Nordeste Paraense, chamada de regional Cabana, que fica próxima à Belém, no Pará.

Produção de cupuaçu em áreas do MST no Pará. Foto: MST-PA

A produção envolve famílias de oito assentamentos e três acampamentos da região metropolitana de Belém e do município de Belém. Os produtos são comercializados na região em feiras e mercados locais, além dos programas institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Com a organização coletiva, os Sem Terra da região criaram recentemente a COOPER d’Amazônia, que irá beneficiar e comercializar polpas de frutas e a produção de açaí em áreas de assentamento do MST no estado.

4. Mel

Para adoçar o café, leite, chá, colocar no pão ou queijo, no xarope, ou consumir sozinho por ser um ótimo alimento para saúde, quem passar pela Feira também vai pode adquirir diversos tipos de mel da Reforma Agrária. Entre ele o mel convencional e orgânico da Cooperativa Regional dos Trabalhadores Apícolas Assentados e Assentadas da Reforma Agrária (COOPERAMEL), do município de Mombaça, no sertão do Ceará. O mel é produzido por meio do cooperativismo e comercializado pela marca Terra Conquistada dos produtos da Reforma Agrária no Ceará.

Mel Terra Conquistada. Foto: Cooperamel

Na agroindústria e entreposto de Mel Terra Conquistada as famílias produzem em média 12 toneladas do produto por mês. O objetivo é gerar emprego e renda, inserindo todas as pessoas da família nos processos políticos, organizativos e de gestão, produzindo alimentos de qualidade e garantindo a inserção dos apicultores no mercado. A cooperativa é formada por 39 sócios fundadores e envolve mais de 160 famílias Sem Terra, com atuação nos municípios de Mombaça, Pedra Branca, Senador Pompeu, Monsenhor Tabosa e Tamboril.

5. Açúcar mascavo COPAVI/PR

Prefere adoçar com açúcar? Direto do Paraná vem o açúcar mascavo da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória Ltda (COPAVI). Os produtos são fruto do assentamento Santa Maria, em Paranacity, região Noroeste do Paraná, em que as famílias assentadas vivem em agrovila e organizam a produção da terra e a agroindustrialização de alimentos de forma coletiva.

A ocupação foi realizada em janeiro de 1993 e, em julho do mesmo ano, nasceu a COPAVI, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Desde então o assentamento passou a ser conhecido pelo nome de sua Cooperativa. O açúcar mascavo da COPAVI é sinônimo de saúde, pois utiliza técnicas agroecológicas que preservam e recuperam o meio ambiente.

6. Cuscuz

Foto: Reprodução

O cuscuz é um prato berbere originário do Magrebe (região do noroeste do continente africano). Por aqui, já é presença garantida no café da manhã, principalmente em estados do Nordeste, e consiste num preparado de sêmola de cereais, em especial a farinha de milho, amassada à mão com um pouco de água até se transformar em pequenos grãos que devem ser cozidos no vapor, numa cuscuzeira.

Salgada e levemente umedecida, pode ser incrementado com outros ingredientes, como é o costume na região Sudeste, ou apenas ir acompanhado de leite, ovos, manteiga ou carne-de-charque, como é a preferência no Nordeste. Seja esta base, uma ótima opção vegana, ou adicionada com inúmeros complementos, o cuscuz nosso de cada dia merece um tratamento especial.

Por isso, nesse café da manhã da Reforma Agrária não poderia ficar de fora, a partir de uma experiência da produção da farinha de milho da Cooperativa de Trabalhadores Assentados de Porto Alegre (Cootap), do Rio Grande do Sul direto para São Paulo.

Comemoração do aniversário da Cootap, em 2018. Foto: MST no RS

Criada por 218 agricultores assentados em novembro de 1995, a Cootap atua com agroindustrialização e comercialização de alimentos, principalmente orgânicos, como é o caso da farinha de milho sem transgênicos.

Reunindo cooperativas de produção agrícola comum, associações e outras iniciativas nas áreas de Reforma Agrária, a produção vem de famílias que sofreram discriminações pela sua cultura e forma de luta. Hoje, a produção de milho vem de assentamentos localizados em Hulha Negra, como o assentamento Nova União, Missões Alto Uruguai, Santa Elmira e Conquista da Fronteira, ou em Candiota, como o assentamento Santa Lúcia e Nossa Senhora Aparecida.

Extra

Como dissemos, o cuscuz pode ser uma ótima opção acompanhado de outras delícias. Para quem não é vegano, por exemplo, que tal acrescentar ovos que vem direto de Sergipe? A produção vem do assentamento Caraíbas, na região Norte do estado, que trarão para a Feira ovos caipira e de capoeira, tanto brancos como vermelhos.

E para alguns não pode faltar aquele queijo que só Minas Gerais sabe fazer, não é? Vai ter frescal, curados, requeijão, tudo feito por mãos Sem Terra que vem para abrilhantar o café dos visitantes da Feira.

No final, serão mais de 1.200 feirantes vindos de 24 estados, que irão reunir 500 toneladas de alimentos in natura e industrializados na capital paulista. Confira estes e mais produtos na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece entre os dias 11 e 14 de Maio, no Parque da Água Branca, em São Paulo.