Governo Lula

Gestores do Incra, MDA e Conab tomam posse em ato emocionante com mais de 400 pessoas, no Paraná

Leila Aubrift Klenk, Valmor Luiz Bordin e Nilton Bezerra Guedes tomaram posse na última sexta-feira (19), em Curitiba no Paraná

Nilton Bezerra Guedes (INCRA-PR), Leila Aubrift Klenk (MDA-PR) e Valmor Luiz Bordin (Conab-PR) empossados ao lado de Maria Rosilene Bezerra Rodrigues (INCRA), João Edegar Pretto (Conab) e Roberto Baggio (MST-PR).  Foto: PT-PR 

Por Ednubia Ghisi e Helena Cantão, do Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR

As políticas públicas federais para a garantia da produção de alimentos saudáveis, combate à fome e reforma agrária agora estão oficialmente de volta ao Paraná, após anos de retrocesso e atraso. Na manhã desta sexta-feira (19), tomaram posse os gestores estaduais do Ministério do Desenvolvimento Agrária e Agricultura Familiar (MDA), Leila Aubrift Klenk, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Valmor Luiz Bordin, e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Nilton Bezerra Guedes.

A cerimônia de posse coletiva lotou e emocionou o auditório do campus do Setor de Ciências Agrárias da UFPR, em Curitiba. Mais de 400 pessoas participaram do evento, entre camponeses e camponesas integrantes de movimentos sociais e de cooperativas da agricultura familiar, representantes do executivo federal e estadual e parlamentares.

Na mística de abertura, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de movimentos urbanos e da agricultura familiar relembraram os primeiros governos do presidente Lula e as políticas de superação da fome, além das perseguições políticas que vieram depois. Entre os episódios resgatados na mística e nas falas da mesa estava a operação Agro-Fantasma, que perseguiu e prendeu injustamente dezenas de agricultores/as e funcionários da Conab. A operação coordenada pelo ex-juiz Sergio Moro foi uma tentativa de criminalização do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), vinculado ao Fome Zero.

Mística de abertura do evento de posse. Foto: Juliana Barbosa

“Agora, nessa retomada, temos que estar mais unidos e fortes […]. Precisamos fortalecer a agricultura familiar, fortalecer os movimentos do campo e distribuir os alimentos que a gente está produzindo. Além de nós termos a mesa farta, que seja farta todas as mesas. Daqui alguns meses, queremos ver o presidente Lula anunciar que acabou a fome no Brasil”, disse emocionada a integrante da coordenação do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST, Marli Brambilla. 

A camponesa é uma das fundadoras da Cooperativa Coana, de Querência do Norte, e está entre as vítimas da operação Agro-Fantasma, assim como outras pessoas presentes na plateia. “Este dia significa uma vitória muito grande, porque mostra que o trabalho das organizações, apesar de todas as perseguições políticas que a gente sofreu, não foi em vão. Não baixamos a cabeça. Continuamos lutando porque a gente tinha certeza da nossa vitória e que esse dia ia chegar”, completou.

Valmor Luiz Bordin, novo superintendente regional da Conab, e Marli Brambilla, do Setor de Produção do MST-PR, ambos vítimas da operação Agro-fantasma. Foto: Ednubia Ghisi 

A simbologia da posse ficou ainda maior pela nomeação de Valmor Luiz Bordin para o cargo de superintendente regional da Conab. Ele foi perseguido e preso durante a operação Agro-fantasma, em 2013, quando era gerente de operações da Conab. Muito emocionado, Bordin enfatizou a importância do momento histórico da posse coletiva: “É um marco da retomada para que a Conab volte a atender os programas sociais e, em específico, a agricultura familiar e as doações de alimentos para as famílias necessitadas”.

O novo superintendente do Incra, Nilton Guedes, assume o cargo pela segunda vez, e reafirmou o compromisso de efetivar o direito à terra para as mais de 7 mil famílias acampadas no Paraná. 

“Aos movimentos sociais, de uma forma geral, vocês que estão lá na linha de frente, que estão lá nas dificuldades, que se mobilizam, que pautam a política nacional, que colocam a reforma agrária na agenda nacional, se não fosse vocês, não haveria reforma agrária. Então parabéns a todas e todos que lutam pela reforma agrária de uma forma organizada, parabéns pela luta de todos vocês. Vocês são essenciais”, frisou Guedes. 

Leila Aubrift Klenk assume a Coordenação do Escritório Estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar no Paraná, sendo uma das três mulheres com cargo de coordenação estadual do órgão em todo o Brasil. Klenk ressaltou a importância da volta do MDA, extinto em 2016 durante o governo Temer e retomado neste ano pelo governo Lula, para o combate à fome no Brasil e a superação da pobreza no campo.

“Precisamos, unidos com os movimentos populares, com os outros órgãos do governo federal, do governo do estado, […] dos municípios, encontrar estratégias para o fortalecimento da agricultura familiar e da agroecologia. Para que jovens possam permanecer no campo, com direito à produção, educação, renda e lazer; para a reforma agrária e a diminuição da concentração de terra; para a inclusão das comunidades quilombolas e indígenas no sistema de produção sustentável e rentável. […] Precisamos garantir os direitos do povo do campo. Temos a clareza que a alimentação do povo vem e virá, cada dia mais, das mãos camponesas, das mãos da agricultura familiar”, ressaltou Klenk.

Fartura agroecológica em todas as mesas 

Café da manhã do evento da posse com produtos da reforma agrária, agricultura familiar e economia solidária. Foto: Juliana Barbosa.

A diversidade alimentar produzida pela reforma agrária, agricultura familiar e economia solidária coloriu o café da manhã servido aos participantes do evento. 

“Essa fartura que está aqui e que vocês viram no café tem que estar na mesa dos 120 milhões de brasileiros, e não só dos 30 milhões brasileiros da elite. Nosso desafio é que essa riqueza alimentar chegue nas mesas, nos pratos, nas panelas, nos fogões, de todas e todos os brasileiros”, afirmou Roberto Baggio, da direção nacional do MST pelo Paraná, como objetivo central dos movimentos sociais e do governo brasileiro. 

Baggio também frisou a tarefa de preservar a natureza, potencializar a matriz agroecológica de produção de alimentos, e construção de um novo projeto popular para o Brasil.  

“O capitalismo é a destruição, é a violência, e os químicos, os venenos estão aí. No lugar disso, a nossa matriz agroecológica, que é científica. Já está provado que a agroecologia é a produção de um novo modelo científico, produtivo, aparato da ciência, não tem mais dúvida nenhuma. Então que venha a agroecologia nesse próximo tempo histórico”, reforçou.  

A cerimônia também teve as presenças do presidente da Conab, João Edegar Pretto, do diretor-executivo de Política Agrícola e Informações, Sílvio Isoppo Porto, da diretora de Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento do Incra, Maria Rosilene Bezerra Rodrigues, deputados estaduais, federais, vereadores, autoridades do segmento agropecuário do estado, movimentos do campo e da cidade.