8 prêmios conquistados pelo MST e estudantes Sem Terra na luta pela educação

Da Página do MST

Em quase 40 anos de lutas e resistência em torno da pauta da democratização da terra, da Reforma Agrária e transformação social, por um país mais justo e igualitário, logo no início de suas lutas as famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reconhecem a necessidade e importância da luta pelo acesso à educação pública e de qualidade, como um dever do estado e direito das trabalhadoras e trabalhadores no campo, nos locais em que os acampamentos e assentamentos Sem Terra eram instalados e conquistados.

Hoje o MST conta com mais de 2 mil escolas públicas construídas em áreas de acampamentos e assentamentos, que atendem cerca de 200 mil estudantes, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos com acesso à educação garantida.

Esse processo de luta pela construção de escolas no campo e direito ao acesso à educação às famílias Sem Terra, foi gestado por meio da Pedagogia Sem Terra em constante movimento, que conquistou junto ao Ministério da Educação (MEC), a concepção da Educação do Campo, um sistema de ensino e aprendizagem, que valoriza os sujeitos do campo, seus espaços de vivência e saberes, a natureza, os bens comuns e os processos de luta pela terra e mudança social, o que tem resultado ao MST a conquista de vários prêmios, menções honrosas e reconhecimento nacional e internacional.

Confira 8 prêmios conquistado pelo MST na área da educação, as Escolas do Campo e estudantes Sem Terra.

1. Prêmio Itaú-Unicef “Educação e Participação”

Criado em 1995, em um contexto de mudanças sociais na perspectiva da garantia de direitos, o Prêmio Itaú-Unicef tem como objetivo identificar, estimular e dar visibilidade a projetos realizados por organizações da sociedade civil e escolas públicas que contribuem para garantir o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens brasileiros em situação de vulnerabilidade social.

O programa “Por Uma Escola Pública de Qualidade nas Áreas de Assentamento”, realizado pelo MST nos assentamentos de Reforma Agrária atingia na época 35 mil crianças com incentivos à frequência escolar, e 1.400 professores em 17 estados, com cursos de capacitação pedagógica e técnica em cooperativas.

2. PR: Escola do MST Cândida Oliveira Luz é selecionada em premiação nacional

A  Escola do Campo Cândida Oliveira Luz, localizada no acampamento Porto Pinheiro, em Porto Barreiro, região centro do Paraná, se tornou finalista entre os 10 melhores projetos de inovações pedagógicas do todo Brasil no 6º Prêmio Territórios Tomie Ohtake Escolas Premiadas, em setembro de 2022.

O projeto indicado para premiação trabalha conteúdos dentro da concepção de Educação do Campo do MST, em que a escola não é apenas um trabalho de sala de aula, indo além dos muros imaginários que separam a escola da vida e que abrangem os saberes e conhecimentos da comunidade, então isso também é objeto de estudo. O projeto tem foco no conhecimento da fauna local e no resgate das histórias de vidas das famílias, colocando as famílias como sujeitos que constroem a comunidade. Mais informações AQUI. 

3. MA: Centro de Educação do Campo Roseli Nunes ganha em 1º lugar na categoria “Experimentação” na Feira de Ciência do estado  

A Feira de Ciência, Sustentabilidade e Inovação no polo de Caxias, promovida pelo Governo do Estado do Maranhão, premiou em 2022, em 1º lugar na categoria Experimentação o trabalho do Centro de Educação do Campo Roseli Nunes, com o tema “A compostagem como alternativa para uma produção agroecológica e sustentável”. O trabalho foi desenvolvido por uma equipe do Centro, localizado o município de Lagoa Grande do Maranhão, regional de Pedreiras. Para mais informações acesso AQUI.

4. RS: Projeto de escola em assentamentos do MST em Livramento ganha prêmio de Tecnologia

A Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Conselheiro do MST foi premiada com o 2° lugar na Mostra Brasileira e Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), no eixo: Ensino Médio Politécnico, ciências sociais, comportamento e artes. O evento aconteceu de 27 a 31 de outubro de 2014, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e reuniu quase 500 projetos de escolas de vários países.

A Escola do Campo está localizada no assentamento Bom Será, em Santana do Livramento, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, e atende 200 crianças e jovens de dez assentamentos do Movimento Sem Terra. Educandas/os e educadoras/es da instituição elaboraram um projeto de nomeação de estradas que envolveu toda a comunidade.

A iniciativa chamada “Construindo Caminhos para a Valorização do Espaço em que Vivemos” rodou o Brasil, sendo premiada também em 1° lugar no eixo tecnológico do Ensino Médio na Feira Estadual das Escolas do Campo (Fecitec), em 2014. Mais informações AQUI.

5. MA: Equipe do Centro de Educação do Campo Roseli Nunes (MST) é premiada em 1º lugar em Torneio SESI de Robótica First LEGO League (FLL)

Estudantes da Equipe Roselitec do Centro de Educação do Campo Roseli Nunes do MST, em Lagoa Grande do Maranhão (MA), foram premiados em 1º lugar na categoria Core Valeus no Torneio SESI de Robótica First LEGO League (FLL), em fevereiro deste ano. A categoria reconhece as equipes que melhor demonstraram e trabalharam os valores humanos, tal como a solidariedade.

A premiação foi oferecida pelo Serviço Social da Indústria no Maranhão (Sesi-MA). A equipe Roselitec participou com um projeto que aproveita as fezes de ruminantes para produzir energia elétrica, com foco no dejeto de bovinos. A proposta é atender as famílias do assentamento onde há falta de energia com frequência. Mais informações AQUI.

6. SP: Jovem do MST vence concurso da ONU inspirada na agricultura familiar camponesa

O desenho de Yanca Rodrigues Pereira, de 13 anos, foi um dos cinco destaques de um prêmio promovido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para comemorar o Ano Internacional da Agricultura, em 2014. O resultado oficial saiu em abril de 2015.

Na época a jovem vivia em um acampamento do MST, às margens de uma estrada de terra que divide a fazenda Colômbia Água Fria, latifúndio pleiteado por cerca de 319 famílias Sem Terra há 17 anos, em Colômbia, no interior de São Paulo. Movida pelo sonho de ver prosperar o modelo da agricultura familiar camponesa e por melhores condições de vida, a estudante chamou atenção da ONU quando colocou no papel sua visão de sistema ideal de agricultura com cooperativas, integrando campo e cidade, garantindo o sustento das famílias que vivem em assentamentos de Reforma Agrária.

O trabalho da estudante concorreu com quatro mil estudantes de 8 a 12 anos de 300 escolas na América Latina e Caribe e foi o escolhido para representar o Brasil. Segundo a organização, o desenho de Yanca, assim como de ganhadores do México, Paraguai, Peru e São Vicente, foi escolhido pela capacidade em representar as contribuições da agricultura familiar para a luta contra a fome, a nutrição e a erradicação da pobreza.

7. SC: Assentada do MST de 9 anos ganha medalha de bronze na Olimpíada de Astronomia e Astronáutica

A jovem Ana Gabriela Kochem dos Anjos, que mora no assentamento 9 de Novembro, do MST, em Água Doce, Santa Catarina conquistou a medalha de bronze na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). A premiação foi em outubro de 2022.

O assentamento recebeu a notícia com festa e muita comemoração pela conquista da Sem Terrinha. O evento é realizado pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), anualmente, desde 1998, com alunos de escolas previamente cadastradas de todo o país. Filha e neta de assentados, na época Ana cursava o 4º ano do Ensino Fundamental I no Centro Educacional Municipal Cultivando o Saber, Escola do Campo, que fica dentro do assentamento inaugurada em 2019 após décadas de luta das famílias Sem Terra. Quer saber mais, acesse AQUI.

8. BA: Sem Terrinha conquista o 1º lugar do Prêmio de Redação e Poesia na Bahia

A Sem Terrinha do MST, Sabrina Santos Silva ficou a campeã da 5º edição do Concurso para Escritores Escolares de Poesia e Redação, da Diretoria do Livro e da Leitura da Fundação Pedro Calmon, com a poesia “Sem Terrinha Valente”, na Bahia. A premiação aconteceu em 28 de novembro de 2019.

Sabrina concorreu com mais de 1.200 crianças, de 232 escolas localizadas em todas as regiões do estado. A Sem Terrinha estava cursando o 3º ano do ensino fundamental, na Escola Municipal Castro Alves. A Escola do Campo está localizada no assentamento Antônio Conselheiro IV, na cidade de Abaré, no Nordeste da Bahia.

Sem Terrinha Valente

Sou Sem Terrinha e dessa luta não abro mão
Antônio Conselheiro é minha morada
Ergo a bandeira de coração.

Sei da luta dos meus e muitas ainda virão
Na força ou na marra ajudarei essa nação
Luto por terra, saúde e educação
E não adianta dificultar, dos meus direitos não abro mão
Viva Antônio Conselheiro e Abaré linda flor do sertão. (Sabrina Silva)

Na premiação, ao ser questionada sobre o que a motivou escrever, a Sabrina disse: “eu só falei do que estou vivendo. Para ser Sem Terra tenho que ser valente”, destacou. A família de Sabrina está no MST há mais de 14 anos. Mais informações AQUI.