Internacionalismo

CNA e MST reafirmam defesa da agricultura camponesa e preocupação com acordo UE-MERCOSUL

Delegações da Confederação Nacional da Agricultura – CNA, de Portugal, e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, do Brasil, reuniram em Coimbra
Foto: Divulgação

Da Página do MST

Representantes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) de Portugal e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Brasil se reuniram em Coimbra para reafirmar seu compromisso conjunto com a proteção e promoção da agricultura camponesa. Durante o encontro, foi destacada a duradoura relação fraternal entre as duas organizações e a necessidade de fortalecer esses laços em busca de ações comuns. Ambas as entidades expressaram preocupação em relação ao Acordo UE-MERCOSUL, apontando os potenciais impactos negativos sobre agricultores e consumidores de ambos os lados do Atlântico. Além disso, analisaram a escalada especulativa de preços, a manutenção de baixos valores pagos aos produtores e os desafios enfrentados pelos agricultores familiares e trabalhadores sem terra.

Confira a nota:

CNA E MST REAFIRMAM DEFESA DA AGRICULTURA CAMPONESA E MANIFESTAM PREOCUPAÇÃO  FACE AO ACORDO UE-MERCOSUL 

Delegações da Confederação Nacional da Agricultura – CNA, de Portugal, e do Movimento dos  Trabalhadores Sem Terra – MST, do Brasil, reuniram em Coimbra. 

Neste encontro foram realçados os já longos anos de fraterna relação entre as duas Organizações de  Agricultores e a importância em aprofundar estes laços, necessários à definição e concretização de  linhas de acção comuns, em defesa e promoção da agricultura camponesa, pela implementação da  Declaração das Nações Unidas dos Direitos dos Camponeses e Outras Pessoas que trabalham em  áreas rurais (UNDROP), do direito das populações a uma alimentação saudável e de proximidade e da  soberania alimentar dos povos. 

Foi analisada a difícil situação vivida, decorrente da escalada especulativa dos preços do que os  camponeses necessitam para produzir, da manutenção dos baixos preços pagos à produção, dos  entraves ao direito à terra por parte da Agricultura Familiar e dos Trabalhadores Sem Terra. A CNA e  o MST denunciaram a criminalização de organizações camponesas e seus membros e manifestaram  a sua solidariedade activa com todos os que lutam pelo direito a produzir, pelo direito à terra e em  defesa da agricultura camponesa. 

A CNA e o MST consideram de enorme gravidade os desenvolvimentos mais recentes das  negociações do Acordo UE – MERCOSUL que, relativamente à produção de alimentos, afectará os  agricultores dos dois lados do Atlântico ao fomentar ainda mais o agronegócio internacional, em  prejuízo de quem trabalha a terra e dos consumidores. 

Consideram, num plano mais global, que os objectivos propostos para a Cimeira dos Sistemas  Alimentares da ONU (UNFSS+2), que está a decorrer em Roma, acentuam uma deriva que visa  condicionar ainda mais a função dos Estados no que diz respeito à alimentação, abrindo caminho ao  aumento do poderio das grandes corporações internacionais do agronegócio, fazendo depender da  sua ganância em maximizar lucros, os direitos de produtores e de consumidores. 

A CNA e o MST, unidas na La Via Campesina, reafirmam a sua determinação na luta pela  implementação da UNDROP nos respectivos países, mobilizando agricultores e trabalhadores sem  terra na luta pelo direito à terra que trabalham, pelo direito a produzir, pela justa remuneração do  trabalho no campo, pela igualdade de género, pela soberania alimentar dos povos. 

Coimbra, 25 de Julho de 2023