Curso de Geografia da Terra, do Pronera, celebra primeira turma (NE) com homenagem a Josué de Castro

Por Francisco Terto
Da Página do MST

Diante do atual panorama político e social do país, o curso, que havia sido interrompido por três anos, retomou suas atividades. Os estudantes matriculados provêm de cinco estados nordestinos: Pernambuco, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. A composição da turma reflete a participação de representantes de cinco movimentos populares atuantes no campo.

A identidade da turma foi cuidadosamente escolhida após um amplo debate realizado coletivamente envolvendo educandos e educandas. Essa escolha levou em consideração os eventos marcantes que impactaram nossa nação nos últimos anos, durante os quais testemunhamos estatísticas alarmantes: mais de 100 milhões de pessoas vivenciando insegurança alimentar e 33 milhões sofrendo com a fome, conforme documentado pela Rede Penssan (2022). Fruto de uma administração alinhada à burguesia e hostil ao bem-estar do povo.

Os movimentos populares se engajaram em atividades de solidariedade, incluindo a doação de alimentos, promoção de cuidados e apoio para enfrentar a pandemia de Covid-19. Essas ações concretas ocorreram nos territórios, paralelamente à retomada de programas e políticas pelo governo atual, com o objetivo de erradicar a fome.

É em reconhecimento a esse contexto que a turma recebeu o nome do renomado pensador da obra “Geografia da Fome”, Josué de Castro. Suas ideias ressoam ainda hoje, já que alertava que a questão da fome é essencialmente de natureza política. Josué de Castro se notabilizou por sua pesquisa sobre a Geografia da Fome no Brasil, investigando suas causas e propondo estratégias para combatê-la.

Josué de Castro (1908-1973) foi um pensador e ativista político brasileiro nascido na cidade de Recife. Apesar de não ser geógrafo de formação (sua graduação era em medicina), tornou-se um dos maiores pensadores da Geografia, em virtude, principalmente, das obras Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. Castro deixou uma obra cujo vulto e importância permanece até hoje e inspira a luta dos camponeses brasileiros contra a fome e a miséria

As lições compartilhadas por Josué de Castro nos conduzem à percepção de que a eficácia da Reforma Agrária vai além da mera redistribuição de terras; ela deve estar intrinsecamente ligada à produção alimentar. Contudo, não se trata de qualquer tipo de alimento, mas sim daqueles saudáveis, voltados para o bem-estar da população brasileira.

Para a Turma Josué de Castro, honrar sua memória implica em abraçar um compromisso coletivo na luta contra a fome e todas as manifestações de injustiça, enquanto se contribui para o desenvolvimento de uma educação que capacita e liberta os povos. Isso também significa apoiar vigorosamente a causa da reforma agrária e a batalha pelo acesso à terra. Além disso, promover a agroecologia é vital, pois ela se revela essencial na produção de alimentos saudáveis para suprir as necessidades alimentares da população brasileira.

*Editado por Erica Vanzin