Produção de Alimentos

Superintendências do Trabalho e da Economia visitam Central de Distribuição da Reforma Agrária no Paraná

Equipe visitou iniciativa de comercialização do MST em Curitiba

Trabalhadoras e trabalhadores das Superintendências Regionais do Trabalho e Economia do Paraná. Foto: Helena Cantão

Da Página do MST

Trabalhadoras e trabalhadores das Superintendências do Ministério do Trabalho e da Economia do Paraná visitaram na quarta-feira (09) a Central de Distribuição do Produtos da Terra. O propósito da visita foi conhecer a produção das cooperativas da Reforma Agrária e a iniciativa de comercialização do MST em Curitiba.

A superintendente regional do trabalho, Regina Cruz, durante a visita comentou sobre a importância de levar sua equipe para a Central de Distribuição. “A gente sabe que o MST é um movimento de muita luta, de muito trabalho e tá aqui o resultado. No Armazém do Campo, tem o resultado das cooperativas, que têm muito trabalho por trás de tudo isso”, conta.

Ela ressaltou que foi uma experiência boa mostrar para os trabalhadores e trabalhadoras do Ministério do Trabalho e da Economia que as cooperativas da Reforma Agrária produzem comida sem agrotóxico no Brasil e também aqui no estado do Paraná.

Regina Cruz, Superintendente Regional do Ministério do Trabalho, conversando com a equipe da CD. Foto: Helena Cantão

Roda de conversa com visitantes das Superintendências do Trabalho e da Economia. Foto: Helena Cantão

Durante a visita muito se falou sobre o papel das cooperativas e associações do MST na produção de alimentos saudáveis e o acesso pela população através das iniciativas de comercialização do movimento e também por políticas públicas de segurança alimentar, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Adir de Souza, que atua há 40 anos na Fundacentro, fundação pioneira de pesquisa na área da segurança e saúde do trabalho vinculada ao Ministério do Trabalho, também esteve na visita.

“Aqui nós estamos vendo acontecer, num bairro grande de Curitiba, a união do campo e da cidade. Estamos vendo de fato o que é justiça social, que é trazer aquele produto mais barato, com qualidade, sem milhares de agrotóxicos, que a gente sabe a origem. E não é só o produto, também têm a função social de onde se produz, onde dá trabalho com qualidade de vida, de condição de trabalho decente”, afirma. Ele ressalta o privilégio de conhecer de perto produtos sem agrotóxicos produzidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

Gianna do Vale Bueno e Larissa Munaretto de Campos, do Ministério do Trabalho, também acharam importante a iniciativa de visitar a Central de Distribuição e os produtos orgânicos produzidos pelas famílias do Movimento. “Achei muito importante vir e conhecer e quero continuar consumindo e divulgando esses produtos que vêm de um trabalho tão importante”, contou Larissa.

Gianna ressaltou que muitas vezes o consumidor vê o produto nas feiras, mas não sabe toda essa logística por trás, como acontece essa distribuição, então é importante conhecer para poder divulgar.

Jonas Juliar e Gianna do Vale Bueno conhecendo os produtos da Reforma Agrária. Foto: Helena Cantão

A Central de Distribuição é um espaço gerido pela Cooperativa Central de Reforma Agrária do Paraná (CCA), que reúne 23 cooperativas espalhadas pelo estado e dialoga com outras de diferentes regiões do país. Além dos produtos da Reforma Agrária, a CD, como é chamado o espaço, recebe produtos da agricultura familiar e da economia solidária de Curitiba e entorno. A partir da CD, os produtos são comercializados em cinco espaços de feira na cidade, site, whatsapp, além de abastecer a Rede Armazéns do Campo do Paraná.

Além da comercialização, a CD também faz a logística de entrega e armazenagem de produtos para as cooperativas da CCA que são contempladas em programas institucionais de abastecimento da população, como o Compra Direta Paraná e o PNAE (Merenda Escolar). Em 2022, cerca de 201 mil quilos de arroz, 62 mil litros de iogurte e 22,5 mil quilos de outros produtos lácteos passaram pela CD antes de chegar nas escolas estaduais e municipais, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos e hospitais de Curitiba e região metropolitana.

Para Adir, o trabalho deve proporcionar ao trabalhador e trabalhadora, por exemplo, tempo de estudo, de lazer, de vida com a família. Essa temática também foi assunto na conversa com os visitantes, já que o Movimento adota a organização em diferentes setores como forma de lidar com as demandas e necessidades em todas as áreas da vida humana, como a educação, saúde, cultura, comunicação, direitos humanos e outros mais.

Adir também pontuou o tema da Reforma Agrária e o uso social da terra como um direito da constituição. “Estamos aprendendo mais aqui pra desmitificar, que a terra tem que ter distribuição justa, aqui a gente está aprendendo a falar novamente o que é a terra devoluta, na época do império, quem não conhece é importante ler, as pessoas devolveram a terra, e essa terra devolvida está sendo ocupada agora, é ocupada porque está lá constituição que pode ser ocupada se ela não produz nada. A terra tem uma função social de ajudar o povo e a sociedade”, explicou. O servidor ficou contente em ver que o Movimento trabalha com carinho, esmero e por um sonho de sociedade melhor, mais justa e igualitária.

Jonas Juliar, chefe da ouvidoria da Superintendência do Trabalho, agradeceu a oportunidade e comentou que foi visível perceber o respeito entre todos os processos. “Eu consegui perceber o afeto, o cuidado que são tratados as pessoas do Movimento e os produtos que são disponibilizados para venda, porque para além da comercialização há o afeto, há o cuidado. E as relações humanas, a humanização da produção, para mim, tem um valor que não pode ser medido, foge ao que a gente está acostumado”, afirmou.

Ao final da visita, ele levou café e melado de cana e afirmou que produtos orgânicos são de alta qualidade porque para além do produto em si, tem o  valor agregado de levarem saúde e o cuidado com a vida. Jonas ainda ressaltou que as pessoas precisam saber o que é o Movimento “para terem acesso às sensações que tivemos aqui conhecendo”. 

*Editado por Gustavo Marinho