Comemoração

“A luta está valendo a pena”, afirma Ireno Prochnow sobre fundação de assentamento no PR

Assentamento Egídio Brunetto completou 16 anos de luta no dia 1º de setembro
Assentamento Egídio Brunetto. Foto: Prefeitura de Rio Branco do Ivaí.

Barbara Zem e Jaine Amorin
Da Página do MST

No dia 1º de setembro de 2007 o MST ocupou a área da então Fazenda Mestiça, com 1200 alqueires, em Rio Branco do Ivaí, região centro-oeste do Paraná. Na época, cerca de mil famílias fizeram parte da ocupação. Após 40 dias de ocupação houve uma tentativa de despejo com mais de mil policiais, mas a resistência por parte do MST conseguiu juntar quase 4 mil pessoas para combater essa ação, fazendo com que a polícia recuasse e a ocupação permanecesse.

Novamente, no dia 19 de dezembro, um grupo de mais de mil policiais entraram na área para fazer o despejo e dessa vez conseguiram tirar as famílias da ocupação, que tiveram que se deslocar para o acampamento Maila Sabrina, na Fazenda Brasileira em Ortigueira, na região norte do Estado do Paraná.

As famílias ficaram no Maila Sabrina até final de dezembro, e em janeiro de 2008 voltaram a ocupar a Fazenda Mestiça. “Foi uma grande re-ocupação, com muita gente, todas as famílias retornaram e continuamos na luta por mais um período, com muita pressão. As famílias tiveram que resistir a muita coisa, muita ameaça de despejo, de pistoleiros. Até as crianças do acampamento que estudavam fora eram ameaçadas, e assim nos apressamos para organizar uma escola itinerante dentro do acampamento”, comentou Ireno, que faz parte da direção do MST no PR.

Em 2013, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Paraná (INCRA) comprou e desapropriou a área e destinou à Reforma Agrária. Portanto, no ano de 2014 foram assentadas 188 famílias, em uma terra muito boa para plantação, na costa do Rio Ivaí. Neste ano em que se completa 16 anos de luta pelo assentamento, ainda há famílias que não foram regularizadas por conta do descaso dos governos anteriores.

Ireno comenta que, mesmo após todo esse período, somente agora que o INCRA está conseguindo fazer levantamento dessas informações para regularizar as famílias que não foram regularizada.

 Ireno Prochnow. Foto: Arquivo da escola

“De qualquer forma, entendemos que com toda a luta e toda a dificuldade esse processo valeu a pena, porque a luta trouxe para nós a conquista de uma área grande, onde deu pra assentar um bom número de famílias. E as famílias que moram lá, mesmo com todos os problemas que aconteceram, são as famílias que estão desenvolvendo a produção, que estão vivendo e lutando, e com certeza nenhuma famílias que mora ali tem problema de falta de alimento. Isso mostra que a luta tá valendo”, afirma.

Escola Itinerante Construtores do Futuro

Inauguração das novas estruturas da escola. Foto: Prefeitura de Rio Branco do Ivaí

Mais uma conquista da comunidade aconteceu no dia 4 de agosto, quando as famílias do assentamento comemoraram a inauguração das novas estruturas de 7 salas de aula e do laboratório de informática do Colégio Estadual da comunidade.

Novas estruturas da escola. Foto: Prefeitura de Rio Branco do Ivaí.

Desde a ocupação da área, em 1º de setembro de 2007, os camponeses e camponesas já viram a necessidade de garantir a educação para as crianças e adolescentes. As famílias construíram a Escola Itinerante Construtores do Futuro, com paredes de madeira, mutirão e muito esforço – e mantiveram com manutenção ao longo de todos os anos.

Depois da criação do assentamento de 188 famílias, a escola Itinerante se transformou em Colégio Estadual, e foi batizado com a data de ocupação da área. As novas salas vão atender 65 alunos, que cursam desde o ensino fundamental até o médio.

Doação de alimentos

Doação de alimentos. Fotos: Arquivo da comunidade

Durante todo o período da pandemia, o assentamento fez parte da campanha de solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), doando toneladas de alimentos para aqueles e aquelas que mais precisavam durante esse período.

*Editado por Fernanda Alcântara