Denúncia

Grileiros da família de Damares Alves, mais uma vez, atacam acampamento do MST no Pará

As violações envolvem Marcos Bengtson, envolvido em diversos crimes e que responde em liberdade pelo assassinato do Sem Terra Caribé, que foi torturado e morto em 2010

Vista aérea do acampamento Quintino Lira. Foto: Tião Oliveira

Da Página do MST

Desde o final de semana, as famílias do acampamento Quintino Lira, em Santa Luzia, no Pará, sofrem ameaças e intimidações do fazendeiro Marcos Bengtson. As famílias agricultoras relatam a destruição dos meios de produção das áreas do acampamento,com a derrubada e queima de casas de fornos e roças destruídas nos últimos dias.

A fazenda Cambará, hoje acampamento Quintino Lira, é reivindicada pelas famílias desde 2007 junto ao Incra e Iterpa, por se tratar de terra pública grilada que deve ser destinada para fins de reforma agrária. Desde então,os conflitos acontecem envolvendo o gerente da fazenda Cambará, Marcos Bengtson, que é filho de Josué Bengtson, pastor e ex-deputado federal do PTB.

Grilagem, drogas, assassinato, corrupção e impunidade

A família Bengtson é envolvida em diversos escândalos e crimes. Josué Bengtson, foi cassado por corrupção no crime que ficou conhecido como a “Máfia das Ambulâncias” em 2018, é tio da ex-ministra Damares Alves, hoje senadora pelo Republicanos que recentemente foi condenada pelo Ministério Público Federal por propagar informações falsas sobre o arquipélago do Marajó. Em maio deste ano, o avião apreendido pela Polícia Federal com 290 kg de maconha pertence à Igreja do Evangelho Quadrangular, cujo Josué é pastor fundador e executivo.

Marcos Bengtson, em 2010 assassinou o agricultor Sem Terra José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé. A morte foi precedida de sessões de tortura. Um outro trabalhador rural, João Batista Galdino conseguiu escapar da emboscada. Na ocasião, Marcos Bengtson chegou a ser preso, mas atualmente responde o processo em liberdade.

Em 2021, o acampamento Quintino Lira e comunidades próximas sofreram com a pulverização aérea de agrotóxicos. O crime foi denunciado para as secretarias de saúde e do meio ambiente do município. Os diversos crimes cometidos por Marcos Bengtson também foram denunciados à Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) pelos trabalhadores rurais. 

Morosidade perpetua a violência

Frente a todo o histórico de violências sofridas pelas famílias acampadas, diversas denúncias já foram feitas. Após 13 anos de injustiça e morosidade dos órgãos públicos em solucionar e desapropriar a área pública onde ocorre o conflito, para fins de reforma agrária, o grileiro e assassino, volta a ameaçar e intimidar as famílias acampadas.

Após os últimos ataques desta semana, a Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), encaminhou um documento para o secretário Jarbas Vasconcelos, da secretaria de Igualdade Racial e de Direitos Humanos e também foram acionados a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará.

A expectativa é de que a justiça possa ser feita tanto para que as famílias tenham o direito reconhecido para o assentamento das mesmas, quanto para que haja a punição dos criminosos e proteção da comunidade vitimada.