Acampamento da Juventude

A ação gera organização: Juventude da Via chega à Brasília

Com início hoje, o Acampamento da Juventude em Luta, por Terra e Território traz muito trabalho e organização
Foto: Morgana Souza

Por Mateus Quevedo*
Da Página do MST

O Ginásio Nilson Nelson, no eixo monumental de Brasília, no Distrito Federal, já está pintado com as cores da “Juventude em Luta, por Terra e Soberania Popular”. Jovens de vários estados do país chegam ao acampamento organizado pela Via Campesina Brasil, que tem início hoje, 13 de outubro, e se estenderá até o dia 17.

“Nós estamos muito animados, as notícias das caravanas já estão chegando, a turma vai se somar nesse processo coletivo e estamos ansiosos para receber todas as delegações, a estrutura já está sendo montada e aqui o público é diverso, vai ter cultura, vai ter debate político e vai ter proposta organizativa”, aponta Raiara Pires, do Movimento por Soberania Popular na Mineração, o MAM, de Minas Gerais, que compõem a equipe da metodologia do acampamento.

Para que o Acampamento da juventude do campo, das águas e das florestas aconteça, houve um grande processo de organização e mobilização desde os territórios. Uma equipe de mobilizadores já está na capital federal há algumas semanas e está dividida em distintas frentes de trabalho. A jovem Vanessa Diniz, por exemplo, do Movimento dos Trabalhadores(as) Rurais Sem Terra – MST, veio de Rondônia para se somar à equipe de ornamentação. Segundo Vanessa, a equipe foi demandada para construir faixas e materiais que irão embelezar os espaços do acampamento.

Nós organizamos uma equipe para se somar nessa tarefa e acabamos fazendo uma oficina para quem ainda não tinha experiência. Nestes momentos, trocando ideias, um tem habilidade de pintar, outro de cortar, é um processo de construção, há uma troca rica de conhecimento e o resultado é muito bonito”.

– Vanessa Diniz

Sobre a importância da ornamentação em um encontro voltado para a juventude, Vanessa comenta que “quando você vê uma arte em que você, um jovem, independente de religião, classe, cor, e orientação sexual, se vê representado numa simples faixa, já é um ganho muito, muito bonito, muito grande”. E este é um dos intuitos principais do acampamento, que os jovens saiam com afirmação e orgulho de ser camponês. Além das equipes de ornamentação e metodologia, há as equipes de comunicação, infraestrutura, mobilização, agitação e propaganda, secretária, entre outras.

Foto: Morgana Souza

“Desde os territórios, a comunicação de todas as organizações que compõem a Via Campesina vem realizando um trabalho convocatório, de organização e mobilização para essa tarefa histórica que é esse acampamento da juventude da Via, trabalhando nas diversas linguagens da comunicação popular formada por jovens, é um passo importante para nossa formação política, principalmente no contexto da batalha de ideias” comenta Morgana Souza, do MST no Rio Grande do Norte. Todas as equipes já contam com um plano de trabalho antes, durante e após o acampamento. 

Fora as equipes de trabalho, para cumprir um de seus objetivos de fortalecer a organização da juventude nos territórios, o acampamento contará com mais de 50 rodas de conversa, como ‘Soberania Alimentar e combate à fome’, ‘Saúde, Agroecologia e Meio Ambiente’, ‘Revogação do Novo Ensino Médio’, ‘Redes Sociais e Fake News’, entre outras. Além das rodas de conversa também terão oficinas como Design Gráfico, Teatro, Capoeira, Elaboração de Projetos, entre outros. Tudo isto além das mesas principais, que contam com nomes como Daiane Araújo, vice-presidenta da UNE, Rosa Amorim, deputada estadual em Pernambuco, e Marciele Tupari, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, a COIAB, e também das atrações musicais, como Doralyce e Bixarte. 

Foto: Morgana Souza

Para a jovem Jaqueline Alves da Silva, de Geminiano, no Piauí, é muito importante estar em um espaço em que a permanência do jovem no campo é defendida, “eu tô com muita expectativa com o acampamento, de estar aqui, e de poder defender junto de outras pessoas que a gente possa ficar e trabalhar no campo, sofremos muito com falta de geração de renda”. Ela faz parte do Movimento de Pequenos(as) Agricultores(as) e se somou na equipe de alojamento, neste dia que antecede o acampamento. “Estamos aqui organizando onde cada estado ficará alojado, podem chegar, serão todos bem-vindos e bem-vindas”. 

*Mateus Quevedo é comunicador popular, da coordenação do Movimento dos(as) Pequenos Agricultores(as)

**Editado por Fernanda Alcântara