Cultura

Na Zona da Mata mineira, MST organiza Oficina de Artes para as Crianças Sem Terrinha

As oficinas vêm de encontro ao processo de construção e preparação para o Bloco Pisa Ligeiro
Oficina de Artes para as Crianças Sem Terrinha. Foto: Equipe de comunicação da Oficina 

Por Matheus Teixeira
Da Página do MST

Na última sexta-feira (03), a regional Antonio Ventura, na zona da mata mineira, organizou a primeira Oficina de Artes para as Crianças Sem Terrinha. Durante todo o dia, as crianças reunidas no Assentamento Dênis Gonçalves, puderam vivenciar os processos organizativos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de forma lúdica através de brincadeiras e dinâmicas, além da experimentações com diferentes formas de contato com a sonoridade. Tudo isso faz parte de um processo organizativo que vem sendo construído pelos mesmos no campo das artes, em preparação para o Bloco de carnaval do MST – Bloco Pisa Ligeiro.

O dia que exalou arte e cultura de resistência pelo assentamento, contou com a contribuição de Michele Capuchinho, do setor de formação do MST, que trabalhou a partir de gincanas, músicas e brincadeiras a organicidade e história do movimento.  Luciano Baptista, professor de música e parceiro do movimento, trabalhou com as crianças técnicas de canto e construção de coro cênico.

De acordo com Elis Carvalho, do setor de educação de MST, organizar a Oficina de Artes é pensar processos formativos que compreende o ser desde a infância, é possibilitar que as crianças cresçam em contato com a arte, com a música, e com os instrumentos. “ A Oficina regional reverbera o acúmulo e comprometimento do MST em possibilitar que todo e toda sem terra sejam construtores da arte, nos mais diversos formatos, além de mostrar a potência das alianças que seguimos construindo na zona da mata, no campo das artes e cultura popular”.

O evento contou ainda com a colaboração do Grupo Artístico de Música Popular – INGOMA, que trabalhou a sonoridade a partir do tambor mineiro. Teve também oficina de Capoeira e Maculelê com o Mestre Amauri dos Reis, do grupo “Capoeira do Bonfim”. Além da contribuição de Guê Oliveira, musicista, do coletivo de cultura do MST que trabalhou a sonoridade a partir das brincadeiras.

“Pensar a arte na  infância, é fundamental para nós, porque a arte tem essa capacidade de transformar… a arte e a cultura é um jeito de ser Sem Terra.” Afirma Carol Rodrigues do coletivo de cultura MST.

Todo o processo de elaboração da atividade foi construído de forma coletiva com as crianças e jovens, os mesmos assumiram a organização do evento com tarefas que se perpassa desde a coordenação do dia, comunicação, mobilização, cozinha e infraestrutura. Sempre acompanhado de um adulto, o objetivo de tal divisão se dá pela metodologia organizativa do movimento, onde cada pessoa assume uma tarefa nos mais diversificados setores, exercitando assim mais um princípio organizativo do MST, a divisão de tarefas e o trabalho coletivo.

Contemplando todas as faixas etárias presente na atividade, foi organizado uma ciranda infantil para que os pequeninos também pudessem participar do evento, com rodas de contação de história e brincadeiras.

A temática da sonoridade foi intencionalizada para contribuir com a qualificação e fortalecimento das alas do Bloco Pisa Ligeiro. O bloco de carnaval que surge como um desdobramento da 2ª edição da Escola de Artes João das Neves, realizada em 2019, incentivado por artistas do campo popular como Titane e Pereira da Viola que percebem para além do agitador e festivo, o potencial mobilizador e de diálogo para com a sociedade que o bloco cumpriria. Se somando no processo de concepção do bloco, Sérgio Pererê e Paulinho Santos cumprem um papel fundamental junto aos demais para que o bloco tome forma e consequentemente as ruas.

Hoje o bloco se constrói de forma descentralizada nas regionais onde o MST está organizado, e é formado por acampados, assentados, artistas populares, amigos e amigas da luta por reforma agrária popular. Ao carregar os elementos da luta camponesa, simbologias e palavras de ordens, o bloco atua com uma ferramenta que amplifica a luta camponesa e traz as ferramentas de trabalho como instrumentos musicais, ressignificando a ideia de que o trabalho se dá de forma separada da arte.

Plantio de mudas

Durante a “Oficina Regional de Artes das Crianças Sem Terrinhas” o tema das mudanças climáticas e questões ambientais também teve vez e espaço de reflexão junto aos pequenos.

Embalados pela mística construída em torno dos 40 anos que o MST completará no ano seguinte (2024). E dentro do mote da campanha lançada pelo movimento no dia 21 de setembro (dia da árvore), a campanha nacional de plantio de bosques, foram plantadas pelas crianças, mudas de árvores frutíferas e algumas nativas, como forma de semear a semente de um novo futuro.

Confira os registros da atividade: