20ª Jornada de Agroecologia

Agronegócio favorece desequilíbrio ambiental e climático, afirma pesquisador

Modelo baseado em monocultura e uso de agrotóxicos ainda prejudica produção de alimentos e encarece custos
Rio Negro tem a maior seca da história. Foto: Bruno Kelly/ REUTERS

Por Gabriel Carriconde
Da 20ª Jornada de Agroecologia

Chuvas acima da média no Sul, com prejuízo à produção de alimentos e aumento de preços; seca histórica na Amazônia, impactando atividade pesqueira, sobretudo de ribeirinhos. Esses são alguns exemplos de como a crise climática se abateu com força no Brasil.  

Para Luiz Marques, professor do departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor do livro “Capitalismo e Colapso Ambiental”, o modelo do agronegócio colabora com a emissão de gases do efeito estufa, o que tem alterado de maneira cada vez mais severa o clima. O uso de defensivos agrícolas e agrotóxicos também são prejudiciais para o equilíbrio ambiental. “Esse modelo agrícola baseado na monocultura e pecuária bovina voltado para a exportação tem impacto na destruição da manta vegetal brasileira, não só na Amazônia, mas em outros biomas. É simplesmente suicida para a própria cultura do agronegócio, para a sociedade brasileira e para a nossa biodiversidade”, analisa. Luiz estará na 20ª Jornada de Agroecologia para falar sobre o tema na sexta, 24. 

Seca aflige populações amazônicas. Foto: Alex Pazuello/ Secom

O professor denuncia ainda o papel “destrutivo” da agropecuária de gados bovinos, um dos principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia e pela produção de metano.  “Esse gado produz uma quantidade brutal de metano, um dos principais gases que ajudam no efeito estufa. (…) Se você pegar o inventário da emissão dos gases de efeito estufa no Brasil, cerca de 75% decorrem da atuação do agronegócio, com grande preponderância na agropecuária bovina”, diz.

Impactos na produção e aumento de preços

As alterações do clima ainda prejudicam diretamente a agricultura familiar. “Quando está muito seco, você perde pela falta de nascer [alimentos] e não chover na hora certa, e você não tem possibilidade de irrigação. Quando chove demais, perde feijão, arroz”, conta Elizete Pereira, agricultora do assentamento 8 de Abril, no Paraná.

No estado, as chuvas acima da média têm causado o aumento nos preços das hortaliças. De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária, da semana de 12 a 19 de outubro, Curitiba teve acúmulo de 394 milímetros de chuvas até o dia 17 — superior à média histórica de 100 a 190 milímetros para o mês de outubro no entorno da capital. 

Levantamento que analisa a variação de preços dos 30 principais produtos vendidos na Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa), em especial em Curitiba, mostra que 11 deles tiveram elevação no valor desde o início do mês.  

Feira de Orgânicos Passeio Público. Foto: Comunicação Produtos da Terra Paraná 

A alface saiu do valor médio de R$ 15,00 a caixa de 7kg (registrado em 2 de outubro), para R$ 30,00, no dia 18. Já o morango teve aumento de 94,4%: no início de outubro, quatro bandejas (1,5kg) custavam em média R$ 18,00, chegou a R$ 35,00.

Este conteúdo faz parte da edição especial do Brasil de Fato PR sobre a 20ª Jornada de Agroecologia. Clique aqui para ler a edição completa .

Agronegócio favorece desequilíbrio ambiental e climático, afirma pesquisador

Chuvas acima da média no Sul, seca histórica na Amazônia. Esses são alguns exemplos que o professor Luiz Marques, professor do departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor do livro “Capitalismo e Colapso Ambiental”

Luiz estará na 20ª Jornada de Agroecologia na Conferência “O Capitalismo e o Colapso Ambiental”, para falar sobre o tema na sexta, 24 de novembro.

Este conteúdo faz parte da edição especial do Brasil de Fato PR sobre a 20ª de Agroecologia.