Impactos

Cidade no Pará tem aumento de 600% em doenças neurológicas ligadas ao uso agrotóxicos

Os dados se referem a impactos nos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra
Foto: reprodução

Por Fernanda Cavalcante*
Do Roma News

Dados de uma pesquisa de tese de doutorado revelaram um aumento de mais de 600% no número de doenças neurológicas ligadas ao uso de agrotóxicos na região do Planalto Santereno, constituído por áreas dos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos e do recorte da pesquisa, Belterra.

Os impactos dos agrotóxicos na saúde de quem tem contato imediato com os produtos tóxicos são: dor de cabeça, náuseas, coceiras, alergias e alergias respiratórias, que são os sintomas clássicos quando tem pulverização, mas há os casos subagudos e crônicos, que são aqueles de exposição a agrotóxicos em pequenas doses a médio e longo prazo.

A pesquisa analisou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, em dois recortes temporais, de 2004 a 2014 e de 2014 a 2022. Primeiro descobriu-se que nem sequer há registros completos de possíveis casos de intoxicação e de doenças derivadas de agrotóxicos, sobretudo, do glifosato, comumente usado nas plantações de soja.

Ao buscar dados sobre os casos de intoxicação subaguda e crônica, no DataSUS, os dados de doenças neurológicas, má-formação fetal e câncer mostraram que os casos de doenças neurológicas cresceram mais de 667% em uma década. Em Belterra, havia casos de homens com 35 anos com Alzheimer.

Agrotóxicos x Alzheimer

Existem estudos que correlacionam intoxicações por agrotóxicos com aumento no números de casos de Alzheimer, má-formação congênita e leucemias em crianças.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que desde 2014 executa o programa de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA). O programa realiza a capacitação de médicos, técnicos em enfermagem, enfermeiros, agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a endemias (ACE) e demais profissionais de saúde, para estarem preparados para a identificação de áreas de risco de intoxicação, população exposta a agrotóxicos,sintomas característicos de intoxicação exógena por agrotóxicos e o preenchimento correto da ficha de notificação de intoxicação exógena do Sinan.

Segundo o órgão, nesse período foi feita a capacitação nos 144 municípios, para mais de 6 mil profissionais de saúde. A Sespa ainda informou que vem realizando constantemente capacitações, orientações e alertas que chamam atenção do profissional de saúde para a ocorrência de possíveis casos agudos e crônicos de intoxicação.

*Com informações do Jornal do Brasil