Formação

MST encerra 9ª turma do Curso Pedagogia com educadores(as) das escolas do campo

Foram quinze dias de formação com a participação de 120 educadores(as), que atuam nas escolas do campo e em práticas educativas nas áreas de Reforma Agrária
Foto: Equipe de Comunicação do Curso

Da Página do MST

No último domingo (21), ocorreu a finalização das atividades presenciais da 9º turma do Curso Pedagogia do Movimento, que integra as ações do Projeto de Extensão Aperfeiçoamento em Educação do Campo – Programa Escola da Terra na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Foram quinze dias de formação que contaram com a participação de 120 educadores(as), que atuam nas escolas do campo e em práticas educativas nas áreas de reforma agrária.

As atividades da 9º turma foram realizadas em parceria entre a UFRB, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Bruneto (EPAAEB), sendo realizada as atividades nos espaços da Escola Popular no município de Prado na Bahia com a participação de educadores e educadoras de 13 estados.

Vinculado ao Programa Escola da Terra, o 9º Curso de Pedagogia do Movimento contou com apoio da Diretoria de Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Indígena (DIPECEI), vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC).

Foto: Equipe de Comunicação do Curso

Dentre os temas abordados na formação estão: Análise da conjuntura política e agrária e os desafios do momento atual; análise da conjuntura educacional; história do MST; a financeirização e a lógica do capital financeiro na agricultura; impactos do agronegócio no Nordeste e desafios atuais; Reforma Agrária Popular; Agroecologia, cooperação e educação; Literatura e Escrevivências Sem Terra; Pedagogia Socialista; Psicologia Histórico-Cultural; Educação Popular e Pedagogia do Oprimido; Pedagogia do Movimento; MST e educação: Educação de Jovens e Adultos; infância no MST; Escola de Educação Básica no MST; diversidade sexual e de gênero e desafios atuais; e o racismo estrutural e a urgência de uma educação antirracista.

Educadores que participaram da 9 ª turma. Foto: Equipe de Comunicação do Curso

No dia 07 de janeiro ocorreu a Abertura do 9º Curso de Pedagogia do Movimento, momento que contou com a presença da Gestora do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), professora Clarice Aparecida dos Santos. Já no dia 19 de janeiro foi realizada a mesa que tratou do tema: Programa Escola da Terra e da afirmação da política pública de Educação do Campo, com as presenças da Diretora da DIPECEI/SECADI/MEC professora Maria do Socorro Silva; da coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação do Campo (PPGEDUCAMPO) da UFRB; professora Ana Cristina do Nascimento Givigi – Profa. Kiki; do coordenador do setor de Educação do MST, professor Valter de Jesus Leite; e do coordenador do Programa Escola da Terra na UFRB, professor Alex Verdério.

Para Clarice dos Santos do PRONERA, com o Curso de Pedagogia do Movimento vê-se “a renovação e ampliação de lideranças por meio da formação política e pedagógica”. Já Maria do Socorro Silva da DIPECEI/SECADI/MEC, registra sua “satisfação com os momentos que presenciou na formação”.

Ana Cristina Givigi – Profa. Kiki do PPGEDUCAMPO-UFRB, por sua vez, afirma que foram dias de trabalho coletivo e aprofundamento de temas contemporâneos, por meio de debates qualificados com pessoas de todo país que estão nas escolas. “As reflexões de questões vivenciadas na escola do campo como a diversidade sexual e racial, a financeirização da agricultura, a educação de jovens e adultos e educação básica e tantas outras questões pedagógicas, ensinam a universidade que a parceria com o Movimento Sem Terra só tem a nos beneficiar enquanto instituição e fortalecer o projeto da UFRB”.

Lançamento de livros

Foto: Equipe de Comunicação do Curso

Dentre o conjunto de atividades formativas destacam-se ainda, o lançamento dos livros Luanas Negras e Memórias de um menino Sem Terra. Ambas as obras, conectadas ao fazer concreto das práticas educativas no contexto da reforma agrária, anunciam e projetam os desafios e as potencialidades da Educação do Campo nos territórios.

Luanas Negras, uma produção coletiva, conectada ao fazer concreto da Escola Técnica de Agroecologia Luana Carvalho (ETALC), é fruto de um trabalho colaborativo que envolveu o coletivo da Escola, em especial os(as) estudantes das turmas do Curso Técnico em Agroecologia. Sistematizada entre os anos de 2019 e 2022, a obra apresenta elementos e reflexões da luta contra o racismo, contra os preconceitos e na afirmação de uma educação das relações étnico-raciais, em sua perspectiva antirracista e libertadora na Educação do Campo.

Em Memórias de um menino Sem Terra, o autor – Munir Lauer – aborda as vivências na infância, na adolescência e na juventude no contexto da luta pela terra. Em suas páginas a obra evidência a trajetória das crianças Sem Terrinha e desloca para o centro do fazer educativo a identidade e o sujeito infanto-juvenil, o qual integra e protagoniza muito da história de luta e conquistas produzidas nos quarenta anos do MST.

Como desdobramentos do Curso de Pedagogia do Movimento, a turma volta para as escolas e suas comunidades com as orientações para o Tempo Comunidade, que compreendem o reencontro dos(as) educandos com seus espaços de inserção e atuação. Na continuidade das ações destacam-se a efetividade do I Festival Literário do MST: Escrevivências Sem Terra; o trabalho intencional e sistemático com a obra Luana Negras nas escolas do campo e nos demais espaços de inserção; e as ações vinculadas ao Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis do MST.

Tais ações, conectadas ao processo formativo vivenciado na 9º turma do curso têm nas escolas do campo e nas áreas de reforma agrárias diversos espaços na potencialização e qualificação das práticas educativas já realizadas em tais contextos.

*Editado por Solange Engelmann