Mobilização

Mais de 500 mulheres do campo e cidade realizam marcha por direitos, em Curitiba

Ação foi organizada pela articulação Despejo Zero, como parte do Dia Internacional da Mulher. Uma audiência pública também foi realizada no Palácio das Araucárias
As mulheres cobram o direito à moradia e à terra, o fortalecimento das políticas de combate à fome, o acesso à direitos básicos e o enfrentamento à violência. Foto: Juliana Barbosa

Por Setor de comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST

Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres, uma mobilização reuniu mais de 500 pessoas que participaram de marcha pelo centro de Curitiba (PR), na tarde desta quinta-feira (7). Com cartazes, faixas e “gritos de ordem”, a mobilização partiu da praça 19 de Dezembro e seguiu até a praça Nossa Senhora de Salette, no Centro Cívico.

A ação foi organizada pela articulação Despejo Zero, formada em nível nacional por movimentos sociais populares e entidades sociais que lutam pelo direito à terra, moradia e trabalho. As mulheres vieram de diversas comunidades da capital, da região metropolitana, e também do assentamento Contestado, localizado no município da Lapa. 

Foto: Juliana Barbosa 

Após a marcha, cerca de 100 pessoas participaram de uma audiência pública com representantes do poder público local, estadual e federal. Na abertura da audiência, depoimentos de algumas mulheres ilustraram a pauta de reivindicações entregue, em mãos para cada autoridade presente. Entre as lutas centrais estão o direito à moradia e à terra, o fortalecimento das políticas de combate à fome, o acesso à direitos básicos, como energia elétrica de qualidade, e o enfrentamento à violência. 

Juliana Almendro Teixeira, líder comunitária das ocupações 29 de março e Dona Cida, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), e do Movimento Popular por Moradia (MPM), destacou a importância da regularização da energia elétrica em ocupações e comunidades. Ela também enfatizou a luta das mulheres e a importância de garantir direitos, como a moradia. “Eu queria que a sociedade olhasse para as mulheres e dessem seu direito a uma casa, a creche, pois são as mulheres que lutam e que são as lideranças nas comunidade”, comenta a liderança, que vê como positiva a energia das mulheres que lutam pelo direito à moradia e pelo direito de todos. 

Foto: Juliana Barbosa 

O superintendente de Diálogos e Interação Social do Paraná (SUDIS), Roland Rutyna, confirma a continuidade dos esforços para que não haja despejos nos próximos meses. A notícia animou as mulheres que retornaram às comunidades com a garantia de que até maio, mês da próxima audiência pública, vão poder dar atenção a outras demandas das comunidades. 

O fortalecimento das políticas públicas para o combate à fome também entraram no centro do debate. “A gente luta por ampliação das cozinhas que já existem, com equipamentos, e uma nova estruturação das cozinhas que as comunidades têm necessidade de instalar. É a união das companheiras do campo na entrega para fortalecer a agricultura familiar e Reforma Agrária. Por outro lado, as comunidades passam a receber alimentos produzidos por essas comunidades, alimentos saudáveis, agroecológicos”, explica Adriana Oliveira, integrante da coordenação do MST e das Marmitas da Terra, coletivo que preparou as refeições para garantir o almoço de todas as participantes da marcha, servido na praça 19 de Dezembro, 

Valmor Luiz Bordin, superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento do Paraná (CONAB-PR), ressaltou a importância das cozinhas comunitárias e a vitória do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) direcionado para estes espaços. “o PAA cozinhas está acontecendo em Curitiba e Londrina  e é importante que as lideranças femininas observem bem as diretrizes do decreto para poderem acessar o programa”. 

Sobre a ouvidoria urbana para mediar os conflitos das ocupações junto ao Governo Federal, Roberto Fragoso garantiu que segue organizando junto aos Ministério das Cidades a criação desse canal de comunicação. Ele aproveitou a oportunidade para destacar os programas sociais, lançados por Lula neste mês de março, como o uso de imóveis da União sem uso, que serão destinados para moradia e o Programa de Cozinha Solidária. 

Também participaram da audiência, Roberto Fragoso, representante do Governo Federal; o desembargador Fernando Prazeres; o presidente da Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná; Beatriz Fruet de Moraes, Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Paraná e representante da Corregedoria Nacional de Justiça; o superintendente regional do Incra no Paraná, Nilton Bezerra Guedes; a vereadora Giorgia Prates; a professora Josete e o deputado estadual Renato Freitas. 

A mobilização foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), Frente de Organização dos Trabalhadores (FORT), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), União de Moradores e Trabalhadores (UMT), Comunidade Pontarolla, Comunidade Tiradentes II, assentamento Contestado, Britanite, Comunidade Graciosa – Pinhais, Vila União, Instituto Democracia Popular (IDP), Vila Domitilla, além do MST, MPM e Marmitas da Terra. 

Coletivo Marmitas da Terra no preparo das refeições para as mulheres participantes da marcha desta quinta-feira (7). Foto: Leonardo Henrique 

Ações em todo o Paraná nesta sexta-feira

O Dia Internacional das Mulheres, celebrado nesta sexta-feira (8), traz para o mês de março o foco das mobilizações e atividades pelo fim da violência de gênero e pelos direitos femininos. No Paraná, marchas, formações, audiências e assembleias estão sendo preparadas por mulheres de movimentos populares, sindicatos e coletivos locais, em todas as regiões do estado. 

As camponesas do MST no Paraná somam suas iniciativas à Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que ocorre em todo o Brasil, com o tema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”. As mulheres Sem Terra trazem no centro da pauta a luta contra as violências e também pela conquista da Reforma Agrária. 

A Frente Feminista puxa a marcha unificada, com concentração a partir das 15h na Praça Santos Andrade, centro da capital. O lema “Por uma cidade que nos mantenha viva, e um território que nos pertença” reivindica espaços seguros, direitos iguais e oportunidades justas.

Também estão previstas ações em Rio Bonito do Iguaçu, com marcha a partir das 13h30, e audiência pública a partir das 15h, com previsão de 400 mulheres do MST e representantes da APP Sindicato e das prefeituras da região. Também ocorrem ações em comunidades do MST de Guarapuava e Pinhão. 

Em Ivaiporã, região Centro-oeste, será realizada uma marcha até a delegacia local, trazendo a denúncia das violências contra as mulheres, a partir das 9h. A previsão é de participação de cerca de 260 mulheres do MST, Sindicato dos Trabalhadores e APP Sindicato.

Na região Oeste será realizado um encontro de aproximadamente 150 mulheres Sem Terra e urbanas, em Cascavel. A atividade ocorre na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Cascavel e Região (Sintrivel), ao longo de todo o dia. 

Em Francisco Beltrão, na região Sudoeste, esta prevista uma marcha e espaço de formação entre as Mulheres de movimentos populares e sindicatos do campo e da cidade. 

Na região Norte, será realizada uma marcha, com saída prevista para às 7h30, do aeroporto até a praça da Igreja Matriz de Porecatu. 

*Editado por Solange Engelmann